Após quase 7 meses e uma briga judicial, estudantes do 3º ano voltam às aulas presenciais em escolas privadas de Pernambuco

Nesta manhã, algumas escolas do Recife abriram as portas apenas para concluintes do ensino médio, enquanto outras vão esperar até o dia 13 de outubro, na terça-feira
Margarida Azevedo
Publicado em 09/10/2020 às 7:51
No Colégio Fazer Crescer, a expectativa é de receber 20 alunos nesta sexta Foto: WELINGTON LIMA/JC IMAGEM


Cerca de 10 mil alunos do 3º ano do ensino médio das escolas particulares de Pernambuco podem escolher voltar às aulas presenciais nesta sexta-feira (9), após a liminar que proibia a reabertura das escolas ter sido cassada pelo Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região (TRT6). Por outro lado, um acordo entre professores da rede estadual e o governo de Pernambuco mantém a suspensão até, pelo menos, 21 de outubro. Nesta manhã, algumas escolas do Recife abriram as portas, enquanto outras vão esperar até o dia 13 de outubro, na terça-feira.

Cabe a cada colégio privado decidir a data de volta dos concluintes. Os colégios Fazer Crescer, Santa Maria e Madre de Deus, no Recife, e Dom, em Olinda, informaram que vão funcionar nesta sexta-feira (09). O Equipe, Damas, GGE, Cognitivo e CBV permanecerão fechados hoje. A partir do dia 13 podem retomar os adolescentes do 2º ano e do dia 20 os estudantes do 1º ano. Permanecem sem previsão de voltar ao ensino presencial os alunos da educação infantil e do ensino fundamental.

A unidade de Boa Viagem do Colégio Santa Maria tem 210 alunos de terceiro ano matriculados. A direção organizou para que, a cada dia, a metade desse total possa ir até a escola, enquanto os outros alunos continuarão assistindo às aulas de casa. A expectativa de retorno nesta sexta é de 70% a 80% dos estudantes, por, segundo o coordenador do ensino médio Rodrigo Martins, ter sido "pouco tempo para avisar às famílias que teria aula".

A Justiça do Trabalho suspendeu a volta das aulas na rede privada na segunda-feira (5), um dia antes da data de reabertura das escolas. Para Maria Clara Barroso, 17, a decisão trouxe frustração e choro, porque já estava preparada para voltar. Quando questionada qual foi o sentimento nessa quinta-feira, quando a liminar foi derrubada, ela relata: "foi de muita alegria, explodi de felicidade, inclusive chorei hoje me arrumando pra vir para a escola, porque estava com muita saudade, estou muito feliz em voltar", disse a fera de medicina.

A diretora do Santa Maria, Rosa Amélia Muniz, expõe que a unidade está preparada para o retorno. “Estamos preparados para receber todos os nossos alunos, da educação infantil ao ensino médio. A afetividade, a rotina, a socialização são melhores no ensino presencial, apesar do ensino remoto estar funcionando bem", disse.

No Colégio Dom, em Casa Caiada, Olinda, dos 31 estudantes que informaram à escola que queriam o ensino presencial, só quatro compareceram às aulas nesta sexta-feira. No total, há 114 alunos do 3º ano do ensino médio. A coordenação também fez um rodízio de alunos, dividindo-os em dois grupos: um vai na segunda, quarta e sexta, enquanto o segundo vai na terça, quinta e sábado. O grupo que fica em casa assiste às aulas pela internet.

Já o Colégio Fazer Crescer, no Rosarinho, Zona Norte do Recife, começava a receber os primeiros alunos por volta das 7h. Funcionários e professores já haviam chegado e aguardavam pelos concluintes. As aulas devem acontecer normalmente, até às 13h15. Cerca de 20 alunos são esperados.

Só a partir de terça-feira (13) estão liberados a retornar, conforme o cronograma do governo estadual, os estudantes do 2º ano do ensino médio. Para os adolescentes do 1º ano a volta vai ser permitida na semana seguinte, em 20 de outubro.

Queda de liminar

O desembargador Valdir Carvalho acolheu os argumentos da Procuradoria-Geral do Estado e tornou sem efeito a decisão do juiz da 12ª Vara do Trabalho do Recife, Hugo Cavalcanti Melo Filho, que havia suspendido, na última segunda-feira (5), o retorno das atividades presenciais. A ação foi movida pelo Sindicato dos Professores da Rede Particular de Pernambuco (Sinpro-PE), com a justificativa de que a pandemia ainda oferece risco à comunidade escolar.

O presidente do Sinpro, Helmilton Bezerra, assegura que a entidade vai recorrer da decisão. "Ainda não fomos notificados. Nosso setor jurídico já está mobilizado para atuar e identificar que recurso poderemos apresentar. Continuamos em estado de greve." A notícia chegou à direção do Sinpro no fim da tarde, no momento da negociação com os donos de escola.

A queda da liminar foi comemorada pelo presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino de Pernambuco, José Ricardo Diniz. Mas ele diz que a luta na Justiça continua para conseguir a liberação das aulas presenciais para educação infantil e ensino fundamental.

"Desde o primeiro momento sabíamos que nem todas as escolas voltariam de uma vez. Mas queríamos ter o direito de retornar. E esse direito foi restaurado com a decisão do TRT", destacou. "Continuaremos buscando que se estabeleça também um cronograma para a volta dos outros segmentos da educação básica", afirmou.

REDE ESTADUAL

A greve dos professores da rede estadual, deflagrada há três dias (começou na terça), foi suspensa nesta quinta-feira. A categoria aprovou, em assembleia, interromper a paralisação. Mas a interrupção foi encerrada com a condição de o governo estadual garantir que não retornará as aulas presenciais na rede estadual até 20 de outubro, mesmo que a Justiça autorize.

Segundo o presidente do Sintepe, Fernando Melo, a proposta de não retorno até o dia 20 foi feita pelos secretários de Educação, Fred Amancio, e Administração, Marília Lins, durante negociação com a direção do sindicato, antes da assembleia. Com a presença de 1.100 profissionais no ambiente virtual, a proposição foi aprovada por 78% dos docentes.

Foi acordado também que em cada Gerência Regional de Educação (GRE) haverá uma comissão para conferir, na semana que vem, se as unidades de ensino estão em condições de cumprir o protocolo para retorno. Uma nova assembleia foi marcada para o dia 19, quando os docentes decidirão se concordam em voltar ao trabalho presencial.

A rede estadual tem cerca de 290 mil alunos no ensino médio. Desses, 91 mil puderam voltar para a escola na última terça-feira. Mas uma decisão judicial, a partir de uma ação movida pelo Sintepe, mandou que o retorno fosse suspenso.

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