Com a liberação do uso de máscaras contra a covid-19 em ambientes abertos, em Pernambuco, é importante frisar que, independentemente de decreto, há grupos que devem continuar usando esse item de proteção, segundo recomenda entidades médicas.
"A semana epidemiológica que fechou no sábado (26) foi a nossa melhor, desde o início da pandemia. Nunca tivemos uma circulação viral tão baixa. Então, achamos que não haveria momento melhor do que este para se fazer esta intervenção (liberação do uso de máscaras em locais abertos)", disse o secretário de Saúde de Pernambuco, André Longo, em coletiva de imprensa nesta terça-feira (29).
Na ocasião, ele disse que a medida (desobrigação do uso de máscara) ainda precisa ser vista com cautela porque há grupos que não devem relaxar com os cuidados preventivos não farmacológicos. "A posição da Sociedade Brasileira de Infectologia (e o governo do Estado se baseou nela para liberar o item de proteção) é de que é possível liberar a máscara, desde que se tomem alguns cuidados em relação a públicos mais vulneráveis, que devem continuar usando máscara. Eu estou neste grupo. Estou no critério de IMC (índice de massa corporal) maior do que 40."
O secretário reforça que atualmente a condição de obesidade e a de trabalhador da saúde (esta última favorece a exposição ao vírus pelo contato direto com pacientes) estão entre vulnerabilidades a casos graves de covid-19. Por isso, é necessário fazer uso da máscara, mesmo em ambientes abertos, diante dessas condições.
Neste atual cenário epidemiológico, a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) defende que esses grupos devem usar máscaras como medida de proteção individual:
- Pessoas sintomáticas (sintomas de resfriado/gripe);
- Pessoas que estejam potencialmente em contato com quem possa estar transmitindo o vírus. Entre elas, profissionais de saúde, trabalhadores de serviço de atendimento ao público, parentes de pacientes sintomáticos;
- Não vacinados contra a covid-19 ou que receberam imunização incompleta (menos de três doses, quando indicada a dose de reforço). Devem manter o uso de máscaras em ambientes com aglomeração de pessoas, em especial locais fechados e de longa permanência;
- Imunossuprimidos: pessoas com imunodeficiência primária grave, quimioterapia para câncer, transplantados de órgão sólido ou de células tronco hematopoiéticas em uso de drogas imunossupressoras, pessoas que vivem com HIV com contagem de CD4 menor que 200, uso de
corticoides em doses maiores que 20 mg/dia de prednisona (ou equivalente) por um período acima de 14 dias, uso de drogas modificadoras da resposta imune (imunomodulares ou imunobiológicos), doenças autoimunes em atividade e pacientes em hemodiálise. Devem manter o uso de máscaras em ambientes com aglomeração de pessoas, em especial locais fechados e de longa permanência; - Pessoas idosas, a partir de 60 anos (principalmente maiores que 70 anos), em especial com presença de doenças crônicas, como hipertensão arterial e diabetes não controladas, obesidade, câncer, doença renal crônica, cirrose hepática, doenças pulmonares crônicas (DPOC, enfisema e asma, entre outras), tabagismo, doenças cardiovasculares prévias e doenças hematológicas, entre outras. Devem manter o uso de máscaras em ambientes com aglomeração de pessoas, em especial locais fechados e de longa permanência;
- Gestantes com ou sem comorbidades. Devem manter o uso de máscaras em ambientes com aglomeração de pessoas, em especial locais fechados e de longa permanência.
"Então, seguindo a SBI, as pessoas mais vulneráveis, mais expostas, ainda devem, sim, ter o cuidado de usar a máscara, mesmo em ambientes abertos. E aí, é preciso entender... Se a pessoa está sozinha, em caminhada, há um ambiente mais seguro. Mas se alguém vai sair e conviver com um conjunto de pessoas e tem uma condição de vulnerabilidade, é recomendado sempre estar com a máscara, que pode ajudar mesmo que seja num espaço aberto", frisa André Longo.
Assim, ele acredita ser prudente que usem máscaras as pessoas com alguma suscetibilidades a agravamento pelo coronavírus ou que ainda não completaram o ciclo vacinal. "Mas para quem não tem vulnerabilidade ou não está exposto (a situações de risco para a infecção), a retirada da obrigatoriedade da máscara nada mais é do que investir em educação sanitária", salienta Longo.
A Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) também recomenda manutenção do uso de máscaras por todas as pessoas nestes locais com maior risco de transmissão do coronavírus:
- Locais fechados com aglomeração frequente: transporte público (trens, metrô, ônibus e correlatos). Em locais onde houver grandes aglomerações, principalmente em determinados horários de pico como agências bancárias, repartições públicas, lotéricas e instituições de ensino, entre outros;
- Locais abertos, quando houver aglomeração: pontos de ônibus, filas de atendimento de serviços públicos ou privados, ruas que funcionam como corredores comerciais e outros lugares com características semelhantes;
- Serviços de saúde: unidades básicas de saúde, clínicas ou hospitais públicos ou privados.
Decisão de cada um
Segundo a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), locais abertos ou fechados que não promovem aglomeração são atualmente de baixo risco de transmissão do coronavírus, e o uso de máscaras nesses locais deve ser de decisão individual, quando permitido pela legislação local.
Efetividade de proteção das máscaras
A lista abaixo, segundo a SBI, exibe de forma decrescente a eficácia de diferentes tipos de máscaras
em proteger contra a transmissão do coronavírus:
- Máscaras N95 ou PFF2
- Máscaras cirúrgicas ou KN95
- Máscaras de tecido com dupla ou tripla face