A velha frase sobre a mulher de César ter que parecer honesta não é um pressuposto político por aqui. Infelizmente, é possível sobreviver na política sendo reconhecidamente desonesto no Brasil.
Só não dá para cantar a própria honestidade, confiando na ignorância do povo.
O brasileiro não se importa por não ter conhecimento sobre um assunto e até admite a própria ignorância. Sente-se até mais humilde fazendo isso.
Só não gosta de ser chamado de burro.
Uma coisa é eu admitir que não entendo, outra coisa é você usar isso pra me agredir.
Quando Bolsonaro dizia que era honesto e nada se tinha contra ele de expressivo, o brasileiro concordava em acreditar.
Quando os indícios começam a surgir e vão se tornando cada vez mais materiais, como as gravações de familiares do presidente apontando ele como chefe de uma quadrilha que desviava dinheiro do pagamento de gabinetes, por exemplo, fica mais difícil manter o discurso.
Se continuar falando em ser incorruptível ou em não ter casos de corrupção no governo, transforma tudo em zombaria.
O presidente foi se desfazendo de seu alicerce ao longo dos anos.
Na campanha, era liberal, combatia a corrupção e execrava o fisiologismo. Em 30 meses, implodiu todos esses discursos.
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De um tempo para cá, sustentava algum capital político com a imagem de "resistência moral acuada pelos bandidos de Brasília".
Cada vez mais, percebe-se que ele é da quadrilha.