Um homem suspeito de participação no latrocínio (roubo seguido morte) do juiz Paulo Torres Pereira da Silva, de 69 anos, do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), se entregou à polícia nessa terça-feira (7). Segundo a Polícia Civil, já havia um mandado de prisão contra ele.
A assessoria da Polícia Civil não quis informar o nome e idade do suspeito. Mas, diferentemente do que ocorria, desta vez confirmou que a morte do magistrado, de fato, foi um latrocínio.
"Mais detalhes serão apresentados oportunamente após a conclusão do inquérito policial", disse a corporação, por meio de nota.
Paulo Torres foi morto com um tiro na cabeça após ter o carro interceptado a cerca de 300 metros da casa dele, no bairro de Candeias, em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife, na noite de 19 de outubro deste ano. Câmeras de segurança mostraram o momento da abordagem e o instante em que o veículo do magistrado bate em um muro - após o tiro.
OUTRAS PRISÕES
Quatro dias após o crime, três suspeitos foram presos pela polícia na praia de Enseada dos Corais, no Cabo de Santo Agostinho: Kauã Vinícius Alves da Rocha, de 19 anos, Esdras Ferreira de Lima, 21, e Alcides da Silva Medeiros Júnior, 20.
Segundo as investigações iniciais, apenas Kauã teria participado da abordagem ao juiz. Os outros dois estariam descaracterizando o carro usado no crime. Este veículo, inclusive, havia sido roubado no dia 3 de outubro no Cabo de Santo Agostinho.
Apesar disso, todos foram autuados em flagrante por latrocínio e associação criminosa.
Dias depois, um adolescente de 17 anos se apresentou à polícia e confessou que estava no momento do latrocínio do juiz. Ele contou que não teria saído do carro para abordá-lo. O rapaz foi apreendido e encaminhado para Centro de Internação Provisória (Cenip).
SUSPEITO DISSE QUE JUIZ FOI MORTO APÓS REAGIR
Segundo depoimento de um dos suspeito à polícia, os criminosos anunciaram o assalto logo após se aproximarem do carro do juiz. Mas a vítima teria se negado a sair do veículo.
Um dos assaltantes teria ameaçado atirar, e o juiz teria respondido que não fizessem isso, pois "todo mundo iria ouvir".
O outro criminoso teria começado a apalpar o motorista a fim de identificar se ele não estava armado. Foi nesse momento que o magistrado teria tentado sair com o carro e acabou atingido por um tiro na cabeça. Os assaltantes teriam voltado para o carro usado na abordagem e fugido.
VEJA O VÍDEO DO MOMENTO:
O delegado Roberto Ferreira, titular da 12ª Delegacia de Homicídios, responsável pelo caso, ainda não deu entrevista sobre as prisões.
O caso também é acompanhado pelo Departamento de Segurança Institucional do Poder Judiciário, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), e por uma força-tarefa formada por promotores do Ministério Público de Pernambuco.
QUEM ERA O JUIZ MORTO?
Paulo Torres Pereira da Silva estava na magistratura há mais de três décadas.
Ele era titular da 21ª Vara Cível da Capital.
Ele tomou posse na magistratura pernambucana em 25 de abril de 1989. Ele foi nomeado magistrado, em virtude de aprovação em concurso público de provas e títulos para exercer o cargo de juiz de direito, na Comarca de Verdejante.
Em 1991, Paulo assumiu a 2ª Vara da Comarca de Salgueiro. Ele também atuou como juiz das Comarcas de Serrita, São José do Belmonte, Parnamirim, Belém de São Francisco e Escada. Em 1993, o magistrado atuou na Comarca de Jaboatão dos Guararapes. Em seguida, atuou na Comarca do Cabo de Santo Agostinho.
A chegada à Comarca da Capital aconteceu em 1994. No Recife, foi juiz na 8ª Vara Cível, na 1ª Vara da Fazenda Municipal e no I Juizado Especial de Pequenas Causas do bairro do Rosarinho. Atuou também nas 1ª, 2ª, 3ª, 4ª, 5ª, 6ª, 10ª, 13ª, 16ª, 17ª e 18ª Varas Cíveis da Capital.