Cenário econômico em Pernambuco, no Brasil e no Mundo, por Fernando Castilho

JC Negócios

Por Fernando Castilho
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Coluna JC Negócios

Nubank vira megabanco oferecendo conta de graça, cartão sem anuidade e ações para seus correntistas

Analistas avaliam que é uma questão geracional. A fintech descobriu o nicho jovem que não aceita ir ao banco, não quer pagar cestas de serviços e paga tudo com o cartão

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Fernando Castilho

Publicado em 19/12/2021 às 7:00 | Atualizado em 19/12/2021 às 9:37
Clientes do Nubank reclamaram de instabilidade - Divulgação/Nubank

O Nubank estreou na Bolsa de Valores de Nova York (NYSE), no último dia 8, valendo US$ 41,7 bilhões, o que na cotação atual equivale a R$ 232,4 bilhões. Foi um marco porque ele passou o valor de instituições como o Itaú e o Bradesco, os dois líderes no país.

O Nubank tem 48 milhões de clientes no Brasil, México e Colômbia, e no seu IPO lançou um inovador programa de micro vendas de suas ações (NuSócios), que oferecia um recibo de ação (BDR) a custo zero para os clientes do banco e atraiu 7,5 milhões de pessoas. Para quem nasceu como fintech, foi extraordinário.

Mas porque o Nubank se tornou um case no mercado financeiro sem ter uma única agência física, conquistando 40 milhões de clientes no Brasil, se apresentando como banco inteiramente digital?

O Nubank estreou na Bolsa de Valores de Nova York (NYSE), no último dia 8, valendo US$ 41,7 bilhões. - Divulgação

Analistas avaliam que é uma questão geracional. A fintech descobriu o nicho jovem que não aceita ir ao banco, não quer pagar cestas de serviços, paga tudo com o cartão e ainda não precisou de conselho para aplicar seu dinheiro.

Com isso, o Nubank ultrapassa a capitalização do maior banco privado do Brasil, o Itaú Unibanco, avaliado atualmente em R$ 211,9 bilhões — o Bradesco vem logo em seguida, com valor de mercado de R$ 188 bilhões (Santander e Banco do Brasil valem R$ 125 bilhões e R$ 93 bilhões, respectivamente).

Para Alexandre Brito, diretor da Finacap, eles, de fato, conseguiram o nicho com uma comunicação muito estreita e cresceram exponencialmente. E que, como investidor, vai demandar atendimento presencial ou, pelo menos, atendimento pessoal quando os valores ficarem maiores.

O consultor financeiro Leandro Trajano vai na mesma direção. Para ele, o sucesso tem a ver com a abordagem voltada para serviços simples e necessários, começando com o cartão de crédito, um bom aplicativo de fácil entendimento e que facilita a gestão das despesas.

Mas será só isso?

O Nubank sempre foi visto como porta de entrada para o sistema bancário (ainda como fintech). E a inclusão financeira veio junto com a abertura de contas e a adesão ao cartão de crédito: 35 milhões.

Foi essa adesão que abriu espaço para outros produtos da instituição como seguros e pequenos. empréstimos.

Mas a jogada do NuSócios surpreendeu porque tornou mais forte a relação de ao menos 7,5 milhões de correntistas. Esse é um canal extraordinário para, a partir de suas ações, o cliente começar a se interessar por outros papéis.

Alexandre Brito, da Finacap acredita que os sócias do Nubank ajudará a democratizar a ampliação do mercado de ações no Brasil. - DIVULGAÇÃO

Brito lembra que o Nubank comprou uma corretora (Easy Invest), que lhe permitiu agregar a parte de investimento para clientes de melhor renda. Claro que muita gente gosta de pensar no Nubank como reserva de emergência e deixar lá rendendo 100% do CDI.

O gestor financeiro da Finacap diz que o grande desafio do Nubank, no futuro, vai ser como pegar uma pessoa da sua base de clientes, que já tem um certo nível de recursos para investir mais dinheiro e que vai demandar um atendimento diferenciado.

Faz sentido. Segundo a pesquisa realizada pela BSD Consulting, 39% desses clientes, ou seja, quase 1,5 milhão de pessoas, moram na região Nordeste do país. O estudo aponta que a inclusão financeira na Região Nordeste, quando comparada às demais, é a mais representativa. Isso porque 27% dos brasileiros residem no Nordeste e, dessa forma, 2,6% da população nordestina ingressou no sistema bancário através do Nubank.

Leandro Trajano esclarece que a conta Nubank mostrou uma vantagem de o dinheiro na conta não ficar parado e de render alguma coisa acima da poupança. Ou seja, a conta entregava taxa Selic e ainda sem tarifa de manutenção, com várias facilidades.

A estratégia, diz Trajano, foi um tiro certeiro. O Nubank veio de forma muito ousada, conseguindo espaço no público jovem que vai expandir, que vai crescer e que já ocupa o mercado de trabalho. Está no colégio e vai para faculdade. É o cliente do futuro.

Os números do Nubank - ARTES JC

O Nubank vem investindo na imagem descolada. Este ano, trouxe a cantora Anitta para seu Conselho de Administração. Ela é a terceira mulher a integrar o Conselho de Administração do Nubank, e se juntou a outras profissionais de peso, como Anita Sands, professora da universidade americana de Princeton e ex-diretora de operações do banco suíço UBS; e Jacqueline Reses, ex-presidente da fintech Square e atual presidente do Conselho Consultivo Econômico do FED, o banco central norte-americano. Ou seja, o banco vende a ideia da inclusão da mulher no comando.

Mas desde o começo, o banco sempre mirou no conceito de democratizar o acesso a serviços financeiros no Brasil. Como ganhou escala, sofisticação e agilidade para atender aos pedidos, pôde oferecer mais crédito, até porque ele empresta pequenas quantias.

Alexandre Brito lembra um estudo de banco suíço Julius Baer, ainda de 2021, dizendo que a geração (tanto os millennials como como a geração Z) preferem ir ao dentista do que entrar numa agência bancária.

Então, a ideia de você precisar ter agências físicas para atender o cliente e ficou para trás; então hoje o cliente consegue resolver toda a vida dele no aplicativo muito rápido.

Leandro Trajano observa que o grande úmero de clientes jovens do Nubank estimula a busca de mais informações sobre ações - REPRODUÇÃO

Leandro Trajano avalia que os clientes do Nubank são muito jovens e estão começando a sua vida financeira. Ou são pessoas que não tinham tanto acesso às ferramentas de crédito do banco, rapidamente conseguiram ganhar espaço e começaram a perturbar mesmo as grandes operadoras de cartão, sobretudo quanto à projeção para o futuro.

Em 2021, o Global Digital Banking Index (Índice Global de Bancos Digitais, em tradução livre) – fez uma análise de pesquisas feitas com mais de 47.000 clientes bancários em 28 mercados para explorar as mudanças de atitude dos consumidores em relação ao banco digital.

Nos 28 países onde o estudo foi feito, cerca de 1 em cada 4 pessoas (23%, em torno de 450 milhões de clientes) já possui uma conta bancária digital. Quase metade (46%) dos respondentes não possuem conta online.

PIX

O Nubank é o maior exemplo de como o Brasil, onde apenas 5 instituições tem 85% de todo o crédito ofertado, precisam de inclusão bancária. A imagem de um banco digital gerido por inteligência artificial ajuda, mas a verdade é que há um mercado de crédito a descobrir.

E maior exemplo disso é o sucesso do PIX. Segundo o Diretor de Inovação da Provider IT, Nedyr Pimenta Filho, a utilização do sistema ágil, dinâmico e moderno foi difundida entre a população. Até outubro de 2021, segundo dados do Banco Central, já foram realizadas mais de 1,6 bilhão de transações, alcançando o valor de R$ 4 trilhões movimentados, inclusive de clientes do Nubank.

O Nubank tem 48 milhões de clientes no Brasil, México e Colômbia - DIVULGAÇÃO

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