“Quando tudo isso passar…” e “Depois da pandemia…” são as frases que mais eu tenho ouvido. Nas reticências está toda uma conotação de expectativas de que se não todos, mas boa parte vai escapar. Sejam os nossos amigos, os colegas de escola, os parentes, sempre estaremos em busca do raio de esperança. E cada vez que uma autoridade promete vacina, aí é que bate a vontade de que logo, logo a pandemia passe.
Mas o que é a esperança se não um desejo, uma expectativa de que algo que tanto queremos aconteça? Nesses turbulentos dias de aulas presenciais, depois aulas pela internet, e a gente encontra um aluno que teve o projeto adiado por alguns longos meses, e parece que aquelas expectativas estão penduradas no fio da esperança. “Vai passar, professor…”, diz ele.
- Bastava Pazuello ir a um hospital público para ver com os próprios olhos a falência generalizada
- Trocar Pazuello por Marcelo Queiroga no comando do Ministério da Saúde pode ter o mesmo efeito
- Na chegada do novo titular ao Ministério da Saúde, um lavador de carro perguntou se estavam distribuindo a vacina
A questão toda é: mas quando? Já está mais do que patente que houve negligência, que quem deveria tomar medidas enérgicas de enfrentamento do vírus no mínimo titubeou.
O maravilhoso sambista carioca Agenor de Oliveira, conhecido como Cartola (1908 — 1980), nos ensina que “...sempre vão surgir novas fantasias. Sinto vibrando no ar. E sei que não é vã, a cor da esperança/ A esperança do amanhã”. Se a esperança é a vacina, para que em breve possamos nos encontrar com quem tanto desejamos, a fantasia do momento é o cuidado, é o distanciamento. É máscara. A vacina é a esperança.
Pense nisso!