Com aulas remotas por causa da pandemia, escolas estão se reinventando

Na próxima quinta-feira (04) completa um mês de aulas virtuais nas escolas privadas de Pernambuco. Entre acertos, erros de dificuldades, todos estão se adaptando à nova realidade
Margarida Azevedo
Publicado em 31/05/2020 às 11:39
Ágatha Moreira, aluna do 3º ano do Ginásio Pernambuco, tenta se adaptar à nova realidade de aulas virtuais Foto: Acervo pessoal


Completa um mês, esta semana, o início da rotina de aulas remotas para a maioria dos alunos e professores de escolas privadas de Pernambuco. Na rede pública estadual, o formato vem sendo adotado há quase dois meses, enquanto a rede municipal do Recife promete começar atividades nos próximos dias. Acostumados a aulas presenciais, todos estão ainda se adaptando à nova realidade educacional, causada pela pandemia do novo coronavírus. Entre acertos, erros e dificuldades, ainda persistem muitas dúvidas. Dia a dia, a escola, agora totalmente virtual, está sendo obrigada a se reinventar.

“O mais desafiador, em minha opinião, é criar as estratégias de aprendizagem online, ao mesmo tempo em que já se está aplicando as aulas. Como este novo modelo não foi uma opção das escolas, mas sim uma situação emergencial, não houve tempo para a formação dos professores e alunos para operar nesta modalidade. Tudo está sendo feito de uma vez só”, observa a professora e pesquisadora do Programa de Pós-graduação em Educação Matemática e Tecnológica do Centro de Educação da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Patricia Smith.

“Estamos vendo nascer uma outra forma de aprender e ensinar que não é a modalidade presencial, mas também não é a educação a distância clássica. É uma pedagogia flexível que centra foco nas condições atuais do estudante em aprender, e nas possibilidades atuais das escolas operarem”, destaca Patrícia.

“Apesar das dificuldades, acertos e ajustes, esse momento tem sido de grande aprendizado para a comunidade escolar como um todo e boas lições de inovação vão ficar para o ensino presencial, quando tudo isso passar. Acredito que a educação será mais híbrida”, complementa.

REALIDADES

Enquanto muitos pais estão angustiados se o ano letivo dos seus filhos está perdido – em Pernambuco as aulas presenciais estão suspensas desde 18 de março e devem permanecer pelo menos até o fim de junho – a professora universitária Carla Borba diz que neste momento o que importa é seus três filhos estarem bem. “Conteúdo é algo que não me angustia. Prefiro tê-los emocionalmente bem. Estamos fazendo o que é possível”, diz Carla. Os meninos, com idades de 11 (gêmeos) e 14 anos, estudam em uma escola privada do Recife e assistem a aulas todas as manhãs.

Para Jordana Garcia, 37, a preocupação é com a filha mais velha, de 6 anos, que está sendo alfabetizada. “Evidente que as aulas remotas não têm o mesmo efeito que as presenciais. Mas melhor assim do que ficar parada. Percebo um esforço grande dos professores. O ruim é que minha filha, por causa da idade, não tem autonomia para ficar sozinha. Então eu e meu marido nos revezamos para acompanhar a aula. Se não, ela não presta atenção o tempo todo”, conta Jordana. A menina também estuda num colégio particular da capital.

DIFICULDADES

"A internet da minha casa é ok. Dizer que é boa é uma palavra forte. Trava algumas vezes. Uso notebook não tão moderno, mas melhor que nada. Meus professores têm enviado material. Uma das dificuldades é conseguir me concentrar pois divido quarto com minha irmã e uma sobrinha. Estou me esforçando, estudando todos os dias e acompanhado as aulas do Educa-PE pelo Youtube”, diz Ágatha Moreira, 16 anos, do 3º ano do Ginásio Pernambucano, escola da rede estadual que fica no Centro do Recife.

Na casa de Tatiana Lima, uma palafita fincada no bairro do Pina, Zona Sul do Recife, o desafio é dar estrutura para os três filhos (15, 12 e 4 anos) estudarem. Os mais velhos são da rede estadual. “É ruim não ter aula, mas com a pandemia é o jeito. Só tem meu celular para os dois mais velhos responderem as tarefas que a escola manda. De manhã, um usa e à tarde, o outro. Tem hora que eles preferem jogar, mas mando fazerem as atividades”, afirma Tatiana. A caçula passa a maior parte do tempo desenhando. “Pode ser do jeito que for, mas estudo é importante. Digo sempre a eles que é o que pode melhorar a vida deles no futuro.”

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