Notícias e análises sobre medicina e saúde com a jornalista Cinthya Leite

Saúde e Bem-estar

Por Cinthya Leite e equipe
COLUNA JC SAÚDE E BEM-ESTAR

Com uma morte a cada dia por câncer de colo do útero, Pernambuco lança estratégia para eliminar a doença

A iniciativa, intitulada Útero é Vida, consiste na realização de rastreamento e acompanhamento de 80 mil mulheres moradoras do Recife e de oito municípios da Zona da Mata Sul do Estado

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Cinthya Leite

Publicado em 15/12/2021 às 19:16 | Atualizado em 16/12/2021 às 14:36
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Causado pela infecção persistente por alguns tipos do papilomavírus humano (HPV), o câncer de colo do útero é o terceiro tumor maligno mais frequente entre as mulheres (atrás do câncer de mama e do colorretal), segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), e a quarta causa de morte de mulheres por câncer no Brasil. Em Pernambuco, os números também são preocupantes: por ano, há mais de 700 novos casos do tumor. Como nova estratégia global para eliminar o câncer que mata uma mulher por dia no Estado, o governador Paulo Câmara lançou, nesta quarta-feira (15), um programa, em parceria com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), para prevenir e tratar a doença.

A iniciativa, intitulada Útero é Vida, consiste na realização de rastreamento e acompanhamento de 80 mil mulheres moradoras do Recife e de oito municípios da Zona da Mata Sul do Estado: Cortês, Amaraji, Lagoa dos Gatos, Ribeirão, Primavera, Tamandaré, São Benedito do Sul e Barreiros. Para o programa, foram investidos R$ 6 milhões. "Em Pernambuco, temos indicadores e números insatisfatórios do câncer de colo de útero, com uma pernambucana morta a cada dia. Existe uma grande necessidade do exame de rastreamento", disse o secretário Estadual de Saúde, André Longo, durante a apresentação do Útero é Vida. Ele ressaltou que, caso detectada em fase inicial, a doença é totalmente curável.

Através do programa, as mulheres serão submetidas a um novo teste de HPV por PCR de baixo custo. As análises dos exames serão feitas com as mesmas máquinas de RT-PCR adquiridas, ao longo da pandemia de covid-19, pelo governo de Pernambuco. Os equipamentos analisarão a coleta do material feita pelo profissional de saúde ou mesmo por meio da autocoleta, a partir de 2022, a fim de ajudar o diagnóstico do câncer do colo de útero. 

O novo teste de HPV por PCR será desenvolvido a partir de uma parceria entre o Instituto de Pesquisas de Biologia Molecular do Paraná (IBMP), o Laboratório de Imunopatologia Keizo Asami (Lika), da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), e o Instituto de Medicina Tropical (IMT), da Universidade de São Paulo (USP). As instituições assinaram, nesta quarta-feira (15), uma carta-acordo. 

Segundo André Longo, a partir dos resultados iniciais obtidos após o rastreamento e acompanhamento no próximo ano, a Secretaria de Saúde de Pernambuco (SES) ampliará o programa para todas as regiões do Estado. O aperfeiçoamento da linha de cuidado passa pelo rastreio e pela detecção da lesão no colo do útero até a assistência na atenção especializada para o tratamento do HPV. Além disso, o programa prevê chegar ao patamar preconizado pela OMS para 2030, de 90% das adolescentes pernambucanas vacinadas contra a doença (HPV), 70% de mulheres rastreadas (de 35 a 45 anos) e 90% das mulheres tratadas.

"O Programa Útero é Vida vai ao encontro do que nós precisamos neste momento, que é a melhoria da saúde pública da nossa população. E nós preparamos a nossa rede, compramos equipamentos, temos uma consultoria técnica junto com a Opas, qualificamos as nossas equipes e agora temos condições de ir a campo junto com os municípios para fazer todo um diagnóstico, os exames, e encontrar as mulheres que precisam da prevenção", destacou Paulo Câmara.

A cerimônia também contou com as presenças da secretária de Saúde do Recife, Luciana Albuquerque; do vice-diretor da Opas, Jarbas Barbosa; da representante da Opas/Organização Mundial de Saúde (OMS) no Brasil, Socorro Gross; da servidora da Secretaria Estadual de Saúde e consultora local SES/OPAS, Letícia Katz; do diretor do Instituto Ageu Magalhães/Fiocruz Pernambuco, Pedro Miguel; e da presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, Jurema Teles.

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