Com medo do retorno de aulas presenciais, professores da rede particular de Pernambuco farão assembleia para decidir sobre greve

A assembleia será realizada virtualmente na próxima quarta-feira (30)
Carolina Fonsêca
Publicado em 25/09/2020 às 16:00
O Fundeb financia a educação básica no país Foto: FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM


Um dia depois de os professores de escolas públicas de Pernambuco deliberarem pelo estado de greve, se opondo ao retorno das aulas presenciais, o Sindicato dos Professores da Rede Particular (Sinpro), informou que fará uma assembleia virtual com a categoria, na próxima quarta-feira (30), para discutir sobre o mesmo assunto. Já sinalizando que não concordam com o retorno das aulas presenciais, os professores das escolas privadas também podem decretar greve. 

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De acordo com o decreto do governo de Pernambuco, as aulas presenciais retornam para as turmas de 3º ano do Ensino Médio a partir do dia 6 de outubro. 

Segundo Helmilton Bezerra, presidente do Sinpro, a diretoria executiva do Sindicato se reuniu, aprovou a pauta de estado de greve e está analisando com a equipe jurídica que instrumentos poderão ser usados neste sentido. Neste sábado (25), haverá uma nova reunião, desta vez com o pleno do Sinpro, reunindo representantes de todo o Estado, para tratar da mesma pauta, antes de levá-la para a categoria, na próxima quarta-feira. 

Helmilton afirma que, por meio de pesquisas internas e conversas com os professores, identifica que a categoria "tem o mesmo sentimento da sociedade, como já foi mostrado em pesquisas, como a do Datafolha", se referindo a uma pesquisa divulgada no último 17 de agosto, mostrando que, para 79% dos brasileiros, a reabertura das escolas no país pode agravar a pandemia do novo coronavírus

Segundo o Sinpro, os professores temem que voltar às salas de aula resulte em proliferação da covid-19. "Temos receio da retomada, observando essa insegurança país à fora. Podemos manter as aulas remotas, a categoria avançou muito no entendimento dessa modalidade desde maio, dando aulas remotas, garantindo ao aluno a educação mesmo com toda a dificuldade", afirmou Bezerra. 

Representante das escolas particulares, o Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de Pernambuco (Sinepe), afirmou que vai aguardar o andamento dos fatos. "Nós estamos tomando conhecimento e vamos aguardar o andamento dos fatos. Você está me colocando a notícia e a gente aguarda, estamos avaliando e vendo o encaminhamento que vamos dar. Por hora, só isso", disse José Ricardo Diniz, presidente do Sinepe. 

Outro ponto levantado pelo presidente do Sinpro foi a "falta de linearidade" nas escolas particulares, em relação as condições que as instituições tem de cumprir os protocolos exigidos para a reabertura, mesmo que gradual. "Não existe linearidade na rede privada. Nem todas as escolas conseguem cumprir o protocolo. Há escolas privadas nas periferias, conversando com uma diretora de uma escola pequena, ela me disse que não consegue cumprir a exigência do distanciamento de 1,5 m de tão pequena que é a estrutura. O protocolo é uma ideia, mas a realidade das escolas vai ser bem diferente", disse Helmilton.  

Diniz garantiu ainda que o Sinepe defende que apenas as escolas que estão prontas para voltar, retomem as aulas presenciais. "O sindicato [Sinepe] defende que as escolas devem voltar estando prontas, de acordo com os protocolos, desde o primeiro momento. Para nós o critério é o da prontidão para a volta. Quem estiver pronto, volta. Esse é o nosso princípio. Com relação aos professores, o que adiante é que temos uma convenção que foi discutida, avaliada, já dentro da modalidade remota e vamos aguardar os acontecimentos", acrescentou.

No último domingo, (20), pais que defendem o retorno das aulas presenciais nas escolas de educação básica de Pernambuco realizaram um ato no bairro de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, para pressionar pela reabertura das escolas. 

 

 

 

 

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