A histórica Ponte da Boa Vista, no Centro do Recife, e a internacional Golden Gate Bridge, na cidade de São Francisco, se encontram na série documental "Gil na California", disponível no Globoplay a partir desta quinta-feira (9). A ida do pernambucano Gilberto Nogueira aos Estados Unidos, para um PhD em Economia, foi registrada uma narrativa "documental, íntima e ágil" pelas diretoras Patrícia Carvalho e Patricia Cupello. Enquanto conhece lugares, Gil reflete sobre origem, liberdade, sexualidade, religiosidade, educação, família e mais.
"Chorei horrores ao ter acesso ao primeiro episódio", admite Gil. O JC participou de coletiva virtual um dia antes da estreia. "Vocês vão ver eu me quebrando um pouquinho para um mundo que é novo, encontrei medos que eu nem sabia que tinha", continua. "Tudo o que vivi na Califórnia, eu nem imaginava que poderia acontecer. Então vocês vão ver esse Gil diferente, uma versão minha misturada com algo que nunca imaginei viver."
Gil disse que sentiu vontade de levar "tudo de bom" do que viu nos Estados Unidos para Pernambuco. "Eu acho que a missão é levar para as pessoas que o nordestino, o brasileiro, é poderoso e especial. Para ganhar, para sonhar. Esse é o meu sentimento e o que quero que as pessoas sintam, em nome da misericórdia".
Questionado sobre o que mais sentiu saudades em relação ao Recife, ele respondeu alegando sinceridade: "Sinto falta de ir para a rua e ter pessoas fofocando. Você come, você fala do povo, o povo fala de você. Eu senti falta do povo falando, da relação dos vizinhos, quando todo mundo fala da vida de todo mundo. Aqui eu não via ninguém nas portas, nas varandas, nas ruas. Eu senti falta do calor de gente, das pessoas próximas. As pessoas do Recife parecem que querem viver juntas e compartilhar, aqui é cada um na sua casa." Veja mais assuntos abordados na conversa:
Como os colegas da universidades lidam com um aluno famoso
"Houve um certo choque porque chegou um cara estrangeiro, latino, dizendo que vai pagar tudo porque quer viver no 'regogijo'. Eles olham o meu Instagram e veem que tenho milhões de seguidores. Apesar disso fui muito acolhido pelos meus 'roommates', mas outros também criaram uma repulsa, mas a gente vai pra cima, agarra e morde", admite Gil. "Fiz amizade com os vizinhos após pagar cachaça. Você pode comprar comida que eles não vão gostar. Mas se comprar cerveja, vira melhor amigo. Eu só percebi isso recentemente (risos)".
Desafios em relação ao idioma
"O idioma não foi o maior empecilho, pois eu não tenho vergonha na cara. O empecilho foi a comunicação. Eu gosto de falar que gosto das pessoas, mas em inglês o 'i like you' tem muito peso. Eu cheguei na festa falando 'i like you' para todos os machos. Aí depois os machos ficaram tudo com medo. Aí vieram me perguntar se eu estava apaixonado pelos meninos todos. E eu: 'o que é que tem?'. Você é muito bonito sim, faço o 'tchaki tchaki', mas meu amor é de quenga. Isso sim é bem difícil de traduzir. Eu comecei a ter um pouco de receio de falar, mas não por conta do inglês. Eu ficava preocupado em ofender alguém de repente."
Como conciliar estudos e vida de influencer
"Os Stories eu faço no ônibus, indo para a faculdade, ou quando estou indo almoçar. Para os conteúdos de trabalho mesmo eu tenho uma equipe muito boa de assessoria, justamente porque eu não queria tirar do meu tempo para fazer alguns trabalhos. Quero focar mais no PhD. Foi mais difícil conciliar os meus conflitos pessoais."
Aprendizados na Califórnia
"A minha experiência na Califórnia me abriu um leque de humanização que não imaginava que tinha. Eu sempre fui muito crítico a quem tinha dinheiro. Eu tinha raiva de quem tinha dinheiro, na verdade. Pensava: 'muitos com tanto e outros com tão pouco' e ficava irritado com os perrengues do povo chique. Eu quebrei a cara porque entendi que dinheiro não é nada, não diminui as suas dificuldades. Nós somos seres humanos. O dinheiro não compra felicidade, não compra tudo. Nós somos seres que vivemos e interagimos com as pessoas. Entendi que todos tem problemas que precisam ser respeitados."
Projetos para o futuro
"Vou gravar um CD, mas não quero virar cantor ou músico. Eu quero que as pessoas me tenham no futuro. Quero gravar um CD de música erudita, que é a minha paixão. Quero fazer uma novela, que é o meu sonho. Também quero fazer um filme de drama no qual eu morra no final. Eu descobri que quero fazer tudo isso, então vou fazer uns cursos. São algumas das minhas metas."