Cenário econômico em Pernambuco, no Brasil e no Mundo, por Fernando Castilho

JC Negócios

Por Fernando Castilho
castilho@jc.com.br
Coluna JC Negócios

Empresa pernambucana cria prontuário médico universal mirando faturar R$ 2 bilhões

Empresa criou o Global Health; plataforma se propõe a conectar todos os atores da saúde e ser acessível pelo usuário

Cadastrado por

Fernando Castilho

Publicado em 14/09/2021 às 9:07 | Atualizado em 15/09/2021 às 15:38
Paulo Magnus, presidente da MV Sistemas - DIVULGAÇÃO

Nos filmes de ficção científica, sempre que um personagem entra numa emergência, o hospital acessa o prontuário do paciente obtendo, em tempo real, todas as suas informações médicas históricas e que podem ser decisivas na hora de procedimentos mais invasivos.

Nos últimos anos, a empresa pernambucana MV Sistemas trabalha nessa ideia a partir do conceito de reunir, na nuvem, os diversos prontuários médicos de hospitais que adotam suas soluções de gestão hospitalar de modo que, em algum momento, um médico possa acessar o histórico de um paciente e agir com mais segurança. A empresa chamou isso de Global Health.

A plataforma se propõe a conectar todos os atores da saúde, colaborando no avanço do cuidado individual, por profissionais e instituições, com o foco na medicina preventiva, com a segurança de retaguarda histórica.

A proposta é automatizar processos repetitivos e burocráticos através de RPA (Robotic Process Automation), ter o histórico do paciente na palma da sua mão com o receituário eletrônico já prescrito, acesso a visualização de imagens médicas de exames já realizados, o que leva a prescrição médica eletrônica, orientando o paciente sobre a dosagem de medicações, frequência e o motivo usado para tratamento de seu caso clínico. Numa emergência, portanto, todo o banco de dados sobre a pessoa vai ajudar na segurança dos procedimentos a serem adotados.

O Global Health ainda é um projeto em estruturação. Isso será, incialmente possível, nos clientes da MV Sistemas, em redes de hospitais que já aditaram suas rotinas integralmente eletrônicas que já possuem esse banco de dados.

Aqui no Recife, por exemplo, o Hospital Unimed III, da Unimed Recife - que tem todas as suas rotinas já automatizadas  - poderia se beneficiar na conectividade possível no Global Health quando as outras unidades da cooperativa de saúde também fecharem sua automação integral.

O Hospital Unimed Recife III entrou para a história da Saúde no Brasil em 2016, quando obteve o certificado de Hospital Digital Healthcare Information and Management Systems Society (HIMSS), no mais alto nível de tecnologia da informação clínica.

Hospital Unimed |Recife III totalmente informatizado com os sistemas da MV - DIVULGAÇÃO

A MV Sistemas é a maior empresa brasileira de gestão em rotinas de saúde em 2.500 unidades usuárias na América Latina e África. Esses sistemas atendem a 213 mil médicos e entre 578.400 profissionais usuários.

A companhia liderada pelo empresário Paulo Magnus tem hoje 1.700 funcionários e prevê um faturamento de R$ 2 bilhões nos próximos cinco anos, multiplicando por cinco os R$ 400 milhões de 2020. Ela acredita que o Global Health, em algum momento no futuro, será padrão.

Em tese, todos 1.000 clientes, que já comparam os serviços da companhia em 11 países, poderiam ser candidatos usar o Global Health. Operadoras de planos de saúde também estão interessadas em função da perspectiva de seus contratos.

No futuro distante, o próprio SUS - que já consegue ter unidades próprias mais automatizadas - poderá se conectar aos hospitais conveniados dentro desse tipo de plataforma de prontuários universal, ampliando as possibilidades de uso do sistema.

Soul MV Hospitalar

Enquanto isso, a MV vai trabalhando em sistemas que cuidem de automação dentro de cada hospital. Seu principal produto é o Soul MV Hospitalar.

O Soul MV é um sistema que, essencialmente, cuida das contas do hospital. Primeiro, na hora da compra de medicamentos, serviços e até alimentos, detalhando o uso preciso do estoque, e na outra aponta cuidado no faturamento.

Na média, segundo a empresa, a implantação do Soul MV assegura uma redução das compras de 18%, enquanto amplia o faturamento em 20%. A proposta é comprar bem, para cobrar melhor.

Esse tipo de proposta acaba levando a que o hospital não cuide apenas do almoxarifado ou do contas a receber, mas de todas as rotinas do hospital, da recepção à alta do paciente.

Hospital Mater Dei adotou à MV para implantar melhorias na área clínica e administrativa - Divulgação

Segundo Jeferson Sadocci, diretor corporativo comercial da MV, a proposta da companhia é essencialmente oferecer uma plataforma em Gestão de Saúde e 100% integrada. Isso ajuda no relacionamento dos hospitais com as operadoras de planos de saúde, que podem auditar cada procedimento cobrado.

“O Soul MV funciona como uma porta de entrada para outras áreas do negócio de saúde”, diz o executivo. A empresa também tem um outro sistema desenvolvido para as operadoras de saúde, o Soul MV Operadora.

Líder de mercado, com maior atuação em hospitais de alta complexidade, a base instalada da MV Sistemas foi decisiva por ocasião da chegada da epidemia do coronavírus, especialmente na testagem, desenvolvimento e adoção da telemedicina.

Jeferson Sadocci, diretor Corporativo Comercial da MV - DIVULGAÇÃO

Segundo Sadocci, o Brasil avançou ao menos cinco anos na adoção da telemedicina e os sistemas da MV ajudaram a dar o suporte tecnológico. Foi uma oportunidade de quebrar paradigmas. O home office na área médica funcionou para médico e paciente eliminarem resistências, acredita.

A partir da pandemia da covid-19, o Global Health passou de uma ideia a uma possibilidade. A MV vem crescendo ano após ano e sua base de clientes já está espalhada pelo Brasil e América Latina. Sua expansão praticamente impediu a entrada das concorrentes americanas e europeias por serem 30% mais baratos na conta final.

Pelas contas da companhia, o faturamento de R$ 1 bilhão será possível porque o próprio crescimento do uso da internet cresceu exponencialmente.

Para Jeferson Sadocci, o enfrentamento da covid-19 e os seus custos obrigaram os hospitais a reverem todos os procedimentos, especialmente no controle dos custos. E quem não tinha retaguarda pode ter que enfrentar novos desafios na hora de cobrar isso dos operadores de planos de saúde e do próprio SUS.

Hospital Unimed |Recife III totalmente informatizado com os sistemas da MV - DIVULGAÇÃO

Tags

Autor

Veja também

Webstories

últimas

VER MAIS