A reabertura ao público do varejo de rua, a partir de hoje, com lojas de até 200 metros quadrados, coloca à prova a tendência de estabilização da epidemia de covid-19 observada ao longo dos últimos dias em Pernambuco. O receio de especialistas é que, com o início da flexibilização das restrições de funcionamento do setor, venha uma nova onda de aceleração da curva de casos e mortes por covid-19. Em outros locais do Brasil e do mundo, onde já foram feitos ciclos de relaxamento no isolamento social, houve novas explosões de adoecimento. É por isso que o lema “fique em casa” continua valendo para toda a população pernambucana.
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“A ativação de cada uma das próximas etapas (do Plano de Convivência com a Covid-19), depende unicamente das atitudes de cada um de nós. É uma volta a um novo normal, uma normalidade possível. Ficar em casa, para quem pode, ainda é preciso. Sair, só para o inevitável e sempre reforçando as medidas de higiene pessoal e etiqueta respiratória, que precisam estar incorporadas ao cotidiano”, diz o secretário de Saúde de Pernambuco, André Longo, que ainda reforça a mensagem sobre as condutas da sociedade. “O nosso comportamento hoje será determinante para os nossos próximos passos”, complementa.
O cumprimento das recomendações durante a quarentena rígida (na segunda quinzena de maio), por parte da população, foram essenciais para achatar a curva epidêmica, especialmente no Recife. “Acalmou (a epidemia) porque a gente passou por um processo de fechamento completo de quase tudo. Foram duas semanas de distanciamento extremo, e isso deve ter refletido nos números que vemos agora. A questão é que ainda há muita gente susceptível, que pode ter a doença. O vírus ainda está circulando, e muito. A gente vê casos praticamente em todo o Estado”, ressalta o infectologista Demócrito Miranda, professor da Universidade de Pernambuco (UPE).
O Estado tem, ao todo, 182 dos seus 184 municípios, além da ilha de Fernando de Noronha, atingidos pela pandemia de covid-19. Os únicos sem confirmações são Mirandiba e Manari, no Sertão. A maioria das cidades (91,3%) também registrou pacientes que evoluíram para a forma grave da doença.
Atualmente, está em alerta o sinalizador da situação no interior, onde a demanda por leitos de unidade de terapia intensiva está alta, segundo o governo estadual. Foi por essa condição que 85 municípios do Agreste e da Zona da Mata não entraram na flexibilização das restrições desta semana, diferentemente das demais regiões do Estado onde comércio de rua, salões de beleza e serviços de estética retomam as atividades.
Quem precisar ir às ruas deve continuar com todos os cuidados recomendados desde o início da epidemia, sem esquecer o uso de máscaras. “A gente permanece sem algo novo: não há vacina nem medicação nova. Quem adoece vai continuar também tendo riscos. Então, devemos continuar se reservando o máximo possível em nossas casas, saindo só o necessário, mesmo com esse parcial relaxamento das medidas de distanciamento. É preciso que a população tenha muito bom senso”, frisa Demócrito Miranda.
Ontem a Secretaria Estadual de Saúde confirmou 590 novos casos da covid-19 em Pernambuco. Com isso, são 45.261 pessoas que se infectaram no Estado. Além disso, subiu para 3.855 o número de mortes pela doença.
"Colocamos em prática, desde 8 de junho, o nosso Plano de Convivência com a Covid-19, construído de maneira segura e com base em dados epidemiológicos”, frisa o secretário André Longo. "Nada garante que as pessoas indo às ruas não vão adoecer. É uma hora em que se deve ter cuidado, principalmente quem tem idoso ou demais grupos de risco em casa”, diz o infectologista Demócrito Miranda