Sem acordo com o governo de Pernambuco em relação ao reajuste salarial e outras demandas, os delegados da Polícia Civil mantiveram a decisão de não participarem do Programa de Jornada Extra da Segurança (PJES), os plantões voluntários que são necessários à noite e nos fins de semana por causa do déficit de profissionais.
Às pressas, para não fechar mais delegacias, a Secretaria de Defesa Social (SDS) montou uma nova escala, a partir de 1º de janeiro de 2024. Só que essa dinâmica deve afetar as investigações de crimes - já que alguns delegados do Estado estão sendo escalados para jornadas de 24 horas (com descanso de 72h), precisando deixar suas delegacias de origem todo o mês.
Ao mesmo tempo, outros delegados terão que acumular o comando de mais de uma delegacia - inclusive de cidades diferentes.
A Associação dos Delegados de Polícia do Estado de Pernambuco (Adeppe) destacou que houve a entrega de plantões nas divisões de homicídios Norte e Sul e em cidades do interior, como Limoeiro, Palmares, Arcoverde e Cabrobó - que já contam com baixo efetivo.
"A partir do período noturno, o atendimento da polícia judiciária será extremamente precarizado. Haverá necessidade de lotação de novos policiais. Já temos 56 delegacias sem delegado titular, isso deve aumentar", declarou o presidente da Adeppe, Diogo Melo Victor.
O QUE DIZ A POLÍCIA CIVIL?
O subchefe da Polícia Civil, Mauro Cabral, falou sobre a nova escala. "Essa lotação é necessária para garantir que as delegacias de plantão não serão fechadas e a população seja prejudicada com a entrega dos PJES", afirmou.
Unidades como o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e as delegacias especializadas de atendimento à mulher seguirão funcionando normalmente, garantiu Cabral.
A prioridade, segundo portaria da SDS, será a investigação das mortes violentas intencionais, violência doméstica, violência contra crianças e adolescentes, estupro, extorsão mediante sequestro, entre outros.
No acumulado de janeiro a novembro, o Estado somou 3.287 mortes. No mesmo período do ano passado, foram 3.119. Percentualmente, o aumento dos crimes contra a vida chegou a 5,3%.
FALTA DE DIÁLOGO
A Adeppe reforçou que tem cobrado diálogo com o governo do Estado, mas afirmou que isso não tem sido possível.
"Pleiteamos a valorização dos policiais e investimento na Polícia Civil. Queremos saber onde serão os novos complexos da Polícia Civil anunciados pelo governo. A gente quer diálogo, mas o governo se nega", disse Diogo.