Adolescentes que dormem menos de oito horas por noite estão mais suscetíveis a desenvolver obesidade, segundo estudo do Centro Nacional de Pesquisa Cardiovascular da Espanha.
A investigação analisou 1.229 adolescentes ao longo de quatro anos. Todos iniciaram na pesquisa com 12 anos e estudam em escolas públicas secundárias na Espanha.
O grupo de participantes continha aproximadamente a mesma quantidade de meninos e meninas, que foram revisitados aos 14 e aos 16 anos.
Os resultados do estudo de distúrbios do sono foram apresentados em Barcelona, no Congresso da Sociedade Europeia de Cardiologia.
COMO FOI REALIZADO O ESTUDO DE DISTÚRBIOS DO SONO?
A pesquisa definiu como ‘dormidores muito curtos’ os estudantes que tinham menos de 7 horas de sono por noite, ‘dormidores curtos’ de 7 a 8 horas e ‘ótimos’ quem dormia por 8 horas ou mais.
A noite de sono dos participantes foi medida ao longo de sete dias com um rastreador de atividade vestível, o qual calculava a pontuação de síndrome metabólica contínua de cada um.
Dessa forma, foram levados em consideração os níveis de glicose e lipídios no sangue, a pressão arterial e até a circunferência da cintura dos estudantes para avaliar os distúrbios do sono.
QUAL A QUANTIDADE DE HORAS DE SONO IDEAL?
O estudo determinou a quantidade de 8 horas de sono por noite como ideal.
Foi concluído que apenas 34% dos participantes com 12 anos dormiam cerca de oito horas por noite, quantidade que diminuiu com o passar dos anos.
Dos adolescentes de 14 anos, só 23% atingiu essa meta, enquanto o resultado dos de 16 anos foi ainda pior, correspondendo a 19%.
Além disso, foi identificado que aqueles que dormiam menos de oito horas por noite apresentavam níveis anormais de lipídios e glicose no sangue, pressão alta e excesso de gordura.
Sendo assim, os participantes com que dormiam pouco tinham mais chances de ter sobrepeso e obesidade em uma escala de 19% a 29%.
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QUAL A RELAÇÃO DOS DISTÚRBIOS DO SONO COM A OBESIDADE?
Antes do estudo concluir a associação entre os distúrbios do sono com o sobrepeso/obesidade, também foi criado um recorte social para ampliar a pesquisa.
Nessa análise, foram computados dados sobre a escolaridade dos pais dos adolescentes, atividades físicas praticadas, consumo de energia, status migrante, tabagismo, cidade de origem e escola.
“O excesso de peso e a síndrome metabólica estão associados às doenças cardiovasculares, o que sugere que os programas de promoção da saúde nas escolas devem ensinar bons hábitos de sono”, explicou o líder do grupo de Laboratório de Imagem e Saúde Cardiovascular, Rodrigo Fernandez-Jiménez.
Segundo os resultados dos cálculos do índice de massa corporal (IMC) dos adolescentes, 27% do grupo de 12 anos deles estava com sobrepeso ou obesidade.
Um total de 24% dos participantes de 14 anos apresentavam essa mesma condição e, da parcela de 16 anos, 21% correspondia a porcentagem com obesidade ou sobrepeso.
A obesidade foi 72% mais provável naqueles que dormiram menos que o ideal, por conta de possível distúrbio do sono, aos 12 e 14 anos.
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Além disso, os ‘dormidores muito curtos’ e os ‘dormidores curtos’, de 12 a 14 anos apresentaram pontuações médias mais altas de síndrome metabólica aos em comparação aos ‘dormidores ótimos’.