Michelle Melo celebra o brega como Patrimônio do Recife: 'A história do brega é a história da periferia'

Movimento musical está a um passo de se tornar Patrimônio Imaterial Cultural da cidade; Projeto de Lei já foi aprovado na Câmara Municipal
Robson Gomes
Publicado em 01/06/2021 às 16:46
Cantora Michelle Melo é uma das representantes do Movimento Brega em Pernambuco Foto: LARA VALENÇA/DIVULGAÇÃO


Foi aprovado em segunda votação nesta terça-feira (1º/6), durante sessão virtual da Câmara Municipal do Recife, o Projeto de Lei 01/2021 de autoria do vereador Marco Aurélio Filho (PRTB), que tornará o movimento brega Patrimônio Cultural Imaterial da cidade. A proposta agora segue para a sanção do prefeito João Campos (PSB).

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De acordo com a justificativa do PLO 01/2021, o título é uma forma de incentivar e valorizar os artistas, dançarinos, empresários e todos aqueles que direta ou indiretamente contribuem com o cenário econômico e cultural da capital pernambucana.

"Nosso principal objetivo com a iniciativa é valorizar um movimento popular que gera oportunidade, renda e emprego. Nossa luta além de valorizar toda uma cadeia produtiva que está envolvida, solicita que qualquer evento cultural na cidade tenha em sua grade pelo menos um representante do frevo e um do brega", declarou o vereador.

Para Alexandre Vinicius, um dos criadores da página Brega Bregoso, que conta com mais de 1,2 milhões de seguidores no Instagram, o título é um reconhecimento importante para todos os envolvidos com o movimento. “É de extrema importância o movimento ser reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial do Recife, colocando o brega em um patamar que já deveria estar. A iniciativa é um reconhecimento e vem para consolidar o brega, além de abranger o movimento como um todo, do passinho ao brega romântico”, pontuou Alexandre.

A medida também ganhou repercussão positiva entre os artistas do gênero. Considerada a Rainha do Brega, a cantora Michelle Melo agradeceu a iniciativa de Marco Aurélio e ressaltou a importância deste título: "Esse projeto vai enaltecer ainda mais um movimento feito por trabalhadores da área mais carente, podemos dizer assim, da música. Porque, na verdade, a história do brega é a história da periferia, a história de um povo que sofre, mas que não perdeu a vontade de sonhar, e que não perdeu a coragem e a força para ir atrás dos seus objetivos. Ser brega é não ter medo de viver seus sonhos".

Vocalista da banda Amigas do Brega, Palas Pinho também comentou a aprovação do Projeto de Lei. "Já fomos reconhecidos como expressão cultural, já temos um dia dedicado ao nosso movimento, que é o aniversário do nosso Rei Reginaldo Rossi, e agora ser reconhecido como Patrimônio Imaterial do Recife é um momento esperado por toda nação bregueira. Aos poucos, vamos quebrando essa descriminação que assombra o nosso movimento. Agradeço ao vereador Marco Aurélio Filho pela iniciativa, carinho e respeito ao nosso brega. Espero que o brega possa ser mais presente nos grandes eventos culturais do nosso estado para que o mundo conheça nosso movimento que é legítimo e genuinamente pernambucano", declarou.

Dona do hit Milk Shake, a cantora Nega do Babado celebrou a decisão votada hoje na Câmara Municipal: "A aprovação do Projeto de Lei 01/2021 que declara o movimento brega como Patrimônio Cultural Imaterial do Recife é resultado de uma luta antiga que agora, começa a ganhar o destaque merecido. Pernambuco é a capital do Brega e tem muitos talentos que merecem o merecido destaque e protagonismo. E fico muito feliz por fazer parte dessa trajetória. Viva nosso brega!".

RECONHECIMENTO TARDIO

Representante da nova geração através do bregafunk, MC Elvis recebeu a notícia com surpresa, mas celebrou essa conquista do movimento: "Fui pego de surpresa com essa notícia, mas acho que, para mim, esse título vai ajudar muita gente do Movimento Brega aqui de Recife e vai abrir várias portas. Porque antes não tínhamos tanta atenção, não éramos valorizados pela cultura que fazemos. Mas como o movimento vem bastante forte, está crescendo cada vez mais e alcançando mais espaços, não só no Recife, mas no Brasil todo e mundo afora para mostrar o brega, isso é muito gratificante! É mais uma conquista da gente e da nação bregueira, de onde viemos batalhando e não é de agora. Não só eu, que estou há oito anos no movimento, mas para os demais e outras bandas que levam o brega por décadas. Esse título servir para ajudar a expandir a nossa música cada vez mais, e agora com mais força".

Para o pesquisador da Universidade Federal de Pernambuco, Antonio Lira, o título para o Movimento Brega é tardio, mas ainda sim, bem vindo. "Esse reconhecimento é uma vitória que vem de encontro a todo um movimento e uma reivindicação que vem sido feita, principalmente pelos artistas do brega que estão aí participando de audiências públicas, que se manifestam em suas redes sociais, em shows, e lutam por esse reconhecimento. Esse título é uma vitória, sobretudo, dos artistas que estão fazendo esse processo de reivindicação. E é um reconhecimento que vem tarde, mas é importante e válido que venha", concluiu.

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