Esqueça o impacto do projeto de redução do ICMS aprovado na noite dessa quarta-feira (13), pela Câmara Federal, nos preços dos combustíveis na bomba. O desejo de reduzir o valor do preço final da gasolina, do óleo diesel e do etanol passa a quilômetros de distância do verdadeiro objetivo do presidente Câmara, Arthur Lira.
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O placar de 392 votos a 71 deve preocupar mais ao presidente Jair Bolsonaro o que Lira pode fazer ao seu governo do que a concessão de um discurso contra os governadores.
Certo. Lira, com esse placar, diz ao eleitor que a questão está com os estados que podem, ou não, judicializar e pagar o custo político. Mas ele entrega a Bolsonaro um novo argumento de que a Câmara está disposta a baixar o preço dos combustíveis e que os governadores não deixam.
Eles dois já vêm dizendo isso mirando as próximas eleições. Os dois acreditam que o eleitor-consumidor vai acreditar que é o ICMS cobrado que aumenta insuportavelmente os preços. E desconsideram a capacidade dele de pensar um pouco e se informar melhor e saber que isso não verdade. Mas esse é um bom tema para as redes sociais e Bolsonaro e Lira ganham com isso.
É claro que os governadores vão pressionar no Senado e mostrar pela centésima vez que o discurso de Bolsonaro e Lira é desonesto. Que não é o ICMS cobrado pelos estados que explode os preços na bomba.
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Eles também vão mostrar que é de uma obtusidade córnea essa ideia de vincular a pauta de cobrar o imposto com base numa pauta de dois anos atrás, que não se sustenta.
Mas quem disse que Arthur Lira e Bolsonaro estão interessados nisso? O que vale é a narrativa de que “Olha, eu atuei. Eu procurei uma solução. Os governadores é quem não ajudaram. Cobrem deles.”
Vale para Bolsonaro a nível nacional. Vale para Lira contra Renan Filho, na sua Alagoas. E vale para o deputado Dr. Jaziel (PL-CE), na oposição contra o governador Camilo Santana.
Importa pouco se nos próximos dias a Petrobras reajustar os preços e invalidar a bobagem que querem revogar, por decreto, a lei internacional da oferta e da procura.
Mas Arthur Lira tem outros objetivos. Ele, a cada votação, mostra que literalmente “tem a força”. E não se move por impulso como Eduardo Cunha.
Numa analogia, Lira, numa rinha de galo, seria não o bom, mas o perverso. Aquele animal que no primeiro golpe derrota o adversário.
Vai baixar o preço da gasolina. Nem R$ 0,50 por litro. E se fosse adotado, seria invalidado. Mas isso não conta.
Para Arthur Lira, a votação do ICMS dos combustíveis é uma forma de dizer a Jair Bolsonaro que pode fazer o que quiser na Câmara e isso pode valer para o bem ou para o mal.
E voltando à rinha de galos de briga. Hoje, Jair Bolsonaro é o bom. Mas o perverso é Arthur Lira.