O aumento do número de casos da covid-19 no Agreste pernambucano fez a Prefeitura de Caruaru assinar um convênio com a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) para a realização de um monitoramento epidemiológico de variantes do novo coronavírus para melhor controle da pandemia. Até o momento, foram enviadas, ao Núcleo de Pesquisa em Inovação Terapêutica – Suely Galdino (NUPIT-SG), 48 amostras de pessoas de Caruaru (47) e Toritama (1), todos com sintomas da covid-19. Os pacientes estavam internados em hospitais das cidades. Desses, 29 amostras foram selecionadas para a realização do sequenciamento, com apoio de pesquisadores do Instituto Aggeu Magalhães.
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Foi possível sequenciar 27 amostras. Dessas, 26 apresentaram mutações características da variante gama, originária de Manaus e também conhecida como P.1. “A predominância da variante P.1 do SARS-CoV-2 (novo coronavírus) na região do Agreste de Pernambuco é preocupante, em função da presença de mutações que resultam na maior transmissibilidade. Essa variante geralmente provoca quadros mais graves, o que justifica o seu predomínio nos casos avaliados de Caruaru, onde todos os pacientes tinham alterações respiratórias, com demanda de oxigênio”, explicou a professora Michelly Pereira, pesquisadora do Núcleo de Pesquisa em Inovação Terapêutica – Suely Galdino (NUPIT-SG).
Para o reitor da UFPE, Alfredo Gomes, "a parceria busca evidências científicas para responder à emergência em saúde pública, e no seu enfrentamento. Resultados como estes reiteram a relevância da UFPE para o nosso estado e a vida das pessoas, demonstrando mais uma vez o papel das universidades públicas no servir à sociedade".
De acordo com a prefeita de Caruaru, Raquel Lyra, investigar o comportamento do vírus pode ajudar nas estratégias para a contenção da doença. “A partir do momento que a gente tem esse detalhamento, entendemos melhor o comportamento do vírus, sua transmissibilidade e mudança de comportamento sintomático que pode causar nas pessoas infectadas. Quanto mais a gente entende a doença, mais poderemos ter caminhos para evitá-la ou tratá-la”, pontuou.
Ainda de acordo com o relatório, estudos indicam uma alta taxa de mortalidade relacionada à infecção da variante P.1, especialmente devido à superlotação das unidades de terapia intensiva, o que confirma a gravidade da situação dos municípios da região. Em Caruaru, há uma elevação permanente no número de reinfecções, especialmente nos últimos 90 dias, o que pode ser um forte indicativo da presença de outras variantes. “É de extrema urgência a ampliação da cobertura de imunização para a região do Agreste para tentar conter o avanço dos casos de contaminação e salvar vidas”, disse o professor Valdir Balbino, pesquisador do Laboratório de Bioinformática e Biologia Evolutiva (Labbe).