Conteúdo atualizado às 18h46 do dia 22 de outubro de 2020
Atual administradora do Aeroporto Internacional do Recife, a Aena Brasil iniciará em janeiro de 2021 as primeiras reformas previstas para o terminal, que incluem a requalificação dos banheiros e esteiras, instalação de sinalização e de estruturas de acessibilidade.
A informação é do presidente da empresa, Santiago Yus, que participou na quarta-feira (21) do evento PlanejaPE, destinado a debater o futuro do turismo em Pernambuco.
As intervenções, exigidas no contrato de concessão do aeroporto, estavam programadas para ocorrer no primeiro semestre deste ano, mas a pandemia da covid-19 impediu a realização do cronograma. "A agência reguladora (Anac) permitiu a postergação, primeiro para proteger o caixa dos operadores aeroportuários e, depois, porque o mercado não respondia. Neste momento, estamos tratando da questão do reequilíbrio financeiro", diz Yus.
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O executivo lembra que a Aena assumiu o terminal do Recife em 3 de março de 2020. Oito dias depois (11/3), a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretava a pandemia, lançando o mercado de aviação e o turismo em geral em uma crise sem precedentes. "Enfrentamos a pandemia após pagar R$ 1,9 bilhão (de outorga) pela concessão com recursos próprios e sem conseguir fazer caixa nenhum", ressalta.
No mês de abril, a movimentação no Aeroporto do Recife caiu 94% e somente em setembro os níveis voltaram a pouco mais da metade (54%) do "normal" pré-coronavírus. "Em outubro, está melhorando. Existe uma demanda reprimida dos passageiros que compraram bilhetes e estão voltando a ter confiança em viajar", afirma Yus.
Segundo ele, se o cenário atual de retomada da economia se mantiver, a partir de março de 2021 será feita outra série de investimentos de maior porte em segurança, capacidade e qualidade do terminal. São obrigações também previstas em contrato para os 36 meses iniciais da operação, mas igualmente suspensos em função das dificuldades trazidas pela covid-19. "Há investimentos relacionados a pistas de pouso e decolagem, área de segurança para as aeronaves e proteção do terminal aeroportuário, além daqueles que têm a ver com qualidade, nas áreas de inspeção e de embarque, por exemplo. Depois, ainda há investimentos em capacidade de processamento", detalha.
De acordo com os termos da concessão, o terminal do Recife deve ser capaz de processar 1.891 passageiros domésticos em chegadas e saídas simultâneas e 455 internacionais. "Os parâmetros foram definidos em virtude de expectativas de demanda, que agora mudaram em função da pandemia", pondera Yus, argumentando que a meta precisará ser redefinida.
Antes da covid-19, a Associação Internacional de Transportes Aéreos (Iata, na sigla em inglês) projetava que o tráfego de passageiros no Brasil (então em 100 milhões por ano) seria duplicado. Com a pandemia, todas as estimativas caíram por terra.
Somente o Aeroporto do Recife registrou movimentação de 8,5 milhões de viajantes em 2019. O terminal é o oitavo do Brasil em tráfego de passageiros totais e o sexto no de internacionais. "Não adianta fazer investimento agora pensando em 20 milhões, porque as referências mudaram", defende.
Para estimular o crescimento nesta fase de reabertura em Pernambuco, Santiago Yus conta que a Aena definiu uma política de facilitação ou até isenção de pagamento das tarifas de pouso e decolagem por parte das companhias aéreas, segundo o ritmo de recuperação de frequências e oferta de novas rotas. "Também colocamos incentivo para operações de carga e logística, que tem a ver com número de operações novas por mês", revela, destacando a atração para Pernambuco da Lufthansa Cargo, que antes operava no Rio Grande do Norte.
O presidente da Aena também chama a atenção para a necessidade de evitar uma segunda onda de contaminação pelo coronavírus, como está ocorrendo na Europa. "Temos que estar de olho, porque na Espanha tínhamos uma expectativa de crescimento de 45% a 50% em agosto e os dados são de apenas 30% de recuperação", compara, salientando os cuidados com a segurança sanitária como essenciais neste processo.
Além do Aeroporto do Recife, a Aena Brasil detém a concessão por 30 anos dos terminais de Juazeiro do Norte (CE), João Pessoa, Campina Grande (PB), Aracaju e Maceió. A empresa foi a vencedora do bloco Nordeste na 5ª rodada de concessões de aeroportos no Brasil. Juntos, os aeroportos do bloco foram responsáveis em 2019 por um tráfego de mais de 13,8 milhões de passageiros, 6,5% do total no País.
A companhia conta com 300 funcionários no Nordeste, 70 deles na sede do Recife. Também mantém 150 contratos de serviços e 600 comerciais nos seis terminais onde opera.
Em todo o mundo, a empresa de origem espanhola tem 71 terminais sob sua gestão, sendo 46 na Espanha, onde ainda administra dois heliportos. Os demais estão distribuídos pelo Reino Unido (Londres-Luton), México (12), Colômbia (2) e Jamaica (2).
Cotada na Bolsa espanhola, a empresa tem 51% de participação pública e 49% privada.