Trânsito, transportes e mobilidade urbana, com Roberta Soares

Mobilidade

Por Roberta Soares e equipe
COLUNA MOBILIDADE

Maioria dos motoristas excede a velocidade limite das ruas no Recife. Você sabia?

A constatação impressionante de desrespeito faz parte do Primeiro Relatório Anual de Segurança Viária da CTTU e Iniciativa Bloomberg de Segurança Viária Global

Cadastrado por

Roberta Soares

Publicado em 03/03/2022 às 15:38 | Atualizado em 04/03/2022 às 15:08
São os controladores e redutores de velocidade que respondem pela redução em até 40% dos números sinistros de trânsito com vítimas - Berg Alves/JC Imagem

Muitos motoristas devem ter feito cara feia e reclamado horrores diante do anúncio da Prefeitura do Recife de que estava instalando mais 11 equipamentos de fiscalização eletrônica em corredores viários importantes da cidade esta semana. A repercussão do anúncio, inclusive, pode ser conferida nas redes sociais. Mas o que esses motoristas não sabem é que a grande maioria dos condutores de veículos motorizados da capital excedem a velocidade limite das ruas e avenidas. O percentual, para ser preciso, é de 75% dos veículos que trafegam no Recife.

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Primeiro Relatório Anual de Segurança Viária do Recife - 2017 a 2020 - REPRODUÇÃO

E quando o recorte é feito sobre os motociclistas - apesar da fragilidade que envolve a condução de motos -, o desrespeito é quase majoritário: 49% dos motociclistas trafegam acima da velocidade permitida nas ruas. O Recife tem hoje uma frota veicular de 718.308 veículos, dos quais, 166.468 são motos (23%), segundo dados de janeiro deste ano do Detran-PE. Mas, na prática, recebe a circulação diária de 1,2 milhão de veículos - quase a totalidade da frota registrada na Região Metropolitana.

A constatação impressionante de desrespeito, e que deveria, por si só, conscientizar os críticos da fiscalização eletrônica de trânsito, faz parte do Primeiro Relatório Anual de Segurança Viária, um documento que reúne e analisa as estatísticas dos sinistros de trânsito do Recife no período de 2017 a 2020. O levantamento foi elaborado pela Autarquia de Trânsito e Transporte Urbano do Recife (CTTU) em parceria com a Iniciativa Bloomberg de Segurança Viária Global (BIRGS), que há dois anos vem prestando consultoria à gestão do trânsito da capital e obtendo bons resultados na cidade.

Confira a série POR UM NOVO TRANSITAR

Primeiro Relatório Anual de Segurança Viária do Recife - 2017 a 2020 - REPRODUÇÃO


DESRESPEITO POR TIPO CARRO

O levantamento aponta, inclusive, que o desrespeito tem cara e perfil, estando associado ao tipo de veículo usado pelos infratores. Os condutores de Pickups não estão em primeiro lugar, mas merecem destaque porque responderam por 34% dos registros de excesso de velocidade por tipo de veículo. Os automóveis respondem por 35%, enquanto as motocicletas lideram, com 49% dos registros.

Confira o relatório completo AQUI

DADOS A COMEMORAR

O Primeiro Relatório Anual de Segurança Viária da capital também trouxe dados positivos relacionados ao trânsito do Recife. Entre eles, bons hábitos entre os condutores e reduções importantes na violência diária praticada nas ruas e avenidas da capital.

A cidade conseguiu, entre os anos de 2017 e 2020, reduzir em 29% o número de mortes no trânsito e em 11% o total de feridos. Somente no ano de 2020, essa redução foi ainda maior entre as vítimas feridas: 18%. 

A queda, entretanto, tem explicação no fato de que 2020 foi o primeiro e mais assustador ano da pandemia de covid-19. Sem vacinação e ainda sem perspectiva de tê-la, as pessoas se trancaram em casa e o poder público impôs duas quarentenas naquele ano. O tráfego de veículos chegou a ter redução superior a 80%.

 


Foram 154 vítimas fatais no trânsito recifense em 2017 e 109 vítimas em 2020. Entre os feridos, a capital teve 2.140 em 2017 e verificou uma redução para 1.897 vítimas em 2020.

O atropelamento foi a terceira mais frequente causa que resultou em feridos no trânsito do Recife nos três anos analisados. O cenário foi o mesmo para o abalroamento de veículos (1º lugar), seguido da colisão entre veículos (2º). O quarto lugar se manteve com o choque de veículos contra objetos fixos e o quinto lugar com os capotamentos.

Desrespeito é identiicado quando o Recife ganha 11 novos equipamentos de fiscalização eletrônica que vão notificar, entre outras infrações, o excesso de velocidade - Guga Matos/JC Imagem

RESPEITO

Voltando aos aspectos positivos que foram verificados no levantamento, a maioria dos condutores e ocupantes dos veículos que circulam na cidade fazem o uso correto do cinto de segurança - lembrando que o não uso do equipamento é infração grave, com multa no valor de R$ 195,23 e cinco pontos na carteira nacional de habilitação (CNH).

E, entre os motociclistas, a maioria dos ocupantes das motos usam o capacete corretamente - uma boa notícia para a categoria que sofre do estigma da imprudência - lideraram entre os veículos que mais excedem a velocidade no trânsito recifense - 49%. Lembrando, novamente, que não usar capacete é infração gravíssima com multa no valor de R$ 293,47 e suspensão automática do direito de dirigir.

NOVOS FOTOSSENSORES

Três dos principais corredores viários e duas avenidas importantes das Zonas Sul e Oeste do Recife ganharam novos equipamentos de fiscalização eletrônica de trânsito esta semana. As Avenidas Agamenon Magalhães, Caxangá e Norte, além da Avenida Visconde de Jequitinhonha, em Boa Viagem, e da Avenida Doutor José Rufino, em Afogados, ganharão 11 equipamentos que vão notificar o excesso de velocidade - a infração mais cometida no País em geral e também na capital pernambucana -, a parada sobre a faixa de pedestres e o avanço de semáforo.

Os equipamentos começaram a funcionar na terça-feira (1º/3) de forma educativa e somente a partir do dia 21 de março passarão a notificar os condutores infratores. Segundo a CTTU, as Avenidas Norte, Caxangá e Agamenon Magalhães são, respectivamente, as três vias com mais vítimas fatais por sinistros de trânsito registradas entre 2017 e 2020.

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