Caso eu chegasse aqui dizendo que já trabalhei com telex, certamente boa parte dos nosso leitores iria recorrer ao dicionário para saber do que se trata. O [tele]fax também não é um equipamento de trabalho atual e o voto de papel faz 25 anos que vem sendo abolido gradativamente, substituído pela urna eletrônica.
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- Ciro Gomes é uma dessas lideranças que pouco lideram e que menos ainda agregam
Ocorre que assim, de repente, chego na Câmara dos Deputados e eis que está sendo instalada a comissão para analisar o projeto que torna obrigatório o voto impresso no país. Achei até que fosse brincadeira! Um 1º de abril [Dia da Mentira] fora de época. Mas não. O Parlamento brasileiro está discutindo o voto impresso, numa iniciativa de aliados do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) que mesmo sem apresentar um argumento sequer, ameaça, costumeiramente, não reconhecer o resultado das eleições presidenciais de 2022, caso o voto impresso não seja estabelecido.
No passado, não muito distante, o Brasil vivia a era do “voto de cabresto”. Os “coronéis” controlavam o voto popular, distribuíam benesses aos eleitores e ainda exigiam um comprovante de que de fato o voto foi dado ao candidato indicado.
Nos tempos atuais, com toda a tecnologia a serviço dos candidatos e dos eleitores, parlamentares bolsonaristas estão gastando o dinheiro do contribuinte com a análise do projeto do voto impresso. É o voto de cabresto nos dias de hoje. Enquanto isso, do outro lado da rua, o Ministério da Saúde apontava que o Brasil chegava a 439.050 mortes em função da Covid-19 e, pasme, o Parlamento debatendo o voto impresso.
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Não será surpresa se em vez de discutirem a necessidade da internet nas escolas públicas para receber estudantes e educadores, os bolsonaristas aprovem um projeto de instalação de um orelhão na salas de aula.
Pense nisso!