TECNOLOGIA

Em meio a sérios problemas de operação, BRT pernambucano ganha pagamento via celular no Grande Recife

Modernização é apenas no Corredor Leste-Oeste, o mais preservado da RMR. Para o passageiro que puder aderir, será bom e ágil

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Roberta Soares

Publicado em 11/01/2021 às 14:09 | Atualizado em 12/01/2021 às 17:56
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No meio de tantas notícias ruins sobre o BRT pernambucano, já que desde o fim de 2019 o sistema sofre, de forma mais acentuada, com a degradação - teve mais da metade das estações depenadas por vândalos, gerando um custo já é superior a R$ 7 milhões, uma boa notícia, o Via Livre. O Corredor Leste-Oeste, que liga a capital ao município de Camaragibe, na área oeste da Região Metropolitana do Recife, está ganhando um sistema que permite o pagamento da passagem pelo smartphone, por aproximação, dispensando o uso do cartão VEM. Uma modernização que vai facilitar, em muito, a rotina dos passageiros que aderirem, e que pode ajudar no resgate da imagem do BRT - modelo de transporte pensado para ser um metrô sobre rodas.

O investimento é do setor operacional, do Consórcio MobiBrasil, que opera o Leste-Oeste. O corredor, por ter mais da metade do percurso de 14 quilômetros cortando o Recife, do Centro para a Zona Oeste, sofreu menos com o vandalismo - potencializado no sistema durante a pandemia, quando 25 das 46 estações foram praticamente destruídas. Mas mesmo assim teve seis das 25 estações vandalizadas. O maior impacto foi no Corredor de BRT Norte-Sul, que liga a capital a Igarassu, ao norte da RMR. O sistema de pagamento que entrou em funcionamento é, pelo menos por enquanto, apenas no BRT Leste-Oeste. Mas existe a promessa de que chegará ao SEI (Sistema Estrutural Integrado), sendo utilizado por outras empresas.

O pagamento não é feito via QRCode. Tudo é realizado pelo aplicativo Cittamobi, bem conhecido dos passageiros da RMR por indicar os horários dos ônibus há mais de cinco anos. O Cittamobi, inclusive, é o substituto do app oficial do sistema de ônibus, do Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitano, que até hoje não avança dos testes, depois de dez anos tentando ser viabilizado. A nova operação disponível do Leste-Oeste é, na verdade, uma carteira virtual que o passageiro coloca dinheiro e, ao entrar nas estações e terminais, aproxima o celular do leitor, liberando a passagem.

Léo Caldas/Ag. Titular
A nova operação disponível do Leste-Oeste é, na verdade, uma carteira virtual que o passageiro coloca dinheiro e, ao entrar nas estações e terminais, aproxima o celular do leitor, liberando a passagem - Léo Caldas/Ag. Titular

“Trouxemos o conceito do varejo para o transporte público. É como fazer um pagamento. Apenas. Sem cartão VEM, compra de crédito eletrônico e sem conexão com o sistema de bilhetagem eletrônica. Por isso os leitores instalados nas estações e terminais. E é melhor do que o QRCode porque esses sistemas não são adequados para os ônibus porque precisam de iluminação e estabilidade adequadas para fazer a leitura, duas coisas difíceis no transporte público”, explica Paulo Fraga, CEO da Cittamobi. “Estamos trazendo para o transporte de passageiros um sistema que vai facilitar a vida do usuário, com uma ferramenta de embarque nos ônibus acessada por celular que proporciona uma experiência de pagamento e utilização 100% digital”, complementa.

COMO FUNCIONA
Para usar a carteira digital Cittamobi, o usuário baixa o aplicativo, preenche um cadastro pessoal, envia uma selfie e a foto de um documento (carteira de identidade, carteira de motorista, etc.). Segundo a Cittamobi, o processo é idêntico ao realizado nos bancos digitais e totalmente pelo celular. Depois, é necessário adicionar saldo gerando um boleto bancário, que terá um custo de R$ 1,90, é importante informar. No caso do boleto bancário, é preciso aguardar até 24h para compensação e disponibilização do saldo na carteira digital. Já na utilização do cartão de crédito, o pagamento pode ser realizado na mesma hora. Ao entrar no ônibus ou na estação, o passageiro escolhe se quer usar o saldo da sua carteira ou o cartão de crédito, aproxima o celular do leitor e a liberação da catraca é imediata.

ONDE ESTÁ FUNCIONANDO
A carteira digital já pode ser utilizada pelos passageiros nas estações do Leste-Oeste (com exceção das duas unidades da Avenida Conde da Boa Vista, que receberão em breve), nos Terminais Integrados CDU, Camaragibe e Caxangá, e, até o início de fevereiro, na linha CDU/Boa Viagem/Caxangá (2040). Recife é a terceira cidade no País a usar o sistema de carteira digital da Cittamobi. Ela opera no BRT de Sorocaba e em três linhas de Diadema, no Estado de São Paulo. 

MODERNIZAÇÃO DAS ESTAÇÕES DE BRT VANDALIZADAS
Em paralelo ao novo sistema digital de pagamento lançado no Corredor Leste-Oeste, o governo de Pernambuco segue nas ações para recuperar a imagem do sistema BRT pernambucano. Iniciou na segunda (11/01) a requalificação de oito das 25 estações que foram totalmente destruídas por vândalos durante a pandemia. No total, serão 20 estações modernizadas nos corredores Norte-Sul e Leste-Oeste, a um custo de R$ 5,5 milhões. Lembrando que a falta de segurança das unidades do BRT já tinha custado mais R$ 1,2 milhão aos cofres públicos.

Thiago Lucas/ Artes JC
O prejuízo em números - BRT - Thiago Lucas/ Artes JC

A modernização significa melhorias na estrutura das estações e, principalmente, adequações necessárias, aprendidas a duras penas por operadores e o governo do Estado no dia a dia da operação do sistema. Por exemplo: depois dessa requalificação, as estações de BRT perdem as bordas da cobertura, frequentemente arrancadas por caminhões que circulam nos inúmeros trechos onde não há segregação do corredor. As estações Tacaruna e Istmo do Recife, na área central da capital, são dois exemplos do novo modelo. Outro aprendizado: o piso em alumínio é substituído por um pavimento em concreto, eliminando os furtos do material - um dos principais alvos do vandalismo. Além dessas duas principais mudanças no piso e no estilo da coberta, as intervenções incluem a reposição de corrimão, pintura, sinalização, troca de cerâmica e serviços na rede elétrica.

VANDALISMO NAS ESTAÇÕES DE BRT DURANTE A PANDEMIA

FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
A destruição das estações é ainda mais grave porque acontece no momento em que o governo de Pernambuco inicia o processo de concessão pública dos equipamentos. O Estado também vai recuperá-las gastando R$ 1,2 milhão - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
BRT pernambucano teve um 2020 ainda pior do que em 2019. Foi, dessa vez de forma mais grave, quase que totalmente vandalizado durante a pandemia - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
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O governo de Pernambuco confirmou o fim do pagamento pelos empresários, mas garantiu que o convênio não foi suspenso, apesar de ter havido redução do policiamento - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
Os equipamentos foram praticamente destruídos internamente entre junho e julho, apesar de estarem sob proteção da Polícia Militar de Pernambuco, via convênio firmado com a Secretaria de Desenvolvimento Urbano do Estado (Seduh) - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM

As oito estações são: IEP, Santa Casa de Misericórdia, Maurício de Nassau, Bultrins, Riachuelo, Matias de Albuquerque, Nossa Senhora do Carmo e um módulo da Guararapes. Três delas (IEP, Riachuelo e Nossa Senhora do Carmo), além do módulo I da Estação Guararapes, terão a operação suspensa para as obras. Esse será o impacto para o passageiro, já que as outras estão temporariamente fechadas para o embarque e desembarque de usuários devido aos atos de vandalismo, depredação e furtos.

Segundo o Grande Recife Consórcio de Transporte (CTM), no caso da Estação IEP, os usuários terão como opção de embarque e desembarque a Treze de Maio. Já os usuários das estações Riachuelo e Nossa Senhora do Carmo deverão utilizar a parada convencional mais próxima. Para o módulo I da Estação Guararapes, os usuários terão duas opções: o módulo II ou a estação Rua do Hospício.

TERMINAIS
Também serão investidos R$ 2,2 milhões na manutenção de 13 terminais integrados de ônibus. Serão realizados serviços como recuperação das pistas de rolagem dos ônibus, telhados e calhas, requalificação dos banheiros, sistema elétrico e caixa d´água, além da limpeza das galerias. Na primeira etapa da requalificação, os serviços serão feitos nos TIs Pelópidas, PE-15, Macaxeira e Xambá.

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