A situação de Lula (PT) é confortável, mas não é. É como se ele tivesse um caminho tão limpo pela frente, mas tão limpo, que chega a ser insosso e inodoro.
Num mundo em que os nossos sentidos físicos são tão importantes, quando algo não tem cheiro e nem gosto, ninguém sabe o que ele é.
Daí surgem as surpresas.
O petista teme não ser mais necessário, caso Bolsonaro se torne, de fato, inviável. E isso está próximo de acontecer. Por isso, tem se apoiado em sua própria bancada de deputados e senadores, com quem se encontrou esta semana, e em figuras à esquerda que, por causa das peculiaridades locais, dependem da imagem dele para ter alguma chance.
Paulo Câmara e o PSB estão nesse segundo grupo. E a dependência desse arranjo mostra-se cada vez mais crítica.
O encontro do ex-presidente com o governador de Pernambuco, há alguns dias, é uma aproximação que acontece há alguns meses e vem se tornando mais necessária para os dois lados.
Para Lula é um tipo de seguro, uma garantia de competitividade nacional, mesmo que o centro não lhe apoie.
Para o PSB, a popularidade de Lula é uma ferramenta local de sobrevivência que garante a um candidato desconhecido a chance de ser eleito governador no próximo ano.
E isso parece cada vez mais necessário, já que o único nome socialista com algum argumento e apelo próprio, embora familiar, para chamar atenção na disputa é João Campos, que não tem idade pra isso.