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Saúde e Bem-estar

Por Cinthya Leite e equipe
PÓLIO

POLIOMIELITE: o risco de reaparecimento de uma doença que leva à PARALISIA IRREVERSÍVEL e pode ser fatal

A poliomielite é uma doença grave, que pode levar à paralisia dos membros inferiores e até levar à morte

Cadastrado por

Cinthya Leite

Publicado em 06/09/2022 às 17:19 | Atualizado em 06/09/2022 às 17:36
É preciso aumentar as coberturas vacinais contra poliomielite, principalmente de 1 a 4 anos - GUGA MATOS/JC IMAGEM

Comumente chamada de pólio, a poliomielite é uma doença altamente contagiosa causada pelo poliovírus selvagem. Em uma a cada 200 infecções, o vírus destrói partes do sistema nervoso e causa paralisia permanente nas pernas ou braços. Embora seja raro, o vírus pode atacar as partes do cérebro que ajudam a respirar, o que pode levar à morte.

Existe vacina contra a poliomielite. Mas infelizmente a cobertura está bem longe da meta preconizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), de 95%, para manter o controle de uma doença que pode causar paralisia irreversível (geralmente das pernas). Essa condição, por sinal, acomete uma em cada 200 infecções. Entre os que adoecem, 5% a 10% morrem por paralisia dos músculos respiratórios. 

Duas a dez, em cada 100 crianças com poliomielite paralítica, morrem devido à paralisia que afeta os músculos que as ajudam a respirar. 

Enquanto existir uma criança infectada, as demais, de todos os países, correm o risco de ter a poliomielite.

O reaparecimento da poliomielite, no atual cenário de baixas coberturas vacinais, é um fantasma que assombra o Brasil. 

Até o momento no Brasil, nesta Campanha Nacional de Vacinação, apenas 34,4% do público-alvo (crianças entre seis meses e 4 anos) foram imunizados com 3,9 milhões de doses aplicadas.

A meta é chegar a 95% do público de 11,5 milhões de crianças. Lamentavelmente mais da metade delas, 7,5 milhões, ainda não receberam a vacina da contra poliomielite. 

Qual o cenário da poliomielite em Pernambuco? 

Em Pernambuco, segundo levantamento do Programa Estadual de Imunizações (PNI-PE), a cobertura geral vacinal da poliomielite é de 46,87%.

"Os esforços dos municípios com o apoio do Estado têm surtido efeito nas coberturas das populações prioritárias, mas, mesmo assim, ainda não conseguimos atingir a meta, o que é preocupante, pois deixamos um grande contingente de suscetíveis", alerta o secretário Estadual de Saúde, André Longo.

No Estado, 538.868 crianças de 1 a 4 anos de idade estão aptas a receber a vacina de proteção contra a poliomielite. Nessa faixa etária, a imunização é de modo indiscriminado - ou seja, independentemente de situação vacinal anterior (de ter ou não tomado a vacina antes).

"As coberturas vacinais abaixo da meta preconizada pelo Ministério da Saúde (MS), que é de 95%, elevam o risco de reintrodução de doenças, como a poliomielite, em nosso território, e possibilita o surgimento de bolsões de crianças e adolescentes desprotegidas contra as doenças consideradas imunopreviníveis", afirma a superintendente de Imunizações do Estado, Ana Catarina Melo.

O que causa a poliomielite?

A poliomielite é uma doença altamente infecciosa causada por um vírus que invade o sistema nervoso e pode causar paralisia total em questão de horas. 

"A poliomielite tem, em seu histórico, o acometimento de muitas crianças nas décadas de 1970 e 1980. Após o grande uso da vacinação, nós reduzimos e não tivemos mais nenhum caso há mais de 30 anos no Brasil", destaca a superintendente de Imunizações do Estado, Ana Catarina de Melo - MIVA FILHO/SES

O vírus é transmitido de pessoa a pessoa por via fecal-oral ou, menos frequentemente, por um meio comum (água ou alimentos contaminados, por exemplo) e se multiplica no intestino. 

Como a poliomielite se manifesta? Quais os sintomas?

É importante suspeitar poliomielite em crianças não vacinadas ou parcialmente vacinadas com sintomas semelhantes aos da gripe (febre, dores musculares, dores de cabeça, falta de apetite) e que parecem estar se recuperando e se sentindo melhor, mas passados de dois a cinco dias, apresentam dor de cabeça, febre, dores musculares intensas, movimentos musculares involuntários e uma sensação de formigamento nas pernas ou braços.

Outro detalhe é que, de um a dois dias depois, há diminuição da força nas pernas ou braços e dificuldade para andar. A diminuição da força progride rapidamente para a paralisia, que geralmente é desigual entre os membros afetados.

Qual a idade para tomar a vacina da poliomielite?

A melhor maneira de prevenir a infecção é se vacinar contra a poliomielite. A imunização se destina a crianças com menos de 5 anos. Para que adquiram imunidade contra o poliovírus, é necessário que recebam várias doses da vacina.

O objetivo da campanha contra poliomielite é vacinar, no mínimo, 95% das crianças de 1 ano a menores de 5 anos - WELINGTON LIMA/JC IMAGEM

Quais são as vacinas usadas contra a pólio?

Dois tipos de vacinas contra a poliomielite são usadas na Região das Américas: a vacina oral atenuada (OPV, por sua sigla em inglês) e a vacina injetável inativada (IPV).

A vacina OPV continha os três tipos de poliovírus. Após a declaração de erradicação do poliovírus selvagem tipo 2, em 2016, o sorotipo 2 foi retirado.

Apenas a vacina OPV com sorotipos 1 e 3, conhecida como bOPV, foi continuada. Os países estão substituindo gradualmente a vacina bOPV pela vacina IPV.

A vacina contra a poliomielite é segura?

Sim, as vacinas contra pólio são muito seguras e eficazes para proteger contra a doença. 

Como está a vacinação contra poliomielite no Brasil? 

Atualmente, no ranking dos Estados que conseguiram vacinar mais da metade da população-alvo, estão apenas dois: Alagoas (50,8%) e Sergipe (50.5%). Em seguida, despontam Santa Catarina (47,6%) e Paraíba (46.6%).

Já entre os Estados que menos vacinaram crianças contra a poliomielite, estão Roraima (12,8%), Acre (17%) e Rio de Janeiro (17,1%).

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