Os transtornos para os passageiros do transporte público da Região Metropolitana do Recife podem ser ainda maiores do que os já previstos com a greve dos motoristas de ônibus programada para a próxima quarta-feira (26/7). Agora, são os metroviários que deverão deflagrar um movimento de greve do Metrô do Recife, com reais possibilidades de a suspensão do serviço acontecer junto com a dos ônibus.
Se for confirmada, a paralisação dos ônibus e do Metrô do Recife afetará 2 milhões de passageiros que dependem do transporte público diariamente no Grande Recife.
A categoria vai realizar uma assembleia na noite da terça-feira (25), um dia antes da paralisação dos motoristas de ônibus, que aprovaram uma greve a partir da 0h da quarta. E, de acordo com o Sindicato dos Metroviários de Pernambuco (Sindmetro-PE), é praticamente certa a aprovação da greve. A assembleia acontece às 18h, na Estação Recife do metrô, no Bairro de São José, Centro da capital pernambucana.
A convocação do movimento, inclusive, começou a ser feita já com a informação de decretação da greve geral. Entre os metroviários, o sentimento é de abandono e decepção. Tanto por parte da gestão nacional da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), que gere o Metrô do Recife e os sistemas de Natal (RN), João Pessoa (PB) e Maceió (AL), quanto pelo governo do presidente Lula (PT).
“Devemos aprovar uma greve geral por tempo indeterminado sim. Ou, no mínimo, uma paralisação de 48h. Mas acredito que será a greve. A categoria está muito saturada e sem perspectiva. E vendo que não adianta mais negociar com a CBTU porque ela não cumpre o que ficou acordado porque não tem autonomia junto ao governo federal, que também não tem atendido às nossas demandas”, desabafa o presidente do Sindmetro-PE, Luiz Soares.
MOVIMENTO JUNTO COM OS RODOVIÁRIOS
A paralisação do Metrô do Recife deverá, de fato, acontecer com a dos ônibus. O Sindicato dos Rodoviários já tinha levantado essa possibilidade, que agora foi confirmada pelo Sindmetro-PE. “Iremos fazer uma carta aberta à sociedade conjunta com os rodoviários e, possivelmente, os movimentos acontecerão juntos”, afirma Luiz Soares.
Os metroviários estão em Estado de Greve desde o fim do mês de abril como pressão para forçar o governo federal a retirar a CBTU do Plano Nacional de Desestatização (PND), o que não aconteceu mesmo após sete meses da gestão Lula. A categoria está revoltada com a postura do governo federal.
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Além disso, alega que, em junho, a Administração Central da CBTU sentou com os sindicatos do Recife, João Pessoa, Maceió e Natal e fechou uma proposta de Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) 2023/2024, que agora diz não poder cumprir porque o governo federal não aceitou.
A minuta previa um aumento de 15% no salário base da categoria, que passaria de R$ 2 mil para R$ 2.725 e a garantia de emprego no caso da concessão pública ou da privatização do Metrô do Recife. Mesmo pedindo 25%, a categoria teria cedido à proposta.
Por nota, a CBTU Recife informou que submeteu o ACT ao governo federal e que ele não foi autorizado. “Em relação ao Acordo Coletivo 2023/2024, a CBTU submeteu, para apreciação à Secretaria de Coordenação das Estatais (SEST), a proposta que foi discutida conjuntamente com os sindicatos. No entanto, a proposta não foi aprovada e as negociações continuam em andamento”.
JUSTIÇA DO TRABALHO TENTA EVITAR GREVE DOS MOTORISTAS DE ÔNIBUS
A Justiça do Trabalho vai tentar evitar a greve dos motoristas de ônibus programada para quarta. Diante do anúncio da paralisação do transporte público, o Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região (TRT 6ª Região) intimou os rodoviários e os empresários de ônibus para uma audiência de conciliação.
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O encontro, para o qual também foi convidado o Ministério Público do Trabalho (MPT), acontecerá nesta segunda-feira (24), dois dias antes da deflagração do movimento, aprovado por unanimidade pelos rodoviários em duas assembleias distintas realizadas na quinta-feira (20/7).
A audiência está prevista para às 11h, na sede do TRT 6ª Região, localizada no Cais do Apolo, 739, no Bairro do Recife, Centro da capital. A intimação foi feita pelo desembargador Fábio André de Farias, corregedor do TRT-6, que se propôs a intermediar as negociações entre o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários Urbanos de Passageiros do Recife e Região Metropolitana, e o Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros no Estado de Pernambuco (Urbana-PE).
Mas, como explicou a assessoria de comunicação do TRT-6, a intimação deve ser vista como um convite, sem obrigação de ser atendido, já que as negociações entre as duas categorias ainda não chegaram oficialmente ao tribunal.
Os rodoviários já afirmaram que estarão presentes e que esperam o mesmo da Urbana-PE. Esperam, inclusive, que os empresários levem uma contraproposta às reivindicações da categoria. A Urbana-PE, por sua vez, não se posicionou sobre a audiência no TRT-6.
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