Luto

Morre André Madureira, criador do Balé Popular do Recife e Patrimônio Vivo de Pernambuco

Coreógrafo fez história na cultura do Estado

Cadastrado por

Ana Maria Miranda

Publicado em 15/05/2021 às 19:36 | Atualizado em 15/05/2021 às 21:58
André Madureira faleceu neste sábado (15), aos 69 anos - Jan Ribeiro/CulturaPE

O criador do Balé Popular do Recife, André Madureira, morreu neste sábado (15), aos 69 anos, vítima de insuficiência respiratória. Patrimônio Vivo de Pernambuco desde 2018, o coreógrafo fez história na cultura do Estado.

Segundo Ângelo Madureira, filho de André, o enterro será neste domingo (16), no Cemitério Parque das Flores, bairro do Sancho. Para evitar aglomerações, a cerimônia será restrita aos familiares. O coreógrafo deixa esposa, cinco filhos e 12 netos.

"Esta é uma perda muito grande para todos nós. Para a cultura recifense, do Brasil. André Madureira deixa esse legado do Balé Popular do Recife, e tivemos o privilégio, a sorte, de termos tido ele como pai e como mestre", declarou Ângelo.

André nasceu em Garanhuns, no Agreste pernambucano, e se mudou para a capital ainda jovem. No fim dos anos 60, já era criador, diretor, produtor e apresentador de programas na rádio e TV do Sistema Jornal do Commercio de Comunicação (SJCC).

Em 1972, fundou o Grupo Teatral Gente da Gente, que posteriormente se tornou o Balé Popular do Recife, que faz parte da história e da cultura do Estado. Nos mais de 40 anos de história, o Balé Popular foi responsável por formar mais de 5 mil bailarinos.

Em entrevista publicada no site da Secretaria de Cultura de Pernambuco (Secult-PE) em maio de 2018, André Madureira contou como tudo começou. "Em 1976, meu irmão Zeca Madureira era da Fundação de Cultura do Recife e propôs a criação de um grupo folclórico voltado pras tradições pernambucanas. Ariano (Suassuna) bancou a ideia de fazer um projeto cultural com música, teatro, dança e arte plásticas, e me convidou pra fazer parte do projeto com o balé armorial, foi aí que tudo começou".

Notas de pesar

Em nota, o prefeito do Recife, João Campos, prestou solidariedade a familiares, amigos e a todos que sentem a perda do multiartista. "Criador do Balé Popular do Recife e Patrimônio Vivo de Pernambuco, André Madureira fará uma falta imensa à nossa cultura, à nossa cidade. Era puro talento, criação e, sobretudo, paixão pela dança. Lutou para manter as tradições do nosso povo de maneira firme e encantando gerações".

A Secretaria de Cultura e a Fundação de Cultura da Cidade do Recife também emitiram nota de pesar, afirmando que André Madureira "fez da vida uma aula de amor à cultura recifense".

"André sempre acreditou na arte como transformação, soube preservar e renovar tradições, assim reuniu passado e futuro, por meio da dança", destacou o secretário de cultura do Recife, Ricardo Mello. Para ele, Madureira se tornou um símbolo de dedicação, perseverança, inovação. "Ele é um exemplo para todos e uma inspiração para quem faz da Cultura seu ofício e paixão, com ele a cidade deu passos que nunca serão esquecidos", completou.

Confira a lista dos principais trabalhos de André Madureira como coreógrafo e diretor:

1977 – “Brincadeira de um Circo em Decadência”, com o qual iniciou sua carreira e deu origem ao Balé Popular do Recife;

1979 – “Prosopopeia – O Auto do Guerreiro”, que apresentava folguedos e danças populares de vários estados brasileiros;

1983 – “Presepadas do Dr. Munganga”, espetáculo infantil;

1984 – “A Capital do Frevo”, espetáculo didático apresentado em oficinas de frevo;

1981 – “O Baile do Menino Deus”, espetáculo infantil natalino baseado na obra de Ronaldo Brito;

1984 e 1982 – “Oh! Linda, Olinda”, espetáculo em homenagem à cidade, que apresentava folguedos como pastoril e no qual foi criado o personagem Veio Mangaba, do ator e cantor Walmir Chagas;

1987 – “Nordeste – A dança do Brasil”, espetáculo resultado dos 10 anos de pesquisa do Balé Popular do Recife e ainda hoje encenado com adaptações;

1992 – “Brasílica – O Romance da Nau Catarineta”, composto por 70 bailarinos, em comemoração aos 15 anos do grupo, com cerca de mil peças de figurino, dando continuidade à pesquisa da Dança Brasílica.

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