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São José da Coroa Grande: piscinas naturais e outros atrativos da praia mais ao sul de Pernambuco no roteiro de verão 2022

No Roteiro Verão 2022 do Litoral Sul de Pernambuco destaque para a cidade onde é possível curtir catamarãs, engenhos e rapel.

Cadastrado por

Leonardo Vasconcelos

Publicado em 05/01/2022 às 8:00 | Atualizado em 05/01/2022 às 10:44
As piscinas naturais de São José da Coroa Grande são curtidas através de catamarãs. - Prefeitura de São José da Coroa Grande / Divulgação

Quem foi rei nunca perde a majestade, tanto que orgulhosamente carrega sua coroa até no próprio nome. E não é pequena. A cidade de São José da Coroa Grande, distante 120 km da capital, é a última do Litoral Sul de Pernambuco. Mas faz valer (e muito) a ida até lá. A coroa do nome vem dos bancos de areia que emergem nas marés baixas em formato de grandes coroas e deram fama à cidade. As piscinas naturais do município são lindas e a melhor forma de conhecer e aproveita-las é com os conhecidos catamarãs do local.

Na areia da praia de São José da Coroa Grande, o mar sempre calmo, sem ondas, é realmente convidativo. Difícil resistir. Seja para um tranquilo mergulho ou atividades como caiaque e Stand-Up Paddle (SUP). Mas a melhor forma de conhecer e aproveitar todo o litoral da cidade é mesmo com os conhecidos catamarãs do local (obs: os vídeos foram gravados antes da pandemia)

Existem cinco destas embarcações na cidade e a Coluna Turismo de Valor embarcou no Amazônia Azul com capacidade para 55 pessoas. Os catamarãs fazem passeios o dia inteiro em pelo menos três roteiros diferentes. Um deles é o Roteiro das Águas que vai até o distrito de Várzea do Una. O grande atrativo do passeio de três horas e meia é o encontro do mar com o Rio Una, que nasce no município de Capoeiras, no Agreste de Pernambuco, e percorre mais de 250 quilômetros até lá.

 O percurso é pela Área de Proteção Ambiental da Costa dos Corais, criada em 1997, a maior unidade de conservação federal marinha do Brasil, onde o Instituto Lobos do Mar faz um importante trabalho de conscientização e preservação do local. Uma ação ainda relevante depois da tragédia do óleo.

O trajeto passa pela linda e quase deserta Praia de Gravatá e conta com uma parada na Ilha da Fantasia, onde os turistas podem escolher tomar banho de rio de um lado ou mar do outro. O Roteiro dos Manguezais, de quatro horas de duração, faz basicamente o mesmo percurso, mas segue adiante até a Fazenda Pedra Grande, onde se visita uma área de mangue, a Capela de São Francisco e um grande mirante em uma formação rochosa com vista privilegiada para a região, que também é utilizada para a prática do rapel (veja mais abaixo). 

Mas, sem dúvida, o principal roteiro dos catamarãs é mesmo o que tem como destino as piscinas naturais. Ele é o mais curto, dura cerca de duas horas, mas em compensação o mais duradouro na lembrança. Geralmente é feito à tarde e termina com um crepúsculo, acompanhando de fundo musical. O trajeto até os corais é bem rápido, cerca de vinte minutos, depois os turistas ficam aproximadamente uma hora livres, relaxando nas piscinas ou fazendo atividades como caiaque, SUP ou mergulho com snorkel. Vale qualquer coisa para curtir as belezas dentro e fora da água do local. Na hora de voltar pra embarcação, o encanto não acaba. Ele permanece no trajeto de volta pra praia com o brilho alaranjado do entardecer refletido na água. A poesia da paisagem fica completa com o saxofonista à bordo que traduz em som a emoção do momento. A rainha São José da Coroa Grande precisa mesmo ser resgatada.

O passeio por São José da Coroa Grande está muito bom e tranquilo, mas que tal colocar uma pouco de adrenalina na visita ao município? E se ela for combinada com um visual único e estonteante? A equipe de reportagem topou o desafio e lhe indica a fazer o mesmo. A atividade indicada é o rapel feito na auto-explicativa Pedra Grande, localizada no distrito de Várzea do Una. A pedra realmente é grande, mas também bonita e com uma ótima vista para o estuário do Rio Una. O rapel de cerca de 40 metros, inclusive, termina nele. Uma jangada à motor dá o suporte para pegar os aventureiros na água e levar de volta para a terra.

A atividade foi feita com a equipe Super Ação, que existe há seis anos, e há dois explora a Pedra Grande. Quando se vê coordenador se entende a razão do nome do grupo. Vanilson Monteiro, conhecido como Van Van, tem 42 anos, e aos 9 perdeu a perna esquerda em um acidente. "Eu estava na calçada quando um carro em fuga me atropelou. Mas nunca deixei isso me impedir de curtir a vida e praticar esportes. Aqui no rapel, me coloco como exemplo. Se com apenas uma perna eu faço, todos conseguem também. Eu já desci aqui com pessoas dos 9 aos 72 anos e quero continuar inspirando mais pessoas a vencerem seus medos", afirmou Vanilson. A Coluna Turismo de Valor fez a descida ao lado dele e viu a segurança passada, apesar da ausência da perna que em nada compromete a atividade.

Depois, foi a vez de acompanhar outras pessoas superarem seus receios na Pedra Grande. Uma delas foi a autônoma Dayane Costa que encarou um rapel pela primeira vez. "Ao chegar no local, bateu aquele frio na barriga, mas a equipe passou uma segurança incrível e a sensação de superação é deliciosa. Recomendo e quero mais", afirmou Dayane, que logo depois da primeira descida já voltou ao topo da pedra para fazer o rapel novamente.

Mas as jóias da grande coroa de São José não estão apenas no litoral. É na zona rural do município, distante seis quilômetros da PE-60, que se encontra uma preciosidade repleta de beleza e muita história. O Engenho Morim, que tem 1129 hectares dos quais mais de 200 são de mata atlântica preservada, foi fundado no século XVIII pela baronesa de Gindahy e já teve como proprietários importantes autoridades do Brasil, tendo sido inclusive citado em uma das mais importantes obras da literatura brasileira.

Além da relevância histórica, a propriedade chama a atenção pelas belas construções que foram restauradas mantendo os traços originais da época. Lá os visitantes podem admirar a casa grande imponente e outras edificações como a casa de farinha e estábulo, além de ruínas da antiga capela. A arquitetura e a paisagem fazem com que as pessoas se sintam transportadas para os tempos do ciclo do açúcar no Brasil.

Entre os ilustres donos do engenho está Estácio de Albuquerque Coimbra que o adquiriu no dia 17 de março de 1900. Ele nasceu no município vizinho de Barreiros, onde chegou a ser prefeito, e teve uma longa carreira política tendo sido deputado federal, presidente da Assembléia Legislativa do Estado, Governador de Pernambuco e até vice-presidente da República. Um de seus amigos era ninguém menos que Gilberto Freire que em sua obra prima Casa Grande & Senzala chegou a citar fatos ocorridos no engenho.

O passado da Fazenda Morim encanta tanto quanto o presente visto que os atuais proprietários promoveram a recuperação das instalações físicas das antigas construções e estudam promover o ecoturismo no local. Atualmente no local é desenvolvida a criação de bois e búfalos. A natureza do engenho é exuberante. Ele é cortado por um rio, conta com mais de 20 nascentes de água, e diversas espécies importantes da fauna e flora brasileira, de acordo com levantamento feito por biólogos do Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste (Cepan).

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