Sandy vive catarse da pandemia no EP '10:39'

Cantora lança compacto de três faixas embaladas em um multiclipe, sendo dois covers e uma regravação de seu próprio repertório
Robson Gomes
Publicado em 15/10/2020 às 14:39
Os clipes do EP '10:39' foram gravados em duas tardes pelo diretor Douglas Aguillar e uma equipe reduzida Foto: UNIVERSAL MUSIC/DIVULGAÇÃO


Desde o dia 11 de março, quando a Organização Mundial de Saúde decretou o estado de pandemia em virtude do novo coronavírus, o mundo mudou (e também parou) completamente. A reinvenção em busca de "um novo normal" segue até hoje, pouco mais de sete meses depois. No campo artístico, mais precisamente musical, não tem sido diferente.

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Cantores e compositores tiveram que alterar seus planos este ano e, em meio ao caos, tentaram encontrar uma nova forma de se expressar sobre a difícil situação em que vivemos para levar alguma forma de consolo, alegria e esperança ao seu público. Este cenário não foi diferente para a cantora Sandy, que nesta quarta-feira (14) expôs seus sentimentos e angústias em forma de música através das três faixas do EP visual 10:39 (Universal Music, 2020) nas plataformas digitais.

Na noite da última terça-feira (13), a artista de 37 anos reuniu a imprensa remotamente para conversar sobre o novo trabalho, que traz três regravações, sendo duas releituras de outras bandas. "O que está acontecendo no mundo muda o nosso olhar para muita coisa. E eu comecei a escutar certas músicas de forma diferente, como eu nunca tinha escutado antes. E essas músicas me emocionaram muito", iniciou Sandy na conversa. O repertório do compacto traz as canções: Piloto Automático, da banda Supercombo; Lua Cheia, da banda 5 a Seco; e Tempo, uma regravação autoral da cantora – agora com um delicado arranjo de guitarra por Mateus Asato – lançado no Manuscrito (Universal Music, 2010), seu primeiro disco solo.

OTIMISMO

Com produção musical de Lucas Lima, e a direção dos clipes por Douglas Aguillar, que sugerem um grande plano-sequência, a artista explica o título do compacto. "Fiz com a intenção que as pessoas vissem os três clipes juntos e escutassem as três músicas na sequência. Por isso o EP se chama 10:39. É o nome do tempo que dura o disco. É uma coisa só, uma unidade", define Sandy.

Com um discurso em uníssono, as canções do disco são unidas, nos arranjos e letras, por mensagens otimistas, evidenciando os sentimentos dela sobre estes sete meses de pandemia. "Eu senti que tudo o que eu falasse nesse momento, eu tava correndo o risco de cair no clichê ou de não ser suficiente na minha expressão. […] E assim como a pandemia é uma exceção na nossa vida, esse EP também poderia ser. O que vem daqui pra frente, eu não sei. Não sei se vou continuar nessa onda ou se me identifiquei só nesse momento. Só sei que gostei muito. Se eu pudesse me traduzir em forma de música, seria desse jeito agora – com essa cara, esses arranjos, essa maneira de olhar", argumenta a cantora.

Ao Jornal do Commercio, Sandy entregou um dos detalhes das gravações dos clipes, realizadas em duas tardes num haras em Itatiba, no interior de São Paulo, com equipe reduzida. Em uma das cenas, em que a cantora teve que gritar (em off) no clipe de Tempo, os gritos foram reais, tanto que afetou a sua garganta. "Foi a minha catarse", revelou a cantora. Nos vídeos, é perceptível que ela deixou transparecer suas emoções, exprimindo – facial e corporalmente – no meio de uma floresta, sentimentos como choro, alegria, raiva e esperança. "Estes clipes representam o que foi esta pandemia para mim. Me reconectou com minhas emoções e conclui com a esperança", declara.

OUTROS PLANOS

O EP 10:39 chega cinco meses depois que Sandy comemorou 10 anos do início de sua carreira solo. Na coletiva, Sandy comentou que os planos profissionais para 2020, de fato, eram outros.

"Esse projeto não é o que eu tinha imaginado. Eu tinha uma turnê que ia começar em agosto, mas a gente teve que aprender a se virar. Foi triste para mim, porque sou muito apaixonada pelo que eu faço, me apego aos projetos, mas (a turnê) ficou para o ano que vem", afirmou ela, que também pretendia entregar um trabalho de inéditas.

"O EP foi a minha maneira de estar aqui, de me expressar artisticamente e dar algo para os meus fãs. Pretendia lançar músicas inéditas, mas vou retomar em 2021 junto com meu novo show", promete.

Intempéries e pandemia à parte, o que Sandy quer agora é dar as mãos ao seu público, exercendo uma empatia musical através de 10:39: "É com muito carinho que boto mais esse filho no mundo, assim como todos, mas esse tem uma carga emocional diferente". Na carta escrita por ela, divulgada em suas redes sociais, a cantora convida a ouvir o disco, "respirar, pensar, refletir, se permitir sentir e tentar encontrar algum aconchego um no outro. Ainda que — por mais algum tempo — à distância", conclui.

ASSISTA AO MULTICLIPE DE 10:39:

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