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PANTANAL: Fotografia estonteante e sintonia entre Irandhir e Renato salvam estreia, mas faltam ganchos para fôlego inicial

Produção entrega a estética prometida, mas ritmo lento pode prejudicar a conquista de novos públicos

Cadastrado por

Emannuel Bento

Publicado em 29/03/2022 às 1:50 | Atualizado em 29/03/2022 às 21:48
PANTANAL Pernambucano Renato Góes em cena de estreia da novela - TV GLOBO/REPRODUÇÃO

O Brasil voltou a mergulhar no singular bioma do Mato Grosso com a estreia de "Pantanal", principal aposta da TV Globo para 2022, na noite desta segunda-feira (28). De cara, a produção já entregou o que a direção artística tanto prometeu na imprensa: uma fotografia estonteante, que captura os cenários da natureza com destreza e as cenas corriqueiras com uma estética mais próxima do cinema. Difícil não lembrar de "Velho Chico" (2016), também de Benedito Ruy Barbosa com Bruno Luperi.

Também surpreendeu a sintonia entre os atores Irandhir Santos (Joventino) e Renato Góes (Zé Leôncio na primeira fase), ambos talentos pernambucanos. O companheirismo de pai e filho foi registrado de forma bastante natural graças à química proporcionada por bons atores. Mesmo evitando comparações, Irandhir rouba a cena com suas tiragens viscerais, com destaque para os takes em que enfrenta bois numa caçada Pantanal adentro.

NOVELA Joventino (Irandhir Santos) na primeira fase no remake de "Pantanal" que estreia dia 28 de março na TV Globo - JOÃO MIGUEL JÚNIOR/GLOBO

A cena emocionante ficou por conta do encontro entre Joventino e um velho peão, vivido por Paulo Gorgulho, que interpretou Zé Leôncio jovem na versão de 1990, da TV Manchete. Ele tocou um berrante como quem passasse o bastão para Irandhir.

Já a cena mais "ousada" foi a perda da virgindade de Zé Leôncio, que ainda na transição da adolescência pra vida adulta foi vivido por Drico Alves, ator de 19 anos. A sequência serviu mais do que para "apimentar" a estreia: deu maior naturalidade ao mostrar um momento tão íntimo com um tom consideravelmente realista.

Na estreia, a carga dramática ficou a serviço do núcleo composto por Gil (Enrique Diaz) e Maria Marruá (Juliana Paes), que vivem as injustiças e exploração do trabalho no campo.

REMAKE Juliana Paes vive Maria Marruá, personagem que foi interpretada por Cássia Kis e que cresce ainda mais na nova versão - JOÃO MIGUEL JR/TV GLOBO
REMAKE Zé Leôncio (Renato Goés) na primeira fase de 'Pantanal' - JOÃO MIGUEL JR/GLOBO
REMAKE Zé Leôncio (Irandhir Santos) na segunda fase de 'Pantanal' - JOÃO MIGUEL JR/GLOBO

Assim como a versão original, o capítulo teve um ritmo um tanto lento e mais contemplativo, fosse pelas paisagens aéreas, pelos diálogos mais reflexivos de Joventino e Zé Leôncio. Como o autor Bruno Luperi e o diretor Rogério Gomes já frisaram, esse remake é uma grande homenagem à obra de Benedito Ruy Barbosa, e esse é o estilo dele.

Contudo, para uma apresentação, talvez tenham faltado ganchos narrativos mais enfáticos para deixar o enredo mais amarrado logo de início. Isso precisa ser levado em conta ao considerar que nem todos os telespectadores possuem uma relação afetiva com o original. Nas redes, sobretudo no Twitter, muitos comentaram sobre um ritmo "arrastado".

Talvez essa "amarração" mais eficiente seja essencial para aproximar o enredo clássico de novos públicos nessa adaptação moderna. Como é natural das novelas, apenas o caminhar do folhetim mostrará se isso ocorrerá.

"Pantanal" ainda conta com direção de Walter Carvalho, Davi Alves, Beta Richard e Noa Bressane. A produção é de Luciana Monteiro e Andrea Kelly, e a direção de gênero é de José Luiz Villamarim.

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