O médico de 54 anos que foi preso após atirar contra vizinhos da varanda de um prédio no bairro de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, em junho deste ano, tornou-se réu por crime de tentativa de homicídio (com agravante de ter sido contra três vítimas). A denúncia do Ministério Público foi aceita pela Justiça na última semana. A juíza Orleide Rosélia Nascimento Silva, da 2ª Vara do Tribunal do Júri Capital, também determinou que o médico passe por exames de sanidade mental.
O acusado, cujo nome está sendo preservado porque há suspeita em relação a possíveis problemas mentais, foi preso em flagrante no dia 24 de junho, horas após os tiros serem disparados contra os jovens, com idades entre 19 e 25 anos. Felizmente, eles não sofreram ferimentos graves. Após ser autuado em flagrante, o médico foi encaminhado para audiência de custódia e, na ocasião, o juiz plantonista responsável determinou que ele fosse encaminhado para o Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico (HCTP).
Já na decisão em que aceitou a denúncia do Ministério Público e solicitou o incidente de insanidade mental, como é chamado o exame, a magistrada destacou as perguntas que precisam ser respondidas. "Deve o perito, além dos esclarecimentos adicionais que achar relevante para definir o grau de imputação do réu, responder aos quesitos que forem formulados pelas partes e os que seguem: 1. O acusado sofre de enfermidade mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado? 2. A enfermidade mental do acusado comprometia a sua responsabilidade criminal ao tempo do fato? 3. Existe nexo causal entre a enfermidade do acusado e o fato tido como criminoso? 4. A doença mental do acusado é posterior à infração? 5. O acusado oferece risco ao convívio social? É violento ou perigoso?".
Se comprovado que o médico tem problemas mentais, o processo será extinto - como determina a lei.
RELEMBRE O CASO
Os três amigos contaram à reportagem da TV Jornal que estavam em uma área comum do edifício quando perceberam o médico, na varanda, já com uma arma na mão. Os jovens ainda tentaram se abrigar, mas um deles e outra moradora ainda ficaram feridos por estilhaços de balas. Os rapazes se mudaram para o prédio há pouco mais de seis meses, e ainda não se sabem a motivação do crime.
"[Ele estava] apontando pistola e começou a gritar 'ajoelha, ajoelha'. A gente pensou que não era conosco, e quando menos esperamos ele começou a atirar. Foi quando a gente se abaixou, abriu a porta do condomínio e subimos. Quando fomos subir a escada da churrasqueira, que dá para o primeiro andar, ele já estava esperando a gente na janela do apartamento, foi quando eu o vi se inclinando com a pistola e disparando. O tiro passou bem perto de mim e do meu amigo", relatou o preparador de documentos Rafael Oliveira, na época.
O supervisor de digitalização Olavo Damasceno ficou ferido no braço e na perna.