O grupo Os Gilsons, formado pela união de José, Francisco e João Gil, filho e netos de Gilberto Gil, se apresentará pela primeira vez em Pernambuco nesta virada de ano. Poucos locais poderiam ser mais apropriados para essa estréia no estado: a praia de Maracaípe, no Litoral Sul. O Réveillon Maracaípe também contará com Natiruts, Lowriderm Sambão do Zé Pretinho e DJ Mau Lopes.
Os Gilsons conquistaram as playlists do streaming ainda em 2019, com o EP "Várias queixas" (2019). Com o sucesso, anunciaram um novo disco que deve sair no comecinho de 2022 e já lançaram dois singles, "Proposta" e, mais recentemente, "Duas Cidades". As novas faixas vão se misturar às que já são favoritas do público e, no show, o setlist deve contar ainda com algumas releituras de clássicos da MPB.
O JC conversou com Francisco sobre o início do projeto, as expectativas para o primeiro álbum, quais as influências e mais. Confira:
Entrevista com Francisco, d’Os Gilsons
Como surgiu a ideia para o projeto?
O projeto surgiu de forma 100% despretensiosa. A gente já tinha um projeto, já fazíamos música juntos, mas foi através de um show de um amigo nosso. Ele convidou eu e o José para fazer um show. De cara, já pensei em chamar o Johnny, que tinha um repertório grande de harmonias.
Vocês esperavam um retorno tão bom do público com os primeiros lançamentos do EP "Várias Queixas"? Como sentiram o feedback do público?
O EP "Várias Queixas" foi uma grande surpresa para a gente. Foi uma grande virada. Realmente, foi algo que atingiu as pessoas de uma forma que a gente não esperava. Então, tudo o que aconteceu com a gente, por ser um projeto com uma base despretensiosa, foi uma surpresa, mas uma surpresa muito boa, que alimentou o grupo e a nossa música.
O que podemos esperar do primeiro álbum do grupo?
O álbum é uma evolução, uma progressão disso tudo. Por que a gente continua com a mesma fórmula, a forma que a gente arranja, como criamos e subimos a canção. Começamos através dos violões, depois entram as programações eletrônicas, as percussões, os teclados, os trompetes. Continuamos com a mesma fórmula, mas com uma estrada de bastante aprendizado.
Existe um intervalo de quase três anos entre o lançamento do primeiro EP e o primeiro álbum. Existe algum motivo por esse intervalo mais longo numa época em que as músicas são lançadas mais rapidamente?
Nós lançamos o EP no final de 2019. O motivo desse intervalo de quase três anos foi a pandemia. Foi isso que fez a gente repensar tudo. Através da pandemia achamos uma fórmula para continuar alimentando nossa música, que foi através de parcerias. Os feats todos que fizemos, foram cinco: Mariana Volker, Julia Mestre, Big Up e Jovem Dionísio. Alguns projetos que fizemos ou participamos, como um dos Novos Baianos, do Acabou Chorare. A gente lançou uma com 'seu Gilberto', ao vivo, cantando no Coala.
Carregando, de certa forma, o legado de Gilberto Gil, como é equilibrar essa tradição com as novidades da música brasileira? Quais as inspirações do trio?
Sobre essa parte de carregar um legado, a gente não enxerga assim. Crescemos numa educação pessoal e profissional em que a nossa individualidade sempre foi muito respeitada e incentivada. Desenvolvemos tudo o que a gente tem para vida e para a música muito desse lugar. Também já existe um aprendizado de uma geração anterior à nossa, que já passou por isso: a minha mãe, Preta, e mãe do João, a Nara, são pessoas que já passaram por isso de serem filhas de Gilberto Gil e tiveram de enfrentar isso em suas carreiras. Então viemos de uma geração que lida com isso de uma forma leve. Não trazemos isso para a gente. Gilberto Gil só vai existir um. Bebemos sim dessa fonte musical, mas a nossa sonoridade é nossa. Misturamos com o que trazemos dos nossos tempos, as nossas inspirações são muito atuais também. Os artistas da nossa cena também alimentam muito a gente: Duda Beat, Luedji Luna, Baiana System e tanta gente nova que a gente gosta.
É a primeira vez dos Gilsons em Pernambuco. Como enxergam o estado e sua cultura?
É um estado que a gente pira. Tem uma base musical que alimenta muita gente. O som do Nação, as alfaias, o carnaval do Recife. Tudo isso está presente na nossa música de alguma forma, são inspirações. Viemos pra cá, o Nordeste brasileiro. É muito especial para a gente ter o nosso som se espalhando pelo Brasil assim. Então é uma alegria danada, expectativa pro show do réveillon tá lá em cima.