A gestação é um período repleto de experiências únicas e transformadoras, exigindo cuidados especiais para garantir a saúde tanto da mãe quanto do bebê. Durante esse período, o acompanhamento médico é essencial, especialmente para a prevenção e o tratamento de condições que podem surgir, como a diabetes gestacional.
Você sabe o que é diabetes gestacional e como identificá-la? A seguir, entenda essa condição e como ela é tratada.
O que é diabetes gestacional?
A diabetes gestacional é uma condição metabólica que resulta em hiperglicemia (níveis elevados de glicose no sangue) devido a irregularidades na produção e/ou ação da insulina no corpo. Em outras palavras, é uma forma de diabetes caracterizada por qualquer grau de intolerância à glicose em gestantes que apresentavam níveis normais de glicemia antes da gravidez.
Caso seja diagnosticada com essa condição, a mulher grávida precisa iniciar o tratamento imediatamente, uma vez que a doença pode acarretar uma série de complicações.
Quais são os fatores de risco para diabetes gestacional?
Embora qualquer mulher possa desenvolver diabetes gestacional durante a gravidez, alguns fatores podem aumentar o risco. Entre eles, destacam-se:
- Idade materna nos extremos (menos de 14 e mais de 35 anos);
- Pré-diabetes, também conhecida como "tolerância diminuída à glicose";
- Histórico familiar ou pessoal de diabetes em gestações anteriores;
- Bebês com peso acima de 4kg em gestações anteriores;
- Histórico de óbito fetal em gestações anteriores;
- Síndrome dos ovários policísticos;
- Sobrepeso ou obesidade;
- Ganho excessivo de peso durante a gestação;
- Hipertensão arterial.
O que causa diabetes durante a gestação?
A diabetes gestacional é caracterizada pela falta de produção de insulina necessária para controlar os níveis de açúcar no sangue. Essa deficiência na produção hormonal resulta na diminuição da absorção da glicose como fonte de energia, levando ao acúmulo excessivo do nutriente.
No entanto, é importante ressaltar que esse desequilíbrio ocorre de forma individualizada e nem todas as gestantes serão afetadas. Aquelas que apresentam resistência à insulina antes da gravidez têm maior propensão a desenvolver a doença, mas cada caso deve ser avaliado individualmente.
Produção de insulina e níveis de açúcar no sangue
Durante a gravidez, o organismo passa por diversas adaptações hormonais para permitir o desenvolvimento adequado do bebê. A placenta, por exemplo, produz uma variedade de hormônios que interferem na ação da insulina, responsável por transportar a glicose dos alimentos para as células. Para compensar esse desequilíbrio, o pâncreas aumenta a produção de insulina.
No entanto, em algumas gestantes, esse processo ocorre de forma desregulada, resultando em níveis elevados de glicose na corrente sanguínea, o que leva ao desenvolvimento da diabetes gestacional. Essa condição representa um risco para a saúde do bebê, que recebe um excesso de glicose por meio da placenta. Isso pode sobrecarregar o pâncreas do bebê, levando ao ganho de peso além do normal, conhecido como macrossomia fetal, e a outras complicações possíveis.
Mas por que isso acontece? Normalmente, no terceiro trimestre da gravidez, a demanda nutricional da mãe aumenta, levando-a a consumir mais carboidratos para fornecer glicose suficiente para o bebê, enquanto o organismo tenta regular a glicemia por meio da insulina.
No entanto, devido aos hormônios da gravidez, a produção de insulina pelo pâncreas pode ser suprimida, resultando em níveis elevados de glicose, o que leva ao desenvolvimento da diabetes gestacional.
Quais são os sintomas da diabetes gestacional?
Na maioria dos casos, a diabetes gestacional não apresenta sintomas perceptíveis. Por esse motivo, é fundamental monitorar os níveis de glicemia durante toda a gravidez. No entanto, alguns sinais podem surgir, tais como:
- Ganho excessivo de peso na gestante ou no bebê;
- Boca seca e sede excessiva;
- Vontade frequente de urinar;
- Náuseas e visão turva;
- Cansaço excessivo;
- Aumento do apetite.
Como é feito o diagnóstico da diabetes gestacional?
O diagnóstico da diabetes gestacional geralmente é realizado no segundo ou terceiro trimestre da gestação. O teste de diabetes é uma prática comum para proteger a saúde da mãe e do bebê e pode ser realizado entre a 24ª e a 28ª semana de gestação. No entanto, mulheres com maior risco de diabetes gestacional podem ser testadas mais cedo.
O objetivo do teste é comparar os níveis de glicose no sangue no início da gestação (primeira consulta) com os níveis posteriormente. Quando uma mulher apresenta níveis elevados de glicose no início da gestação, isso pode indicar diabetes tipo 1 ou 2, em vez de diabetes gestacional.
A interpretação dos resultados dos exames depende do momento da coleta e do tipo de exame realizado. Na primeira consulta de pré-natal, o teste é realizado em jejum, e os valores que indicam complicações são:
- Glicemia 126 mg/dl ou Hba1c 6,5%: sugere o diagnóstico de diabetes mellitus prévio à gestação;
- Glicemia entre 92 mg/dl e 125 mg/dl: sugere o diagnóstico de diabetes mellitus gestacional.
Durante a gestação, entre a 24ª e a 28ª semana, é realizado o teste de curva glicêmica, também em jejum. As alterações são observadas quando:
- Glicemia em jejum 92 mg/dl;
- Glicemia 1 hora após sobrecarga 180 mg/dl;
- Glicemia 2 horas após sobrecarga 153 mg/dl.
Os resultados acima indicam a presença de diabetes gestacional, sendo que a constatação de um deles é suficiente para o diagnóstico da doença. A partir disso, o médico prescreve o tratamento adequado para a paciente.
Qual é o tratamento para diabetes gestacional?
A rotina alimentar das gestantes deve ser monitorada por um nutricionista para garantir a saúde tanto da mãe quanto do bebê. Quando uma mulher é diagnosticada com diabetes gestacional, os cuidados devem ser redobrados. No entanto, antes de qualquer prescrição, o médico deve conhecer bem a paciente.
Informações como idade, histórico médico, estado de saúde atual e gravidade da doença são consideradas para compreender a condição da paciente. Em seguida, investiga-se a tolerância da mãe a medicamentos, procedimentos e terapias específicas. Com base nesses dados e nas expectativas para o curso da doença, o médico elabora um plano de tratamento personalizado.
A paciente deve colaborar comparecendo a todas as consultas e seguindo o plano de tratamento prescrito pelo profissional, que normalmente envolve uma dieta balanceada, a prática regular de exercícios físicos e, em alguns casos, o uso de medicamentos, como a administração de insulina subcutânea.
É importante destacar que a diabetes gestacional é reversível após o parto. No entanto, o tratamento requer o comprometimento da mãe com hábitos saudáveis, como uma alimentação com baixo índice glicêmico, a redução do consumo de açúcar e carboidratos simples, a prática regular de atividade física para manter os níveis de glicose equilibrados e, se necessário, o uso de medicamentos hipoglicemiantes orais ou insulina.
Portanto, o tratamento é conduzido por uma equipe multidisciplinar composta por obstetras, nutricionistas e endocrinologistas. Abaixo, algumas recomendações desses profissionais são destacadas.
- Monitore seus níveis de açúcar no sangue
O médico pode solicitar que você verifique seus níveis de açúcar no sangue com frequência, geralmente de 4 a 5 vezes por dia. Embora possa parecer difícil, essa prática é essencial para a saúde da gestação.
- Mantenha uma dieta saudável
Uma dieta equilibrada é crucial para a saúde da mãe e do bebê. Siga o plano alimentar prescrito pelo nutricionista, que levará em consideração suas necessidades específicas.
- Pratique exercícios físicos regularmente
A atividade física regular é benéfica para controlar os níveis de glicose no sangue e promover o bem-estar geral durante a gravidez.
- Faça uso de medicação, se necessário
Em alguns casos, pode ser necessário iniciar o tratamento com medicamentos para controlar os níveis de glicose no sangue. Seu médico irá orientá-la sobre o uso adequado desses medicamentos.
- Faça um acompanhamento rigoroso da sua saúde e do bebê
Acompanhe de perto o desenvolvimento do bebê por meio de exames de sangue e ultrassonografias regulares.
Como prevenir a diabetes gestacional?
Para prevenir a diabetes gestacional, mantenha uma alimentação saudável e equilibrada, pratique atividades físicas regularmente e controle o ganho de peso durante a gravidez. Após a gravidez, continue seguindo hábitos saudáveis de alimentação e atividade física para evitar o desenvolvimento da doença.
Não deixe de comparecer às consultas de pré-natal e fazer os exames de rotina recomendados pelo médico para garantir uma gestação saudável para você e seu bebê.
*Com informações de Unimed