Símbolo do Recife, Teatro do Parque é reinaugurado nesta sexta-feira (11)

No sábado (12), cinema receberá sua primeira sessão, limitada a 50 pessoas, com ingressos distribuídos às 15h
Rostand Tiago
Publicado em 11/12/2020 às 10:45
RESTAURO Obra do Teatro do Parque custou R$ 20 milhões Foto: FILIPE JORDÃO/JC IMAGEM


O centenário Teatro do Parque volta a abrir as portas nesta sexta-feira (11), mas de uma forma muito mais tímida do que se esperava durante a década que passou fechado. Desde 2010, o espaço, que é uma referência para a vida cultural no centro do Recife, se tornou apenas uma fachada na Rua do Hospício. Por enquanto, ele precisará esquecer um pouco sua tradicional fama de ser um anfitrião de eventos lotados, retomando suas atividades de forma menos agitada. Quis o destino que a espera acabasse justamente durante uma das maiores crises de saúde da história.

A reinauguração seria com a Banda Sinfônica do Recife, que tem o Parque como sua casa. Mas com o aumento no número de casos e com novas medidas que proíbem shows, a apresentação precisou ser cancelada. Na ocasião, o grupo de teatro Fiandeiros apresentará o espetáculo Vozes do Recife, que traz a poesia de nomes como Ascenso Ferreira, João Cabral de Melo Neto, Joaquim Cardozo, Manuel Bandeira e Carlos Pena Filho e suas visões sobre o Recife. O espetáculo será fechado para convidados, mas na lista não estão incluídos os movimentos que lutaram pela reforma do Parque. Já o cinema receberá sua primeira sessão no sábado, com a exibição de O Canto da Sereia, do pioneiro Alberto Cavalcanti, com distribuição de 50 ingressos ao público a partir das 15h.

Trata-se de uma amostra do poder de versatilidade que é uma das principais características do equipamento e do respiro artístico que ele fornece para o coração do Recife. Geraldo Pinho, atual programador do Cinema São Luiz, lembra do papel do Parque nesse sentido quando administrava e programava o cineteatro.

"Assumi a programação do Parque em 1993 e já havia o desmantelamento dos cinemas de rua do Centro. Muitos só passavam pornochanchada, filmes de sexo explícito e de luta. Os grandes lançamentos ficavam nas salas de Boa Viagem. Então decidimos começar a trazer os bons filmes de volta para o centro, os que passavam em Boa Viagem e outros inéditos, lembro de uma sessão de Malcolm X lotada, como sempre era, com nossos preços de R$ 1, não importando se era estudante ou não. Depois trouxemos festivais em uma época que não havia muitos por aqui", relembra Pinho.

Essa grande movimentação de público ocorria em todas as áreas. As artes cênicas são prova disso, com o espaço recebendo os mais diversos nomes do teatro local. Paulo de Pontes, ator e produtor da Cia. Maravilhas de Teatro, destaca que quando começou sua vida artística, teve a certeza de que o Parque era um instrumento essencial à população recifense e brasileira. Entre suas principais lembranças, estão a do forte apelo popular que teve o espetáculo Cinderela: A História que sua Mãe Não Contou, da Trupe do Barulho.

"Nós lotamos aquele teatro de uma forma que a Conde da Boa Vista inteira parou o trânsito porque toda a população recifense estava indo para o Teatro do Parque para assistir Cinderela. Isso ficou na minha cabeça e de todos que faziam o espetáculo como um divisor de águas. Eu, como era ator, não conseguia entrar pelo portão na época de tanta gente que tinha na porta", conta Paulo.

 

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