Com informações do Estadão
O número de brasileiros que enfrenta a depressão é maior do que a quantidade de pessoas que sofrem com diabetes, doença crônica que é considerada muito comum. Os dados são da Pesquisa Vigitel 2021, divulgada na semana passada pelo Ministério da Saúde.
Segundo o estudo, cerca de 11,3% dos brasileiros disseram ter diagnóstico médico de depressão. O percentual de pessoas com diabetes é de 9,1%, de acordo com a pesquisa. Esta é a primeira vez que o levantamento Vigitel, feito anualmente sobre a saúde das capitais, traz números da depressão.
"Existe muito preconceito, da mesma forma que nós tínhamos no passado um preconceito do paciente de não querer usar insulina, toda vez que se falava em insulina para o paciente com diabetes, ele resistia, e isso levava muitos médicos a deixarem o paciente descontrolado, porque ele não queria usar insulina, dizia que era ruim. Da mesma forma, os pacientes não aceitam que os sintomas de uma depressão leve são mais sintomas físicos", comentou o endocrinologista Francisco Bandeira, em entrevista à Rádio Jornal.
De acordo com o médico, entre os sintomas da depressão leve estão moleza, indisposição, alterações no apetite, insônia, ansiedade, entre outros. Quadros mais graves incluem tristeza profunda e até pensamentos suicidas.
"Toda vez que nós fazemos um diagnóstico de depressão, a maioria dos pacientes nega: 'Não pode, eu estou bem, não tenho motivo'. Mas, evidentemente, aqueles que aceitam, que tratam, evitam que a doença progrida", pontua.
Para Bandeira, é essencial identificar a doença em fases iniciais e procurar assistência médica. "Identificar a depressão cedo e aceitar o diagnóstico, porque as medicações são bastante eficientes para esse tipo de paciente. Você ter uma depressão resistente ao tratamento é menos comum. O mais comum é que a grande maioria que tem depressão leve a moderada responde às medicações".
Impactos da pandemia a covid-19
Os pesquisadores responsáveis pela pesquisa Vigitel acreditam que o aumento de diagnósticos de depressão em 2021 está relacionado à pandemia da covid-19, apesar de reconhecerem que não há uma única explicação para a escalada.
No levantamento, foi possível observar ainda que a frequência de adultos com diagnóstico médico de depressão variou entre as capitais. O percentual maior está em Porto Alegre, com 17,5%, e o menor em Belém, de 7,2%.
Além disso, os números mostram que a depressão é uma doença que afeta mais as mulheres do que os homens, e os percentuais entre as faixas etárias são semelhantes.