De Norte a Sul, o litoral de Pernambuco está reaberto para o banho de mar. Mergulhar em águas mornas e sentir os pés tocarem a areia são sensações que já podem voltar a ser vivenciadas pelos pernambucanos e turistas. Sinônimo de lazer, a praia também faz bem à economia. Quem depende do turismo vê o momento como mais um passo em direção à retomada, mesmo reconhecendo que recuperar as perdas não será fácil. Após quatro meses sem faturamento, só o setor hoteleiro já acumula pelo menos 18 mil demissões, de um quadro antes composto por 85 mil pessoas no Estado. A atividade econômica turística enfrentou paralisia em todos os segmentos. Agora, o retorno do público está associado à preocupação com a segurança. A curva decrescente de casos de covid-19 precisa ser mantida para que as pessoas sintam-se seguras em viajar e também haja avanço no Plano de Convivência. Segundo a Secretaria de Turismo do Estado, o próximo passo é retomar as atividades comerciais nas praias e reequilibrar o caixa para conseguir tirar do papel obras prioritárias.
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Com o anúncio hoje do protocolo de flexibilização das praias no município de Igarassu, toda a faixa litorânea do Estado volta a receber os banhistas. A medida é benéfica para quem quer apenas mergulhar e também um alento para quem há meses estava inviabilizado de trabalhar.
"Voltamos a operar passeios esta semana. Como as vendas partem dos clientes e operadoras, elas estavam canceladas até meados deste mês. Não tinha o que operar. Agora com a reabertura, conseguimos nos programar e, quando a atividade comercial voltar, mantendo as pessoas mais tempo nas praias, esperamos estar com pelo menos 10% da nossa oferta", explica o empresário Guilherme Luck, que atua com viagens e receptivos no grupo Luck.
De cinco rotas de passeio, a empresa passou a manter apenas três, concentradas entre Recife e Olinda, Porto de Galinhas, Carneiros e Maragogi (AL). A torcida é para recuperar um movimento que garantia até 18 ônibus transportando 700 pessoas num dia. “Hoje esperamos voltar a ter frequência. Estamos fazendo o que pode e como pode, para dar melhor experiência ao cliente, com o intuito de encantar e propagar o marketing para outras pessoas voltarem ao nosso destino. Sendo muito sincero nem sabemos quando o normal vem. Não espero nada dentro de seis meses. Não depende só do nosso trabalho, mas do senso de segurança que as pessoas vão tendo”, avalia o empresário.
Com demanda principalmente das regiões Sudeste e Sul do País, a Luck já entende que por ora há uma mudança de perfil das viagens, com prioridade para deslocamentos regionais, podendo avançar posteriormente para viagens aéreas mais curtas e, quem sabe, em 2021, uma retomada do turismo internacional.
No Litoral Sul do Estado, com as notícias de liberação das praias e padrões de segurança adotados por resorts e hotéis, a tendência é de que a procura por reservas se intensifique. "A gente sentiu que começou a ter uma procura por reservas, mas a janela de vendas não é exatamente para agora. A partir de setembro, se tudo der certo, deve melhorar. A expectativa para julho é ocupação de 2%, podendo evoluir para 30% em setembro e metade da ocupação no fim do ano", avalia a diretora executiva do Porto de Galinhas Convention & Visitors Bureau, Brenda Silveira. Antes da pandemia, nesta época do ano a ocupação beirava os 85%.
No Litoral Norte, a percepção é de que o movimento seja ainda mais gradual. Com problemas de infraestrutura e insegurança, empresários sentem que a pandemia agravou situações já preocupantes. "De imediato, a procura é praticamente zero. Mas para o último trimestre já começou a ter especulações. Nós chegamos a fechar por 20 dias. Uma empresa alugou o hotel e isso acabou sendo uma forma de manter funcionando. Já temos organizado todos os protocolos, mas para o Litoral Norte ainda falta muita divulgação e apoio, continua sendo uma concorrência desigual. A pandemia atrapalhou um pouco o que o governo vinha prometendo para este ano", avalia o administrador do Amoaras, em Maria Farinha, Guilherme dos Santos.
No Recife, embora pelo menos 50% dos hotéis estejam abertos, a Abih-PE ainda contabiliza ocupação de até 8% dos leitos. “Começou um alívio, mas que ainda está se trabalhando. Qual turista vai sair de casa só para andar na praia? A reabertura foi essencial, mas é preciso ainda a soma”, critica o presidente da Abih-PE, Eduardo Cavalcanti.
Os atrativos que vão além da praia em si, como o comércio na faixa de areia, ainda são alvo de maior controle do governo do Estado para liberação. "Ficamos na situação de querer reativar a economia, e a enorme potencialidade turística, mas priorizando a segurança da saúde das pessoas. O próximo passo é justamente liberar os passeios, mas isso tem que ser feito no tempo certo. Estamos trabalhando e discutindo com os setores. Nas próximas semanas deve haver liberação dos passeios nas praias", afirma o secretário de Turismo de Pernambuco, Rodrigo Novaes.
Culto drive-in no Centro de Convenções
Para além do litoral, o governo precisa lidar ainda com a frustração da arrecadação e restrições orçamentárias. Só o Centro de Convenções tem previsão de R$ 3 milhões em frustração de receitas. No ano passado, o Cecon-PE gerou R$ 6 milhões em receitas. Para este ano, havia previsão de crescimento. Agora, o centro de convenções se prepará para sediar um culto evangélico drive-in, atividade para a qual foi alugado em meio à pandemia.
"Ao longo do ano passado, elaboramos um pedido e, no início da pandemia, encaminhamos a solicitação de R$ 500 milhões em obras ao Ministério do Turismo, que também devem ser objeto do Prodetur. Requalificação do Centro de Convenções, duplicação da PE-60, infraestrutura de santuários e requalificação da orla de Jaguaribe (Itamaracá)... Já estamos há 1 ano e 7 meses sem receber nem o primeiro centavo de repasse voluntário do ministério", reclama o secretário.
Esta semana, o turismo do Estado passará a ter um selo de cumprimento dos protocolos de segurança. Segundo Novaes, o selo contará com adesão dos estabelecimentos e fiscalização tanto pelo cidadão, através de QR code e equipes do governo do Estado, Empetur e Apevisa, através de um termo de cooperação de cooperação tecnita.
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