Dormir mal prejudica o organismo e compromete a regulação emocional e do humor.
Afinal, o sono é fundamental para o fortalecimento do sistema imunológico, o equilíbrio do metabolismo e a renovação das energias. Por isso que
Dessa maneira, dormir mal contribui para desencadear transtornos mentais como ansiedade e depressão.
"A privação de sono provoca a desestabilização do cérebro. Por isso que dormir mal pode levar pacientes com predisposição a desenvolver transtornos psiquiátricos", explica a médica Sandra Doria, do Instituto do Sono.
Um estudo publicado em 2022, na revista científica Sleep Research, apontou que a insônia pode ser fator de risco, comorbidade e sintoma de muitos problemas mentais, incluindo transtornos de humor, ansiedade e esquizofrenia.
Elaborado por pesquisadores da Universidade de Ferrara, na Itália, o artigo científico sugere que o tratamento da insônia pode restabelecer os processos normais de sono e contribuir para a redução do estresse.
"Priorizar o sono é uma das formas de evitar e tratar essas doenças (como ansiedade e depressão)", orienta Sandra.
DORMIR MAL: VEJA ENTREVISTA SOBRE INSÔNIA
DORMIR MAL ANSIEDADE
A ansiedade está entre as doenças mentais afetadas pelos distúrbios de sono.
Um levantamento realizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) considerou o Brasil o país com maior porcentual de ansiosos das Américas.
O transtorno atinge 18,6 milhões de pessoas, o equivalente a 9,3% da população.
A ansiedade se caracteriza pela preocupação intensa, exacerbada e persistente associada ao medo de situações cotidianas.
Estudos epidemiológicos revelam que cerca de 50% de indivíduos ansiosos apresentam distúrbios de sono, principalmente a insônia, e tendem a dormir mal.
Essas pessoas podem também ter dificuldade para adormecer e apresentar sono mais fragmentado, superficial e reduzido.
DORMIR MAL SINTOMAS
A médica Sandra Dori observa que a relação entre a insônia e a ansiedade é bidirecional.
"O paciente ansioso deita na cama, começa a ruminar pensamentos, avalia o que fez durante o dia e planeja as atividades do dia seguinte. Com isso, não consegue relaxar e dormir", diz a médica.
"Como dormiu mal, acorda preocupado porque não vai trabalhar direito. Fica mais agressivo, irritado e impaciente", complementa Sandra.
Assim, o processo de dormir mal acaba se transformando em um círculo vicioso.
DORMIR MAL PODE CAUSAR DEPRESSÃO
O levantamento da OMS mostrou que a depressão é menos prevalente que a ansiedade no Brasil.
Mesmo assim, a depressão acomete 11,5 milhões de pessoas, o correspondente a 5,8% da população.
O volume de casos coloca o Brasil como o segundo país com o maior número de pessoas com depressão das Américas, ficando atrás apenas dos Estados Unidos.
A depressão é marcada por sentimentos de tristeza e culpa, perda de interesse ou prazer, baixa autoestima, distúrbios de alimentação, sensação de cansaço e falta de concentração.
Um estudo publicado em 2022, na revista científica da Sociedade Internacional de Transtornos Afetivos, avaliou 25.962 pessoas com depressão.
Desse total, 50,8% são mulheres com idade média de 48 anos.
FAZ MAL DORMIR MENOS DE 6 HORAS POR DIA?
De acordo com a pesquisa, os participantes com duração de sono inferior a 6 horas tiveram 1,86 vezes mais incidência de depressão, em comparação aos que dormiram entre 7 e 9 horas.
O risco diminuiu para 1,49 vezes nos pesquisados que dormiram mais de 9 horas.
"O estudo mostrou que tanto o pequeno, como o grande dormidor apresentam risco aumentado para depressão", alerta Sandra Doria.
Segundo a médica, pessoas com depressão são mais propensas a ter insônia no meio da noite: acordam precocemente e não conseguem voltar a dormir.
Ou seja, dormir mal é um distúrbio de sono que precisa ser tratado paralelamente à depressão.
Caso contrário, cresce o risco de recorrência do transtorno mental após o tratamento.
O QUE DORMIR MAL PODE CAUSAR?
Assim como a ansiedade, a relação entre depressão e insônia é bidirecional.
"A pessoa não consegue dormir à noite por causa da depressão. E, no dia seguinte, acorda desanimada porque passou a madrugada tentando dormir", esclarece a médica.
Um estudo da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, apontou que o tratamento de distúrbios de sono pode melhorar o estado geral do paciente e prevenir futuros episódios de depressão.