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Mobilidade

Por Roberta Soares e equipe
COLUNA MOBILIDADE

Uber e 99 Moto: os perigos do serviço de aplicativo que está crescendo no País

As motocicletas ainda são as grandes vilãs do trânsito brasileiro e respondem por 40% das vítimas

Cadastrado por

Roberta Soares

Publicado em 12/06/2022 às 7:35 | Atualizado em 13/06/2022 às 11:20
A pedido da Prefeitura de São Paulo, serviço de Uber Moto foi suspenso na capital paulista - DIVULGAÇÃO

O número de sinistros de trânsito (não é mais acidente de trânsito. Entenda) envolvendo motocicletas é muito maior do que o de carros. Por isso, o crescimento do transporte remunerado de passageiros por motos assusta e gera preocupações. Dados do seguro DPVAT de 2010 a 2020 mostram que, em média, 70% das indenizações por invalidez permanente são pagas para motociclistas.

Em 2021, o número de sinistros com motos no País bateu recorde, segundo dados da Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet). Foram registradas 71.334 internações de motociclistas entre janeiro e julho, uma taxa 14,3% maior do que a registrada em 2020. A pandemia e o crescimento dos serviços de entrega contribuíram diretamente.

As motocicletas respondem por 40% das ocupações de leitos nas unidades de saúde pública destinadas às vítimas do trânsito - em média 60% dos hospitais. A vítima da motocicleta geralmente sofre politraumatismos e, por isso, fica mais tempo internada. Podem ser meses e meses. E geralmente são.

Enquanto as colisões de trânsito duplicaram no Brasil entre 1996 e 2017, as que envolveram motos aumentaram 16 vezes. Os dados são do estudo Impactos Socioeconômicos dos Acidentes de Transporte no Brasil, realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em parceria com a Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (Cepal), da ONU.

O uso do Uber e 99 Moto tem explodido não só na capital, mas em muitas cidades da Região Metropolitana do Recife - GUGA MATOS/JC IMAGEM

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E os feridos, muitos deles mutilados, custam caro para o País. Muito caro. Foram gastos R$ 1,5 trilhão em onze anos, o que representa uma despesa anual de R$ 132 bilhões. No Nordeste, as motocicletas são ainda mais letais. O envolvimento delas nos eventos de trânsito foi 24 vezes maior entre 2007 e 2011, também segundo o Ipea.

Levantamento da Iniciativa Bloomberg de Segurança Viária aponta que a região deu um salto no percentual de ocupantes de motocicletas entre os mortos do trânsito brasileiro. Foi a que mais cresceu no País. Subiu de 16,3% em 2000 para 55,8% em 2019.

Deixou para trás os ocupantes de veículos motorizados e até mesmo os pedestres, os dois que lideravam a lista de mortes. Vítimas dos carros e caminhões, por exemplo, caíram de 32,8% para 30,5%, e os pedestres de 47,1% para 21,3% entre 2000 e 2019. As motocicletas não conseguiram.

Confira a série Por um novo transitar

Em Pernambuco, o prejuízo causado pelas motos também impressiona. A letalidade das motos foi ainda maior do que na região Nordeste. Aumentou 33 vezes, também de acordo com estudo do Ipea. Em 2017, 50% dos óbitos registrados no Estado foram de colisões com motos.

As motocicletas respondem por 40% das ocupações de leitos nas unidades de saúde pública destinadas às vítimas do trânsito - em média 60% dos hospitais - GUGA MATOS/JC IMAGEM

Que, assim como no Brasil, geraram um custo altíssimo também para Pernambuco: R$ 3 bilhões por ano. Os ocupantes de automóveis, por outro lado, custaram R$ 1 bilhão. Atualmente, Pernambuco tem uma frota de 1,4 milhão de automóveis e de 1,1 milhão de motos.

No Recife, as vítimas sobre duas rodas passaram de 9,3% dos mortos do trânsito em 2000 para 18,7% em 2019. E, em 2021, segundo dados da Prefeitura do Recife, seguiram numa posição de destaque: representaram 34% das vítimas fatais do trânsito na cidade, perdendo apenas para os pedestres (43%).

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