COLUNA MOBILIDADE

Pedestrianização da Rua do Bom Jesus, no Bairro do Recife, é excelente e a cidade agradece. Mas queremos iniciativas mais ousadas

O Recife precisa que essa iniciativa do prefeito João Campos (PSB) chegue a outras vias que simbolizem, de fato, que o gestor quer dar prioridade à mobilidade ativa

Imagem do autor
Cadastrado por

Roberta Soares

Publicado em 07/05/2021 às 12:56 | Atualizado em 25/05/2021 às 12:39
Notícia
X

Sem dúvida, o prefeito João Campos (PSB) está de parabéns pela iniciativa de pedestrianizar a Rua do Bom Jesus, cartão postal da capital e eleita uma das ruas mais bonitas do Brasil, localizada no Bairro do Recife, área central da capital. Será a terceira via voltada apenas para pedestres na ilha. A cidade agradece. Mas o Recife precisa de mais. De muito mais. Precisa que essa iniciativa do prefeito chegue a outras vias que simbolizem, de fato, que o gestor quer dar prioridade à mobilidade ativa (sem motor).



Isso porque a Rua do Bom Jesus já era uma via para pedestres. Toda em paralelepípedos, naturalmente tinha um tráfego de veículos reduzido e era interditada com frequência para eventos culturais. A transformação dela em uma via pedestrianizada é válida, sem dúvida, mas não muda em nada o protagonismo que o automóvel segue tendo na cidade. A não ser pela retirada de aproximadamente 40 vagas de estacionamento rotativo.

Foto: Leo Motta/JC Imagem
A Avenida Rio Branco, por exemplo, foi uma mudança muito mais importante sob a ótica de elevar o pedestre e a mobilidade ativa como um todo porque era, de fato, uma avenida para os veículos motorizados, onde o caminhar e o pedalar viviam sob risco - Foto: Leo Motta/JC Imagem


A Avenida Rio Branco, por exemplo, foi uma mudança muito mais importante sob a ótica de elevar o pedestre e a mobilidade ativa como um todo porque era, de fato, uma avenida para os veículos motorizados, onde o caminhar e o pedalar viviam sob risco. A Avenida Rio Branco foi pedestrianizada em 2017, na gestão do prefeito Geraldo Julio (também PSB).

Já a mudança da Rua da Moeda, também por Geraldo Julio, em 2019, foi uma iniciativa também sem grande importância porque já tinha características que naturalmente priorizavam o caminhar e o pedalar. Ela, assim como a Rua do Bom Jesus, valem mais sob a ótica do turismo e para constar na relação de feitos a serem exibidos pelos prefeitos-políticos, do que de efeito prático para eleger a mobilidade ativa como prioridade.

Caminhar e pedalar pelo Bairro do Recife - ilha constantemente utilizada pelo poder público para implementar seus projetos e vendê-los como ousadia para a sociedade - nunca foi algo tão difícil como em outras áreas da cidade. A capital precisa mesmo é de uma redução ampla e geral da velocidade limite de suas vias. Ou seja, como dissemos no começo deste post: ninguém vai reclamar, mas a mobilidade ativa precisa de mais ousadia no Recife.

Tags

Autor