Casos de srag chegam ao mesmo patamar de março em Pernambuco, mas ainda distante da onda ômicron

Em Pernambuco, a taxa de ocupação dos leitos públicos de UTI voltados para srag alcança os 75%, com quase 500 pacientes internados
Cinthya Leite
Publicado em 12/06/2022 às 19:02
TESTAGEM Registros de covid-19 também estão em alta em Pernambuco, mas a maioria dos casos de covid-19 se mantém leves devido à vacinação Foto: BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM


Em meio à subida dos casos de covid-19 (a maioria leves), Pernambuco começa a ter aumento no número de quadros respiratórios graves. Segundo boletim epidemiológico da Secretaria Estadual de Saúde (SES), divulgado neste domingo (12), a última semana epidemiológica (de 5 a 11 de junho) apresentou o maior volume de pessoas com síndrome respiratória aguda grave (srag) desde o fim de março.

Na última semana, foram notificados 380 casos de srag. Desses, 20 já tiveram resultado positivo para covid-19. Esses números também são maiores do que os registrados na semana de 29 de maio a 4 de junho, com aumento de 17,6% para srag e de 33,3% para srag causado pelo coronavírus. 

O dado atual de srag ainda está longe do que foi visto na aceleração da ômicron, em dezembro de 2021 e janeiro deste ano. Porém, o cenário de instabilidade já deixa as autoridades e os profissionais de saúde em alerta

Em Pernambuco, a taxa de ocupação dos leitos públicos de terapia intensiva (UTI) voltados para srag alcança os 75%, com quase 500 pacientes internados.

Com a anterior queda nos indicadores da covid-19, o governo estadual desmobilizou parte das vagas que havia sido abertas. Com isso, atualmente Pernambuco conta com 673 leitos de UTI na rede público. Eles são ocupados por pessoas com infecções causadas por covid-19 e por outras doenças respiratórias. Até o momento, a gestão estadual não se manifestou em relação a uma possível reativação de vagas para srag

Na última quinta-feira (9), a Secretaria de Saúde de Pernambuco (SES) voltou a confirmar mais de mil casos diários de covid-19. Ao todo, naquela data, foram 1.166 registros de pessoas infectadas pelo coronavírus. A alta ocorre num momento em que o Estado vivencia um incremento no volume de casos (especialmente leves) da doença e interrompe uma sequência de quase 50 dias consecutivos com confirmações de covid-19 abaixo de mil.

A sexta-feira (10) e o sábado (11) também acumularam mais de mil registros diários de covid-19, com 1.043 e 1.126 confirmações da doença, respectivamente. Neste domingo, foram 884 confirmações do coronavírus. Em todos os dias, menos de 1% do total de casos foi de srag. 

No último dia 6, o secretário de Saúde de Pernambuco, André Longo, falou à Rádio Jornal que observado um aumento na positividade dos testes de covid 19 no Estado, mas "ainda em patamares de controle, abaixo de 5% (de positividade) nos testes de RT-PCR. É especialmente um crescimento de casos leves".

Além disso, também na semana que passou, a SES reforçou que tem monitorado o cenário epidemiológico da covid-19 e que tem enviado periodicamente, aos municípios pernambucanos, testes rápidos de antígeno para que as gestões locais fortaleçam suas estratégias. 

"Neste momento em que percebemos um aumento da positividade da covid-19, é importante que os municípios intensifiquem a testagem, abrindo novos centros e solicitando mais testes ao Estado. É importante lembrar que as doenças respiratórias estão na sazonalidade. Então, precisamos identificar os vírus e isolar os casos positivos de covid", diz a secretária-executiva de Vigilância em Saúde da SES, Patrícia Ismael.

Os sintomas da covid-19 continuam graves?  

Diferentemente do pacientes atendidos nas primeira e segunda onda de covid-19 (2020 e 2021), quem agora é infectado pelo coronavírus apresenta sintomas no trato respiratório superior (nariz, faringe, laringe ou traqueia).

Os sintomas incluem coriza, tosse seca, congestão nasal e tosse seca. "É algo como se fosse uma rinite. Isso complica bastante o diagnóstico daquele paciente com rinite que, de vez em quando, tem uma exacerbação. Então, ele está tossindo mais e nariz entupido. Para ele, aquilo é normal, mas pode ser uma infecção", explica o pneumologista Isaac Secundo, do Real Hospital Português (RHP).

Esse ponto mencionado pelo médico também nos faz considerar é que, em meio a um aumento de pessoas com sintomas respiratórios e à estagnação da vacinação contra covid (especialmente em relação à terceira dose), há quem erroneamente opte por não fazer o teste, mesmo com quadro gripal leve. Infelizmente a falsa sensação de que a pandemia acabou tem contribuído para comportamentos desse tipo.

"Mas não vemos tanta exuberância daqueles casos de pulmão ruim. É difícil pegar uma tomografia (de paciente com covid) e ver um comprometimento pulmonar severo. Lógico que há aqueles pacientes que precisam de antibiótico e internamento, mas isso não é o mais comum mais", esclarece Isaac.

O pneumologista destaca que os casos de agravamento são de pessoas ainda não imunizadas e daquelas que estão com esquema vacinal incompleto. "É aquele que tomou duas doses e, quando deveria tomar a terceira, perdeu a data, viajou... Hoje é muito difícil ver uma pessoa tomar as doses recomendadas e agravar", acrescenta. 

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