Antes de ser morta, a vendedora Cláudia Aguiar tentou prestar queixa, mas delegacia estava fechada. Foto: Arquivo Pessoal
Pouco mais de um mês se passou desde que a vendedora Cláudia Aguiar Rodrigues, de 44 anos, foi
morta a facadas pelo ex-marido no meio da rua, no município de Timbaúba, na Mata Norte de Pernambuco. Ciumento, segundo familiares, ele não aceitava o fim do relacionamento. Muito menos que a mulher fosse a festas e participasse de outras atividades sociais. Depois de matar a ex-companheira, ele foi encontrado morto, enforcado, dentro de casa.
Horas antes, porém, o crime talvez pudesse ter sido evitado. A vendedora procurou a delegacia para prestar queixa sobre as ameaças que sofria, mas encontrou a unidade policial fechada. A Chefia da Polícia Civil garantiu que iria investigar a grave falha. Mas, 35 dias depois, ninguém foi punido e nenhuma explicação foi dada.
Em nota enviada ao
Ronda JC, a assessoria de comunicação da Polícia Civil limitou-se a dizer que o processo interno "está em andamento e deverá ser
concluído ainda este mês". A nota novamente ressaltou que a delegacia funciona 24 horas por dia, em regime de permanência, ou seja, policiais civis deveriam estar no local registrando os boletins de ocorrência.
Mas onde estavam esses policiais? Quantos eram? Por que não cumpriam o seu dever? Serão afastados? Punidos?
A vida parece valer muito pouco quando uma investigação tão simples demora mais de 35 dias para ser concluída. Enquanto a Secretaria de Defesa Social se empenha em solucionar crimes de repercussão em um, dois, três dias no máximo - muitos até bem complexos - a mesma atenção não é dada, como se vê, para esclarecer falhas tão graves que podiam ter evitado que mais uma mulher fosse vítima de feminicídio. Aliás, casos como o da vendedora podem se repetir em Pernambuco já que
muitas delegacias continuam fechadas à noite e nos fins de semana, inclusive as especializadas.
Nenhuma explicação até agora. E a família de Cláudia continua de luto.
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