O elogio público que presidente Jair Bolsonaro fez nesta terça-feira (23) ao ministro da Economia, Paulo Guedes, após sua interferência na Petrobrás, torna, a cada dia, mais visível na Economia, aquilo que Roberto Carlos cantou na música Desabafo. Certamente, uma das melhores canções para se “curtir” uma fossa.
“Porque me arrasto aos seus pés/ Porque me dou tanto assim” deve ser perguntar Guedes todas as vezes em que o presidente entra na área do seu ministério e destrói todo o trabalho de meses da equipe que ele convidou, e empenhou seu prestígio pessoal em um projeto que ele anunciava como liberal.
Paulo Guedes também deve se perguntar: “Porque é que eu fico calado/ Enquanto você me diz/ Palavras que me machucam/ Por coisas que eu nunca fiz”.
Todo mundo sabe que Paulo Guedes não quer perder da equipe o presidente do Banco do Brasil André Brandão e que não foi responsável pelo plano de demissão voluntária e fechamento de agências deficitárias. Mas, para mantê-lo teve ouvir palavras muito duras de Bolsonaro. Por enquanto, Brandão ficou no cargo.
O ministro chegou ao Governo apresentado como o "Posto Ipiranga da Economia", com Bolsonaro prometendo não interferi. Ele acreditou. Mas hoje segue a linha “mas se você quer eu quero” e parece “não mais consegue fingir” os problemas dessa relação. Se acostumou com essa convivência embora assuste o mercado.
O caso da demissão do presidente da Petrobras, Roberto Castelo Branco, esta semana certamente acrescentou mais cor na “mecha” de “branco” dos cabelos do ministro. Bolsonaro demitiu o presidente da Petrobras com um Twitter e já nomeou o substituto na mensagem seguinte sem que Guedes tenha sido comunicado previamente ou consultado.
Na questão do auxílio emergencial, Bolsonaro conseguiu ser mesmo “uma ponta a mais nos pesadelos” de Paulo Guedes. O presidente descartou, uma a uma, todas as propostas da equipe.
Inclusive, ameaçou demitir o secretário especial de Fazenda, Waldery Rodrigues, quando ele falou sobre congelamento de aposentadorias e pensões para criar o Renda Brasil, substituto do Bolsa Família.
Depois de dois anos, parece claro que Paulo Gudes “não sabe viver mais sem” Bolsonaro e as broncas do presidente. Mesmo que, às vezes, faça com que ele “se desespere”, e tenha se transformado em “mais que um problema.” Será que a relação entre os dois virou mesmo “uma loucura qualquer?".
Mas, como diz Roberto Carlos, parece claro que Paulo Guedes “sempre acaba em seus braços/Na hora que você [Bolsonaro] quer”. Basta ver a felicidade dele quando o presidente o destacou dizendo que uma das pessoas “mais importantes nessa luta foi o ministro Paulo Guedes”.
No fundo, talvez o ministro tenha se lembrado mesmo da música do Rei fazendo um desabafo para si mesmo: “Não sei viver sem você.”
Vá entender as razões do coração. Eu hein?