Um dia após a celebração do Dia da Consciência Negra, a atriz Regina Duarte questionou a data e pediu um dia específico para pessoas brancas. A ex-secretária especial de Cultura do governo de Jair Bolsonaro (sem partido) usou as redes sociais para compartilhar um vídeo de 2005 do ator estadunidense Morgan Freeman. Na ocasião, o ator, que é um homem negro, afirmou que para se combater o racismo, é melhor parar de falar sobre ele.
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Na publicação, Regina ironizou o racismo e dificuldades enfrentados pelas pessoas negras. A publicação, feita na tarde desse domingo (21), teve as interações restringidas, após críticas de internautas.
"Ontem foi comemorado o Dia da Consciência Negra. Quando teremos o Dia da Consciência Branca, Amarela, Parda...? Quanto tempo vamos ainda nos vitimizar ao peso de anos, de séculos de dor, por culpas antepassadas?", publicou no Instagram.
"Quando vamos parar de olhar pra trás e enfrentar o hoje e nos olharmos com a coragem da cara limpa? Maduros, evoluídos, conscientes de nossa luta, irmanados em nossa capacidade, de sermos… HUMANOS?
Simplesmente IRMÃOS?", completou.
Apesar de ter recebido o apoio de alguns seguidores, Regina Duarte foi criticada por diversos fãs no Instagram. Alguns comentários chamavam a atriz de racista. "Ele não entendeu que a consciência é no coletivo. E a Regina sempre decepcionando", disse um seguidor.
Houve quem se dispôs a explicar a importância da data para a atriz, que já foi cogitada pelo presidente Jair Bolsonaro para assumir a Cinemateca. "A data simboliza a luta. Todos sabem que a luta é diária, mas ter um dia faz com que as pessoas não desistam da luta. Os brancos não precisam de um dia simbólico, pois você conhece algum branco que foi escravizado? Conhece alguém que morreu ou deixou de ter direitos só por ser brancos? Não podemos minimizar as mazelas que a raça negra sofreu e ainda sofre. É preciso lutar mais ainda", tentou explicar um.
Freeman mudou de ideia
O vídeo de Morgan Freeman divulgado por Regina Duarte faz parte de uma entrevista concedida pelo ator ao programa "60 Minutes", com Mike Wallace, em 2005.
Na conversa, a ser perguntado pelo apresentador como a sociedade poderia se livrar do racismo, Freeman respondeu: "Parando de falar sobre isso. Eu vou parar de chamá-lo de homem branco. E o que eu peço é que pare de me chamar de homem negro."
O ator já reviu o posicionamento manifestado no vídeo e disse, publicamente, ter mudado o posicionamento. Mesmo assim, a gravação continua sendo compartilhada na internet como forma de minimizar a importância dos movimentos por igualdade racial.
Como tentativa de ampliar a luta antirracista, Morgan Freeman aderiu ao movimento Black Lives Matter e começou a usar suas redes sociais para dar corpo a um projeto, no qual seus seguidores negros contam sobre os episódios de racismo que sofreram.