Após fechar o mês de março com indicadores que comprovam a aceleração da covid-19, Pernambuco continua com crescimento do número de casos e óbitos, além de manutenção de níveis altos na incidência de quadros graves sugestivos da infecção. Somado a isso, o Estado continua a registrar uma alta taxa de ocupação dos leitos não apenas de terapia intensiva (UTI), mas também de enfermaria nas redes públicas e privadas. Assim como tem ocorrido em todo o Brasil, Pernambuco segue com circulação intensa do novo coronavírus, o que foi iniciado em março, quando se alcançou uma taxa de letalidade, entre os infectados, de 2,4%. Esse indicador se encontrava em torno de 1,6% no fim do ano passado. O índice ainda é menor do que o do Brasil, que teve o último mês com 3% de taxa de letalidade — maior também do que o que foi alcançado em dezembro (1,6%).
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A taxa de letalidade é um termômetro importante para avaliar os efeitos da pandemia porque considera a quantidade de pessoas que morreram pela covid-19 em relação à quantidade de infectados pelo vírus. Trata-se de um conceito diferente de taxa de mortalidade, que avalia o volume de pacientes que morreram pela doença em relação à população total de uma localidade. Ao longo de toda a pandemia, a mortalidade em Pernambuco é de 130 óbitos a cada 100 mil habitantes. No Brasil, esse índice é maior: de 161 mortes por 100 mil habitantes. Essa é uma medida capaz de estimar o quanto uma doença pode impactar uma determinada população. É por isso que os epidemiologistas falam em mortes para cada proporção de habitantes. É muito comum se expressar mortalidade, comparando com lugares diferentes, em número de óbitos para cada 100 mil habitantes, considerando um período de observação.
"No Estado, o aumento da taxa de letalidade era esperado para março porque, mesmo com o lockdown (quarentena mais rígida, de 18 a 31 de março), não houve tempo suficiente para diminuir o número de mortes. Estamos há muito tempo com taxas de ocupação dos leitos de UTI bastante elevadas. O lockdown teria que ser mais duradouro, intenso e rígido para observarmos um efeito mais efetivo (no combate à pandemia)", destaca o epidemiologista Rafael Moreira, pesquisador do Instituto Aggeu Magalhães (unidade da Fiocruz no Estado) e professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Pernambuco.
Só nesta quarta-feira (7), o Estado confirmou mais 2.965 casos de pessoas infectadas pelo novo coronavírus em Pernambuco. Foi o segundo maior número de confirmações em 24 horas desde o início da pandemia, em março do ano passado. O recorde continua o que foi divulgado no último dia 1º, quando a Secretaria Estadual de Saúde (SES) confirmou 2.987 infecções. Com os novos números desta quarta-feira (7), Pernambuco totaliza agora 361.470 registros de pessoas que já foram infectadas pelo novo coronavírus. A preocupação dos especialistas é que, caso essa tendência se mantenha, a pandemia pode permanecer em alta ao longo deste mês, o que fará prolongar a crise sanitária e a pressão nos serviços de saúde.
"Nos últimos dias, Pernambuco tem conseguido manter a estabilidade nos indicadores (casos e mortes). Mas estamos com níveis elevados e permanecemos com vários fatores que mantêm a circulação constante do vírus, a exemplo da liberação de atividades não essenciais. Acredito que este mês de abril ainda será de tristeza para o Brasil como um todo, pois ainda teremos muitas vidas perdidas para a covid-19", considera Rafael Moreira.