A Escola de Referência em Ensino Fundamental e Médio (EREMFM) de Fernando de Noronha teve o seu primeiro dia de aulas presenciais nesta terça-feira (22). As aulas estavam suspensas desde março, por causa do coronavírus e o retorno dos alunos se dará de forma gradual. Por enquanto, apenas as turmas do ensino médio estão de volta à escola - o primeiro ano com aulas pela manhã, o segundo ano à tarde e o terceiro ano no turno da noite. A EREFM é a primeira escola do estado a reabrir.
Estar de volta depois de quase seis meses é animador, segundo os alunos. Estudando remotamente, com a tela do celular como sala de aula e o contato com os professores apenas por vídeo ou por áudio, Andrezza Beatryz, 18 anos, aluna do 1º ano, contou que o retorno superou as expectativas dela. "Eu sou presidente do Grêmio Estudantil, fiz parte do comitê para a retomada das aulas e confesso que que minhas expectativas estavam bem baixas. Sendo que, tanto na última reunião, quanto agora eu percebi que está tudo muito seguro", disse.
Também aluna do EREMFM, Taísy Lorrayne, 17 anos, está no 2º ano. Na opinião dela, a volta das aulas acontece em momento adequado para a realidade da Ilha. "Na minha opinião sim [era hora de voltar]. Claro que com todos os cuidados, também porque aqui na Ilha temos uma realidade bem diferente do continente. Não via a hora de voltar, na verdade, porque eu prefiro a dinâmica das aulas presenciais", disse.
A turma de Andrezza tem 25 alunos e 23 voltaram à escola nesta terça. Segundo ela, ninguém da turma teve a covid-19 até o momento. A administração da Ilha informou que todos os alunos que foram a escola receberam um novo kit escolar e orientação dos gestores em relação ao protocolo de segurança.
Já a turma de Taísy tem 21 alunos, mas ela também afirmou que ninguém contraiu a doença causada pelo coronavírus. Neste retorno, inclusive, se sentiu segura. "A equipe escolar está tomando todos os cuidados necessários e incentivando nós, alunos, a fazer o mesmo", disse Taísy.
O protocolo obedece distanciamento e higienização. Ao chegar na escola, os alunos aguardaram a entrada nas marcações indicadas no chão. Na medida em que entravam, tinham a temperatura aferida, recebiam orientações sobre o protocolo e eram direcionados ao totem de álcool gel para fazer a devida higienização das mãos. Na sala de aula, respeitaram o distanciamento adequado entre as cadeiras. Além desses cuidados, o refeitório também teve sua estrutura modificada com os bancos marcados.
"Fiquei muito surpresa porque a escola estava totalmente preparada, segura de todas as formas possíveis. Me confortou porque eu estava com medo de voltar, acabar contraindo o vírus, trazendo para casa. Mas estava tudo bem pensando e a gente manteve o distanciamento", relatou Andrezza.
Depois do ensino médio, será a vez dos alunos dos anos finais do ensino fundamental, que devem estar de volta no dia 29 de setembro e dos anos iniciais, aguardados em aulas presenciais no dia 6 de outubro.
“Iniciar a retomada das aulas por Noronha é uma responsabilidade muito grande, mas aos mesmo tempo é motivo de orgulho pela situação que a Ilha vive atualmente. As nossas últimas semanas foram de muitas expectativas e muito trabalho. Para receber os alunos, a equipe trabalhou em conjunto com muita dedicação na preparação dessa nova estrutura. A recepção dos estudantes foi muito emocionante pois observamos a recompensa de todo o esforço da equipe para trazê-los de volta” disse a superintendente de Educação, Rúbia Uchoa.
O tempo longe das salas de aulas presenciais foi desafiador para Andrezza. Estudando pelo celular e em isolamento, uma hora faltou motivação. "Nosso desempenho estava complicado, estudando pelo telefone. Não foi por falta de qualificação dos professores, sempre tentando fazer o máximo, por vídeo, áudio, tudo para a gente aprender, mas estava complicado por causa do isolamento, da pandemia, nossa cabeça estava a mil. Faltava concentração, não estava conseguindo fazer as atividades, não aprendia tão bem o conteúdo como na aula presencial. Eu comecei as aulas remotas fazendo todas as atividades, então teve o recesso e depois voltei menos motivada. Continuei fazendo, tentando aprender, mas nada entrava na minha cabeça", contou.