Certamente, você que me acompanha diariamente aqui no JC, sabe que tenho feito duras críticas a esse ajuntamento de legendas batizado de “Centrão”, mas que poderia ter outro qualquer nome que o efeito seria o mesmo. O “Centrão” é um grupo fisiologista com pouca ou quase nada ideologia. A ideologia do “Centrão” é a velha e surrada política do toma lá, da cá, também conhecida como "é dando que se recebe". Isso é o “Centrão”.
Com o apoio desse “Centrão”, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) vem fazendo das tripas coração para chegar ao fim do mandato sem sofrer “impeachment”, uma vez que o ponta pé do processo de afastamento do cargo tem início na Câmara dos Deputados, hoje sob o comando de Arthur Lira (PP-AL), um dos mais importantes caciques do “Centrão”.
No outro lado da calçada, acenando para o Palácio do Planalto, está o Partido dos Trabalhadores, importante legenda de esquerda que já comandou o país por três mandatos e meio e saiu enxovalhado por denúncias de corrupção.
Com esses três ingredientes: o “Centrão”, o presidente Bolsonaro e o PT juntos, eu pergunto que resultado gastronômico nós teríamos. Um imenso mal-estar.
Pois vá preparando a Neosaldina que em breve o País passará por uma enxaqueca que poderá desencadear numa ruptura, fazendo o estado democrático de direito escancarar as portas para a volta da corrupção. Os deputados aprovaram a suavização da Lei de Improbidade, promulgada em 1992, quando o governo do presidente Fernando Collor (1990-1992) naufragava em um mar de denúncia de corrupção.
Pois o “Centrão”, que dança para quem pagar mais; o presidente Jair Bolsonaro, que teme uma lei mais rigorosa que estenda seus tentáculos nas investigações de compra de medicamentos sem eficácia para enfrentar a pandemia e o PT, que sempre flertou com traquinagens administrativas em nome do bem-estar dos mais desvalidos, se juntaram para jogar por terra esse importante instrumento legal.
O pior é que pelo andar do carro de boi do atraso, o Brasil caminha para ser governado por um político que tenha essa natureza ideológica do ditado popular: “farinha pouca, meu pirão primeiro”.
Pense nisso!