OPINIÃO

O momento não é ideal para que funcionários dos Correios entrem em embate

A maioria dos trabalhadores está de braços cruzados, milhões de encomendas para serem entregues, enquanto ganha força no governo federal o projeto de privatizar os Correios

Romoaldo de Souza
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Romoaldo de Souza
Publicado em 19/08/2020 às 7:20 | Atualizado em 19/08/2020 às 7:22
AGÊNCIA BRASIL
Com todo esse cenário, agravado pela pandemia do coronavírus, era de se imaginar que os funcionários dos Correios dissessem não à proposta dos sindicalistas de fazer um paralisação por esses dias - FOTO: AGÊNCIA BRASIL

Eu sou do tempo em que as pernas tremiam quando o carteiro chegava na porta de casa, trazendo na mão um envelope quase sempre branco, daqueles retangulares, com bordas pontuadas por verde e amarelo.

Também me recordo bem de um sucesso de Vanusa, a cantora dos cabelos platinados, quase murmurando o poema de Aldo Cabral e Cícero Nunes. “Quando o carteiro chegou/ E o meu nome gritou/ Com uma carta na mão/ Ante surpresa tão rude/ Nem sei como pude/ Chegar ao portão”.

Só que os tempos são outros, as mensagens de amor, ou de cobrança, chegam pelo WhatsApp, a frequência com que os carteiros passam na rua tem diminuído, embora a cachorrada curta correr atrás deles, pendurada na surrada mochila azul.

Acontece que com todo o avanço da tecnologia, os correios foram ficando para trás. Em algumas situações obsoletos até, como no envio de cartas de amor ou de cobrança.

Teve um período em que os diretores da empresa disseram que estavam saneando a ECT para colocá-la na lista de privatizações.

Tempos depois, descobriu-se que os investimentos do Postalis, o fundo de pensão dos trabalhadores dos correios, tinha tomado um tombo, e boa parte dos funcionários está trabalhando para cobrir o déficit, e garantir uma aposentadoria mais robusta.

Com todo esse cenário, agravado pela pandemia do coronavírus, era de se imaginar que os funcionários dos Correios dissessem não à proposta dos sindicalistas de fazer um paralisação por esses dias.

Mas não foi isso que ocorreu. A maioria dos trabalhadores está de braços cruzados, milhões de encomendas para serem entregues, enquanto ganha força no governo federal o projeto de privatizar os Correios. O momento não é ideal para o embate.

Nem do ponto de vista econômico muito menos com argumentos de que é preciso chamar a atenção dos direitos da ECT para a situação de penúria dos trabalhadores da empresa.

Pense nisso!

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