Dezembro, último mês do ano, e claro, começa a contagem regressiva para o Natal. No cinema norte-americano, são inúmeros filmes que abordam essa temática, a ponto de sabermos de cor os elementos desta data comemorativa na cultura estrangeira. Já no Brasil, a sétima arte nacional parece ignorar o clima natalino em seus roteiros. Mas isso começa a mudar a partir desta quinta-feira (3), e via Netflix, com a estreia do filme original Tudo Bem no Natal Que Vem, estrelado por Leandro Hassum e grande elenco.
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Na sinopse do longa nacional de Paulo Cursino dirigido por Paulo Santucci (a mesma dupla da trilogia de sucesso Até Que a Sorte Nos Separe), após levar um tombo na véspera de Natal de 2010, o rabugento Jorge (Hassum) desmaia e acorda um ano depois sem lembrança do que se passou. Ele logo percebe que está condenado a continuar acordando na véspera de Natal, ano após ano, tendo que lidar com as consequências do que seu outro "eu" fez nos demais 364 dias.
O elenco conversou remotamente com os jornalistas sobre este lançamento na plataforma. E para o protagonista Leandro Hassum, a obra se destaca justamente por retratar o Natal brasileiro na trama: "Acho que muita gente vai se identificar porque toda a família tem isso: o cunhado que pede dinheiro emprestado, a briga familiar... Acho que é uma sacada muito boa da Netflix representar um filme natalino com as nossas características. Nós também nos identificamos e as cenas acabam sendo mais simples porque vivemos um pouco disso nas nossas vidas".
Arianne Botelho, que interpreta Aninha, filha do Jorge, reforça a opinião do seu pai na ficção. "É um retrato da família brasileira, de como esses natais são passados por essas famílias. E é interessante justamente também mostrar isso para o público de fora, nesses 190 países, que cada um tem uma cultura diferente, uma maneira diferente de comemorar o Natal, então vai ser muito legal", conta a jovem atriz, que surpreende no desenrolar do filme por trazer parte da carga dramática que vira a chave do longa de comédia em alguns momentos.
O arco dramático de Tudo Bem no Natal Que Vem também impressiona a atriz Elisa Pinheiro, que vive Laura, a doce esposa de Jorge no filme: "Eu acho que a comédia, apesar deste ser um filme que também passa pelo drama, tem um pouco desse lugar de, através do riso, ir cortando um caminho para a reflexão. Quando rimos, refletimos sem perceber, colocamos em xeque algumas crenças suas, você repensa os valores pelo humor. [...] Acho que esse filme consegue isso de forma muito bem sucedida".
Miguel Rômulo dá vida a Léo, o filho mais velho de Jorge, e defende o "problema natalino" vivido pelo seu pai. "O Jorge não é um cara ruim, ele é um cara desatento. Ele não é um mal caráter. Ele ama a família, mas tem um problema específico com o Natal. [...] Esse filme serve para mostrar essa mensagem: você pode ser uma boa pessoa, que ama a família, mas precisa prestar atenção nela. Você precisa estar presente, valorizar os pequenos e grandes momentos, que só valorizamos quando perdemos", declarou o ator.
Gravado entre novembro e dezembro do ano passado, portanto antes da pandemia, Leandro Hassum reforça que o longa traz uma grande mensagem para o público da plataforma de streaming. "O filme traz essa mensagem da aproximação. De valorizar cada minuto. Nós não sabemos o que pode ser o dia de amanhã. Quando fizemos esse filme, nós não sabíamos como seria o ano seguinte", diz o ator, que completa: "Esse ano de 2020 foi atípico em todos os sentidos. E Tudo Bem No Natal Que Vem traz esse carinho. O carinho do humor, da alegria, para dar uma aliviada, e relembrar talvez que mesmo que estejamos tão perto dos nossos familiares, por ser um Natal atípico, mas, que vai ficar 'tudo bem no Natal que vem'".
Ao longo de 1h40, Tudo Bem no Natal Que Vem parece no início ser mais um "filme do Hassum", com o plus de ter boas tiradas e clichês do Natal brasileiro. Todavia, a narrativa consegue surpreender o espectador quando se encaminha para um arco dramático vivido por Jorge e Aninha.
Para quem conhece as comédias dramáticas americanas, o longa brasileiro faz lembrar um pouco de Click - sem Adam Sandler e controle remoto, claro - porém traz um humor mais pé no chão, onde os personagens sabem do complexo vivido por Jorge e tenta lidar com isso com naturalidade (ou não).
Com participações especiais de Danielle Winits e Daniel Filho, se o público receber bem, Tudo Bem no Natal Que Vem pode se tornar um filme tão tradicional nesta época quanto a "piada do pavê" na noite da ceia. Que por sinal, também está mais viva do que nunca neste longa.