Da mesma maneira que os números das últimas pesquisas acenderam um alerta para Jair Bolsonaro (sem partido), cuja queda nas intenções de voto poderia levá-lo a ficar fora de um eventual 2º turno.
A rejeição de Lula (PT), junto com a queda de Bolsonaro, pode levar o petista a se tornar desnecessário eleitoralmente e fortalecer uma terceira via, com Ciro Gomes (PDT), por exemplo.
Para grande parcela do eleitorado, Lula se tornou necessário com o objetivo de conter o bolsonarismo. O atual presidente dá mostras de não ter limites em sua escalada autoritária, inclusive envolvendo as Forças Armadas nesse processo.
Para muitos, que temem pela democracia, Lula é a chance de "combater fogo com fogo e evitar um mal maior", apesar de não ser tão querido por esses eleitores. Gostando ou não dele, o ex-presidente preservou a instituição e a democracia nos oito anos em que esteve no poder. Na cabeça desses eleitores, o PT é ruim, mas não tão ruim quanto Bolsonaro.
A ideia vale enquanto Bolsonaro for uma ameaça. Mas, e se ele deixar de ser? E se ele não tiver força suficiente para ir a um 2º turno, que é o cenário atual. Lula continua sendo necessário? Para o que?
A hipótese da polarização majoritária obedece à necessidade de que os dois polos tenham a mesma força.
Hoje a rejeição aos dois lados é muito alta e ultrapassa 50%, em média. Quem rejeita Lula, atura Bolsonaro porque é o único capaz de vencer o petista. O mesmo vale para o eleitor que atura Lula.
Mas, e se ele não precisar aturar ninguém porque um dos dois deixou de ameaçar? Ciro Gomes quer estar em evidência caso isso aconteça.
É por isso que Lula, satisfeito com sua intenção de voto até agora, começou uma campanha para diminuir a rejeição.
Se não conseguir fazer isso, pode se tornar desnecessário. E, já que escapou da cadeia, voltar para a aposentadoria.