No setor médico, existe uma recomendação de que em sendo grave o estado de saúde, remova o paciente para o Hospital da Restauração (HR). A explicação é simples: ali existem, sempre, profissionais de altíssimo nível, capazes de salvar a vida. Mas, se o paciente tiver plano de saúde, transfira assim que ele esteja estabilizado.
O caso do HR é um desses exemplos em que a gestão do governador Paulo Câmara foi sendo deixando de lado, à espera de um momento financeiro melhor para reorganizá-lo. Em 2020 e meados 2021, ele aguentou porque com os hospitais específicos para a covid-19, o HR teve uma redução de atendimentos.
Mas com a volta das atividades econômicas, o HR voltou à sua "vida normal" de emergência. A palavra "emergência" no setor de saúde quer dizer risco de morte, daí a necessidade de atenção total. E é isso mesmo que o HR exige, embora o Governo de Pernambuco não trabalhe com esse conceito em diversos setores.
Pode-se dizer que durante a crise do coronavírus, as atenções precisavam estar mesmo nos hospitais de emergência, e a maior parte dos recursos deveria estar sendo direcionado para eles, devido ao altíssimo custo por paciente grave.
Melhoria das receitas permitiria modernização
Mas o governo poderia, com a melhoria das receitas que nos permitiram a mudança da capacidade de pagamento (Capag B), ir preparando uma nova modernização do parque de serviços, infraestrutura e parque de máquinas. Mas o governo foi tocando as coisas enquanto a situação do HR foi se agravando.
O HR é tão grande que tem uma rubrica própria de despesas. Mas quando se observa o quanto de dinheiro foi gasto para manutenção, construção, Ampliação, Reforma e Equipagem de Unidades de Saúde, através da reestruturação física e equipagem das unidades de saúde no Estado, observa-se que ano passado foram destinados apenas R$ 73.853,456,00.
Este ano, estão reservados R$ 208.361.900,00, o que considerando o tamanho de nossa rede de saúde, é uma dotação que dá apenas para pequenos consertos.
Um dia a casa caiu, ou melhor: um dia o teto caiu. Mas já havia sinais graves sendo dados pelo prédio construído na gestão do então Paulo Guerra.
É importante observar: o HR é o hospital de referência de algumas áreas no Nordeste. O hospital é o desatino de dezenas de hospitais cujas equipes avaliam que precisam de outra equipe de altíssimo nível.
Os médicos costumam dizer que trabalhar no HR permite atingir um nível de prática médica superior à chamada "médica de guerra", pelo nível de técnicas que se aprende a dominar.
Necessidade de investimentos
Mas nem sempre os governadores veem o HR assim. A Restauração exige atualização constante pelo uso intensivo de seus serviços, e isso custa dinheiro. Muito dinheiro.
Nos últimos sete anos, quando a gestão Paulo Câmara se contentou em tocar os serviços e pagar a folha em dia, isso era compreensível. Mas desde o ano passado, com um caixa bem mais robusto, seria aceitável que hospitais como o HR tivessem um programa intensivo de investimentos na atualização de suas infraestruturas. E como se pode observar, não teve.
O problema de situações como a que o HR chegou não acontecem da noite para o dia. O desabamento de tetos e panes nos sistemas de ar-condicionado já vinham acontecendo. Explicações podem ajudar a colocar a posição do governo, mas se justificam.
No fundo, o HR virou uma espécie de "BR-232" do setor de saúde, que foi sendo deixada de lado até que ficou tão séria a situação que agora exige praticamente sua reconstrução. O HR vai exigir uma verba semelhante, mas o Governo do Estado está mais interessado nas ordens de serviço para estradas.