Três dias após a violenta ação policial contra manifestantes que faziam um ato contra o governo Bolsonaro, o comandante da Polícia Militar de Pernambuco, Vanildo Maranhão, entregou o cargo. O anúncio foi feito na noite desta terça-feira (1º), pela assessoria do governo estadual.
De acordo com a breve nota, Maranhão será substituído pelo coronel José Roberto Santana, que atualmente ocupava o cargo de diretor de Planejamento Operacional da PM.
"Quero dizer aqui que após analisar incessantemente imagens, relatos e vídeos de todo o ocorrido na manifestação do último sábado, conversei com o secretário de Defesa Social e o comandante da PM sobre minha posição de que aquela ação não condiz com as tradições e valores da Polícia Militar de Pernambuco, uma instituição quase bicentenária e de tantos serviços prestados à nossa população. O coronel Vanildo colocou seu cargo à disposição, aceitei e anuncio agora que o novo comandante da PM será o Coronel Roberto Santana", afirmou, em pronunciamento, o governador Paulo Câmara.
O novo comandante será nomeado nesta quarta-feira (02).
Na segunda-feira (31), dois delegados foram designados pela Chefia da Polícia Civil para investigarem os inquéritos instaurados em relação às agressões praticadas contra os manifestantes. Os delegados também vão conduzir as investigações dos dois trabalhadores atingidos com balas de borracha nos olhos no momento em que passavam pela ponte.
Em paralelo, a Corregedoria da SDS está conduzindo um procedimento administrativo em desfavor dos PMs. No sábado, o governador Paulo Câmara determinou o afastamento das ruas do oficial que comandou a operação e também dos PMs que atiraram nas vítimas e que jogaram spray de pimenta no rosto da vereadora do Recife Liana Cirne (PT). A agressão à parlamentar ocorreu no momento em que ela tentava dialogar com policiais da Radiopatrulha que estavam dentro da viatura. Depois de ser atingida, ela chegou a cair no chão - como mostrou filmagem feita pelos manifestantes.
Ainda no sábado, o oficial e os quatro PMs da Radiopatrulha prestaram depoimento foram afastados. Ficarão apenas em atividades administrativas até a conclusão do procedimento, que pode acarretar em punições como a exclusão deles da corporação.
A SDS não confirmou que os policiais do Batalhão de Choque que atiraram nos olhos do adesivador Daniel Campelo da Silva, 51, e no arrumador de contêiner Jonas Correia de França, 29, não foram afastados.
A manifestação seguia pacífica por toda a manhã do sábado. Foi pouco antes do meio-dia, quando se preparava para concluir o ato, que o grupo foi surpreendido pelos tiros de borracha do Batalhão de Choque. Naquele momento, o secretário da SDS, Antônio de Pádua, e o executivo, Humberto Freire, estavam na Centro Integrado de Comando e Controle Regional (CICCR),onde é possível acompanhar as imagens de todas as câmeras de segurança. Eles estavam lá justamente para monitorar o cumprimento do decreto estadual que proibiu o funcionamento de algumas atividades econômicas no fim de semana para conter a aceleração da covid-19. Pádua, no entanto, não veio a público esclarecer o que fez ao observar a ação violenta dos policiais.