Em um mês, Sintepe contabiliza 89 casos de covid em 37 escolas estaduais de Pernambuco

Levantamento detalhado dos casos, recebidos por meio de denúncias, foi repassado para a Secretaria Estadual de Educação, que preferiu não comentar as informações
Margarida Azevedo
Publicado em 25/11/2020 às 20:56
Escolas da rede estadual foram preparadas para retorno do ensino presencial, iniciado em 21 de outubro Foto: WELLINGTON LIMA/JC IMAGEM


Em um intervalo de um mês de retorno das aulas presenciais nas escolas de ensino médio da rede estadual de Pernambuco, entre 26 de outubro e a última terça-feira (24), o Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco (Sintepe) recebeu denúncias de 89 casos suspeitos ou confirmados de covid-19 entre alunos e profissionais de 37 colégios de 18 municípios pernambucanos. Também na Gerência Regional de Educação Metropolitana Sul. Mas a entidade acredita que esse número é maior pois diariamente chegam novos relatos de casos de pessoas da comunidade escolar infectadas pelo novo coronavírus.

Na Escola Técnica Estadual Arlindo Ferreira dos Santos, localizada em Sertânia, no Sertão, uma das que fazem parte da lista, as aulas presenciais, suspensas desde a última terça-feira (24), não têm data prevista para voltarem. Lá são 21 casos suspeitos (pelo menos 10 confirmados), segundo informações de professores da escola. A Secretaria Estadual de Educação não confirmou esse número. 

"Com certeza a quantidade de casos na rede estadual é maior pois não param de chegar denúncias. O cenário de uma manhã não é o mesmo do período da tarde ou do dia seguinte. Sempre que possível enviamos um representante do Sintepe até a escola para confirmar a informação. O clima entre os profissionais é de muita apreensão. Professores estão trabalhando preocupados", destaca uma das diretoras do Sintepe, Ivete Caetano.

A relação detalhada com os 89 casos, especificando nome da escola, quantidade de infectados, cidade, segmento que o doente pertence (aluno, professor ou funcionário) e a data de recebimento da denúncia pelo Sintepe foi encaminhada, por meio de um ofício, para o secretário estadual de Educação, Fred Amancio, na última terça-feira. A secretaria informou que não iria comentar os dados do Sintepe.

MEDO

Na Escola Estadual Erem Simon Bolivar, localizada no Curado 2, em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife, o Sintepe registrou sete pessoas infectadas, sendo quatro trabalhadores e três alunos. "Suspenderam aulas presenciais para duas turmas do 3º ano. A informação que temos é de nove estudantes da escola doentes. Estamos com medo, angustiados. Os alunos chegam de máscara, mas nem sempre permanecem usando, não respeitam distanciamento", relata uma professora que pediu anonimato.

Na Erem Cândido Duarte, que fica em Apipucos, Zona Norte do Recife, um professor reclama que os gestores estão sendo orientados a não divulgarem os casos. "Ficamos sabendo que um aluno e uma funcionária da biblioteca estão com covid. Só houve o comunicado depois que o Sintepe cobrou a informação", afirmou um docente, também sem se identificar com medo de represália.

SERTÂNIA

Na ETE Arlindo Santos, de Sertânia, 24 profissionais que fizeram teste no início da semana passaram por novos exames nesta quarta-feira (25). Equipes da Secretaria Estadual de Saúde estiveram nas residências deles para fazer o teste PCR. Só após os resultados desses exames, previstos para saírem até segunda-feira, a Secretaria de Educação anuncia quando haverá retorno das aulas presenciais. Menos de 10% do total de alunos matriculados (448 estudantes) optaram pelo retorno presencial. 

PROTESTO

Nesta quinta-feira, os professores e demais profissionais da rede estadual prometem paralisar aulas remotas e presenciais por 24h. A categoria fará um ato público em frente ao Palácio do Campo das Princesas, sede do poder Executivo estadual localizado no Centro do Recife, a partir das 9h. O protesto, realizado pelo Sintepe, reivindica ao Governo do Estado o pagamento do Piso Salarial do Magistério com repercussão na carreira de toda a educação.

Para o Sintepe, o conteúdo do Projeto de Lei 1.720/2020, enviado pelo governo para a Assembleia Legislativa, compromete o Plano de Cargos, Carreiras e Vencimentos dos Trabalhadores/as em Educação, "ao aplicar o Piso do Magistério para apenas 5.611 professores/as e deixar de fora 57.389 professores/as e servidores da educação de qualquer ajuste garantido em lei", diz a entidade.

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